segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Um dia qualquer

Acordei e tudo estava cinza. Onde foi parar o colorido, o cheiro de flores? Onde foram parar as flores? Olhei de novo e tudo estava cinza, apático, fosco, sem vontade. Andei pelas ruas, as vozes eram ruídos distantes. Tava tudo pardo, sem expressão. Peguei o metrô e vi apenas uma neblina de pessoas, sons confusos, nada a prestar atenção. No caminho passei zumbi entre os transeuntes, estranhos sem vida, sem reflexos. Liguei o computador, respondi com letrinhas frases organizadas para algumas desorganizações. Olhei na janela, e continuava cinza.  O tempo passou e algumas respostas binárias foram dadas: sim, não, não sei... Não sei de onde veio todo esse cinza sem explicação. Vi alguns sorrisos, mas para mim, estavam distantes. Não sentia nada, apenas a sensação cinza. Meus olhos pesavam, a cabeça também, nos ombros, uma mochila. Olhei no relógio e ainda faltavam algumas horas. Até o andar de volta a casa, estava difícil, sem energia. Olhava para o céu e só via o cinza. Perguntei para Deus o que era esse cinza, e ele respondeu: Hoje é Segunda-feira!
 
Nem todos os dias são coloridos e nem todos os dias são cinza, mas para cada cinza nosso de cada dia existe uma aquarela de cores para pintarmos o que quisermos... nem que seja a cara de um palhaço.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Dois a sós


Outro dia um amigo quis sair para conversar. Fomos à praia, afinal o cenário do Rio de Janeiro, Ipanema, sol e agora horário de verão, super convidativo.

Praia com os amigos é sempre muito, muito bom, confesso que às vezes peço a São Pedro que coloque uma chuvinha no final de semana só para que eu possa dormir sem culpa, não sair dos lençóis, sem culpa e não fazer nada, sem culpa. A culpa é uma das maiores administrações dos seres humanos - carioca Zona Sul, ou não.

Bom, o papo era meio comum em tempos modernos. O amiguinho conheceu uma mocinha encantadora e se encantou, porém o amiguinho complicado que só, preferia ficar só para se encontrar. Disse estar focado em seu momento profissional, com pouco tempo de término de um relacionamento de longa data, uma unha encravada e qualquer outra colocação para justificar ou preencher seus argumentos.

Lá fiquei eu a ouvir, pois de longa data, neste caso, é a nossa amizade e de curta e grossa só tem essa história do: Preciso ficar sozinho.

Qual o ser humano que não quer aprender a ficar sozinho, mesmo sabendo que não quer ficar sozinho?

O nome disso é autopreservação.

A vontade de solidão é o hiato anterior de uma vida a dois que se quer viver, ou pequenos espasmos quando se está sufocado. Aprendemos a ser sós, por necessidade ou por uma escolha em não ficar com qualquer um - o que é bem diferente.

Querer ficar sozinho é uma necessidade de silêncio, ou poder esconder do outro coisas que gostaríamos de esconder de nós mesmos – algo que não pode ser compartilhado, quase que um segredo. Saber viver bem, só, é a capacidade de comunicar consigo mesmo, trocar, sem a necessidade de depender do outro para ser você.

Se espremermos tudo isso, cheio, vazio, só, a sós e solidão, chego à conclusão que o que está em questão não é uma vida a dois, mais sim um amor a dois.

Porém, em terra de analfabetos, fazer que com que os seres humanos que ainda estão no pré escolar do amor entendam o Abecedário da Xuxa, é uma bela missão.... ainda bem que está sol.