quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O que você faria?


Nada como juntar um grupo de amigos em algum bar para as histórias mais peculiares virem à tona. Num curto espaço de tempo, ou de horas, ou de litros de cerveja, o festival das bizarrices vividas, por você, eu, fulano, sicrano e até seres lendários ou imaginários, é iniciado como se fosse uma competição surrealista de pegadinhas do Faustão (isso ainda existe?).

Esta semana não poderia ser diferente. O campeonato “Escuta essa!” teve como ganhadora a seguinte história:

Um homem na faixa dos seus 30 e alguma coisa anos; nem rico - nem pobre, nem nobre - nem “proleta”, nem culto - nem burro; queria impressionar uma super interessante mulher em um jantar a dois. Fez o dever de casa e a dica passada foi: “Leve-a para jantar no Hotel Fasano”. O homem, nem lá – nem cá, achou que a super interessante mulher merecia esse tipo de investimento e lá eles foram para seu primeiro e impressionante encontro. Papo vai... papo vem... pratos escolhidos, mas a carta de vinho de “450 páginas” (que só esses lugares com uma bela enoteca têm), fica nas mãos do nem lá nem cá homem. Até porque, nem ele mesmo sabia onde queria estar com as mãos e olhos.

Vinho escolhido e a noite fluía bem até a vinda do maître: “O senhor vai querer este vinho, mesmo?”. Sem pestanejar, ele: “Claro!” e continuou o papo com a super interessante mulher. Passado um tempo volta o maître com mais um garçom: “Senhor, o vinho já está no ponto, posso mandar abrir a garrafa?”, ele: “Claro!” e continuou o papo com a super interessante mulher. O maître: “Senhor, estamos abrindo a garrafa”. Irritado, o nem lá nem cá homem, quase falou: “Abre logo a porra dessa garrafa!”, mas sorriu e agradeceu ao atencioso maître, que e finalmente abriu a garrafa!

Vinho suave, mas nada demais, comida gostosa, mas nada demais e a super interessante mulher depois de algumas horas se apresentou como nada assim tão demais também. O nem lá – nem cá homem até pensou em pedir outra garrafa, mas aquela saída já estava de bom tamanho! E apesar de nada assim tão demais, valeu o programa e quem sabe até uns beijos (coisa que ainda não tinha rolado).

A conta é pedida e prontamente o maître a entrega nas mãos do nem lá – nem cá homem, que ao abrir se depara com o valor: R$14.320,50! Isso mesmo, quatorze mil e trezentos e vinte reais e cinqüenta centavos!

Pálido, o nem lá – nem cá homem, agora mais para lá do que para cá, chama o maître:

- Desculpe, mas deve haver algum engano nesta conta!
- Não senhor.
- Como não?
- Senhor, o vinho escolhido foi de uma safra rara, um dos mais caros da casa.
- Como assim? Eu escolhi um vinho de R$140,00!
- Desculpe senhor, mas o vinho escolhido custa R$14.000,00. O senhor deve ter visto errado. Por isso até viemos nos certificar de sua escolha, pois os grandes degustadores costumam seguir um ritual, perguntar sobre a história do vinho, ou mesmo contá-la.... mas, a partir do momento que o senhor nos autorizou a abrir a garrafa, abrimos.

Naquele momento, o mundo parou, e o nem lá – nem cá homem caiu em prantos como uma criança. Como se tivesse levado um tiro no peito. E sem qualquer reação ali ficou parado e chorando em pratos. Ali ficou também, sem qualquer reação, o maître e a não mais super interessante mulher.

Aí eu pergunto: O que você faria em uma situação como essa?

Confesso, que eu literalmente não sei! Mas, primeiro agradeci a Deus por ser mulher, pois numa situação como essa no máximo poderia comentar: “Poxa, ao invés de termos tomado este vinho, podíamos ter ido a Europa”. Mas, como não sou tão má assim, jamais falaria isso! E depois pensei: Ainda bem que nesse botequim o chopp mais caro custa R$3,80!!

*Obs: A conta foi paga.

Meu Mantra

“Ham-sa” - Eu sou isso.
Inteira, quadrada, redonda, enrolada.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Atrasada, antecipada, complicada, relaxada.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Agui-doce, ácida, apimentada, destemperada.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Avançada, engraçada, desconfiada, estressada.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Dama, puritana, mundana, putana.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Certa, errada, incerta, esperta.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Nobre, brega, popular, singular.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Brisa, furacão, vulcão, trovão.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Silêncio, alarme, música, grito.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Autêntica, plágio, verdadeira, falsa.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Vício, doença, cura, loucura.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Amor, ódio, paixão, solidão.
“Ham-sa”- Eu sou isso.
Menina, mulher, bem me quer, mal me quer.
“Ham-sa”- Eu sou isso.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Empacotando a Utopia


Outro dia estava conversando com alguém muito especial, aliás, mais do que especial que me disse: “Ana, às vezes acho que o que você está buscando é uma utopia”. Falávamos de um assunto pontual e na hora pensei: “Helllooo pessoa mais do que especial, eu só quero ser, ou me sentir mais feliz. Que utopia há nisso?”

Confesso que o que ouvi na hora não fez muito sentido para mim, até porque na hora o comentário soou como um acomode-se! Mas, de qualquer forma aquela palavrinha Utopia, não saía da minha cabeça. Por que querer mais pode ser uma concepção irrealizável, fantasia, ou um lugar que não existe?

