quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ressuscitando o Romance

Acabou o romance. Jogaram fora, no ralo, o deixaram de lado, de castigo, ou em baixo do tapete. Assassinaram o romance e deixaram esse tal de “lance” sem muita definição no dicionário tomar conta do pedaço.
Quem acha que o mundo enlouqueceu e não sabe por que, entenda que é, porque acabaram com o romance. Não sei “quem acabaram”, mas que acabaram, Ah! Acabaram. Flores nunca mais, poemas só na época do colégio e o mistério foi desvendado pela internet. 
O romance foi sufocado e suprimido pelo dinamismo, afinal ele precisa de espaço, criatividade e tempo para existir. Nos filmes antigos o mocinho avistava a mocinha e estava lançado o romance. Naquela época um nome, uma informação era custosa, tinha que se descobrir, conquistar. E nesse período de descoberta, a imaginação era ativada. Sonhos eram criados, projeções eram feitas e aquela situação - real ou não, passava a existir.
Quando se “romanceia” as coisas, mais receptivo, aberto, tolerante ficamos. Tudo se torna mais colorido e poeticamente interessante.
Hipoteticamente receba uma barra de chocolate enrolada em um guardanapo; e outra igualzinha em uma caixa dourada, com papel de seda e laço de fita. O chocolate é o mesmo, e o sabor deveria ser também. Mas, será que é? Nossas percepções do mesmo são completamente diferentes, dependendo do contexto. No primeiro caso - o do guardanapo, nosso paladar é um, e ficamos em duvida quanto à qualidade e sabor. Nivelamos por baixo aquele mesmo chocolate. No caso da caixa dourada, papel de seda e fita, toda aquela imagem romântica do chocolate, faz com que nosso paladar fique até belga. Quando somos seduzidos, nivelamos por cima, saboreamos de forma diferente e temos até diferentes sensações.
Hoje não dá mais tempo de se ter romance, até porque o primeiro beijo já virou beijo de despedida, o amor de uma vida inteira, de uma noite apenas, o descobrir aos poucos foi publicado no Facebook e o mocinho fica com a mocinha no início e não mais no final.
A realidade sem romance fica blasé, comum, descartável e substituível – dona de qualquer um. O romance é o que falta para você ficar a fim de mim e eu de você. Assim como no exemplo do chocolate; conheça a mesma mocinha “na noite” e num ambiente familiar. A mocinha é a mesma, mas a sua percepção, será que é?
Pois é, matamos o romance e quem perdeu foi o mundo. Tiramos o 3D da imaginação para viver a realidade estática do cotidiano comum que poderia ser incomum.
Pensei que o difícil era escrever um romance, mas to percebendo que hoje o difícil é viver um romance. Por isso, lancemos a campanha “Ressuscitando o Romance”, nem que seja aquele assim, meio de lado, já saindo... e só com você.

Um comentário:

Enrico Araújo disse...

Talvez eu seja o último romântico. Entreguei uma rosa para minha namorada hoje.