Passei alguns dias digerindo aquela informação e comecei a ver sentido naquela frase, não só no assunto pontual, mas em um contexto maior. Realmente a utopia em alguns casos explica e consolida a síndrome da insatisfação - síndrome em crescimento exponencial no mundo atual. Pessoas que tem tudo para serem felizes e que teimam em não ser. Problemas, desilusões, stresses, sempre existirão. Problemas de família, de trabalho, de cabeça, de amor, de relacionamentos, fazem parte do nosso dia-a-dia comum.

Em todos os “pacotes” da vida existirão percalços e imperfeições. Alguns podem ser resolvidos, outros nem tanto – mas, administráveis. Os não toleráveis aí sim, devemos pesar e pensar no que fazer. Porém, muitas vezes pegamos um “pacote” cheio de bônus e só focamos nos “ônus”, e passamos a querer e a idealizar outros “pacotes”- aparentemente melhores. Achamos que merecemos mais e que não podemos estar felizes, ou aceitar que estamos felizes com o(s) “pacote(s)” atual(is). Será que isso é o que chamamos aqui de utopia?

Comecei a entender o que essa pessoa mais do que especial queria me dizer: “Ana Flávia você já é feliz, para quê ser mais agora? Curta isso!”. Esse entendimento me fez lembrar uma peça de humor “Nós na fita”, que contava uma história de um cara que morreu tentando bater o próprio recorde! E os atores ironizavam, dizendo que o cara merecia morrer pela burrice. Para quê ele precisava bater um recorde que já era dele?

Por conta da ansiedade, muitas vezes vivemos nessa função de bater nossos próprios recordes! E muitas vezes somos benevolentes com os outros e “Hitler” com nós mesmos. Nos sufocamos até ter certeza que não estamos felizes e que precisamos fazer, ter e ser - mais e mais, para aí sim encontrar a felicidade. Só que nessa corrida “atrás do rabo” utopicamente não a encontramos, pois sempre ficará faltando alguma coisa.

Resolvi parar... é parar. Coloquei todos os meus “pacotes” em cima da cama e os abri. Olhei, um a um sem misturar as coisas – pois é típico descontar ou transferir um “pacote” para outro, ou outros. Analisei todos com seus ônus e bônus. E, excluindo as conclusões que não cheguei, entendi que: não se tem tudo num “pacote” só; que a felicidade não está nos pacotes, mas sim dentro de nós - é só querer enxergar; que muitas vezes vamos precisar de tempo para chegar a alguma conclusão; e que na vida podemos aplicar o método, ou ferramenta de melhoria contínua GUT (Gravidade Urgência e Tendência), pois o que não for Grave, Urgente e Tendencioso hoje, foda-se!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Páginas em Branco para 2009

Toda vez que vou escrever, abro uma página em branco. Muitas vezes nem percebo que a página está em branco, porque já chego cheia de idéias, textos, vivências e pensamentos digeridos, prontos para ganhar forma em palavras - quase como se tivessem vida própria. Outras, olho, olho, olho para a página em branco e ela fica lá, horas sem uma frase se quer. Às vezes até tenho o assunto em mente, pesquisas e os sentimentos no peito, mas falta à vontade; aquela inspiração que faz toda diferença e dá a “bossa” ou o sentido da idéia principal. Quando isso acontece; ou espero a inspiração chegar - ter “o click”, ou começo a escrever quase que como um esforço, até a forma aparecer e as idéias tomarem sentindo. Leio, releio, apago, refaço.... às vezes até desisto e deixo “aquele” texto de lado e começo outro, ou tudo de novo - e nem sempre fica bom.

Hoje me dei conta que 2009 começou - e resolvi pensar sobre isso. E Você? Já se deu conta que o ano começou? Como o lindo texto do Tempo de Carlos Drummond de Andrade - que aliás, recebi várias vezes em mensagens de fim de ano - Alguém resolveu cortar o tempo em fatias e dar o nome de ano e esse mesmo alguém genial, nos deu mais 12 fatias de tempo - de novo! E vamos ter que fazer alguma coisa com isso, ou com ele. Já pensou também, que o tempo estar dividido em fatias pode não ter diferença alguma para mim, ou para você, pois o tempo de “nossas” vidas pode ser até atemporal?

Bom, para os que estão achando que usei drogas e comecei a escrever esse texto, fiquem tranqüilos! Não usei, ou uso drogas, muito menos sou a favor delas e de sua liberação. Confesso, que tenho minhas manias e vícios, mas nada que dariam origem ao parágrafo anterior, e sim a crônicas sobre compulsão feminina, estouro no cartão de crédito, como emagrecer em 5 dias e engordar em 1 - entre outras do gênero. Mas, a sensação que tenho é que para mim 2009 começou como uma página em branco. Olho para ela, ela olha para mim e fico meio sem saber ainda o que fazer. Percebo que tudo pode acontecer, inclusive o nada da “mesmice” de sempre.

Aí você pensa ironicamente: “Nossa! Que texto animador para início de ano!”.

Animador sim! Não é uma maravilha você olhar para uma página em branco e escrever a história da sua vida do seu jeito, ou de sua deliciosa rotina? A página em branco pode ser todo dia, pode ser dividida em fatias. A inspiração pode chegar em janeiro para algumas coisas, em maio para outras e a transformação só lá em dezembro, ou nunca. Por isso, que digo que o nosso tempo muitas vezes é atemporal.

Mas, para mim aos pouquinhos, quase como um esforço, percebo que em 2009 quero deixar alguns textos da minha vida lá no arquivo das lembranças ou no "Top 10", outros ainda inacabados, alguns ainda para reler, outros para acabar, uns para esquecer, outros para jogar fora... mas, muitos, muitos completamente em branco e abertos para deixar fluir toda a inspiração, sentimento e vontade que existir dentro de mim. E que 2009 siga com muitas novas páginas – coloridamente escritas por nós!