sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A "Festa da Carne"

É engraçado como 4 dias de Carnaval podem causar tantos impactos na vida pessoal, social, comercial, emocional e econômica. O período de Carnaval é um divisor de águas para muitas coisas, onde há tempos seu propósito: marcar as restrições da quaresma através de dias de liberdade com a festa da carne - ficou ou não no esquecimento. Bom, a festa liberta da carne, com certeza não caiu no esquecimento, aliás se proliferou por todo ano; não dando nem tempo para qualquer tipo de quarentena.

Longe de mim ficar explicando a origem do Carnaval e seu propósito Cristão, porque se Jesus Cristo fosse hoje a Salvador, aí aí acho que até ele se perdia! Até porque, poderia jurar que não era ele, mas sim alguém fantasiado dele.

O Carnaval tem uma magia lúdica, colorida e magnetizante, que somada ao espírito Brasileiro - não Cristão, tomou essa proporção, diferentemente de muitos países.

A festa toma conta das cidades e arrasta milhões de foliões pelas ruas. O Carnaval tem poderes que até ele mesmo desconhece, onde mulheres e pessoas se preparam o ano inteiro como uma profissão. Namoros, relacionamentos terminam, ou começam. Comércios sobrevivem. Pessoas morrem, ou são geradas. Histórias, risadas, viagens, amizades, amores, músicas, passam a existir. Mentiras, verdades e frustrações acontecem. E até o próprio calendário anual é guiado pelo Carnaval. Enfim, essa pequena-grande festa gera um “samba” e tanto em nossas vidas!

Para cada pessoa o Carnaval tem um peso – uma representatividade. Para uns é quase um exorcismo, sinônimo de luxúria, liberdade, curtição até a última gota. Para outros, oportunidade de relaxar, aproveitar essa energia magnética contagiante para recarregar as energias de outra forma. Não existe regra, mas querendo ou não todos se preparam para o Carnaval. Ele faz parte de nós brasileiros. Até os desgarrados que estão fora, em lugares sem Carnaval, sofrem nesse período por estarem longe, ou dão um jeito de estarem perto.

Não dá para não se contagiar com a alegria, com a energia positiva, com a festa, confete e serpentina. O Carnaval tem música, som, forma, cor, cheiro e muita gente feia. Nossa! Como tem gente feia! Mas, mesmo foliando no maior banheiro público do mundo, misturado com gente feia, ao som de marchinhas da “era do ronca”. O Carnaval tem a capacidade de nos fantasiar, transbordar almas, e transformar gente feia em “meu bem”, cheiro de xixi em aroma do campo, marchinhas em mantras, Salvador em Ibiza (mais caro é claro!) e até Búzios em Malibú.

Como diz o comercial da Skol, Carnaval é para “bobos”, para rir da vida. E, se você não vai esticar semana a dentro; sinto lhe dizer, meu caro: que a folia acabou e amanhã é dia de juntar as cinzas da carne, da liberdade, da ressaca alcoólica e moral - para de quarentena ou não “começar” o ano.

Mas antes disso, só aqui entre nós: “Foi bom para você?”

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O GPS da Vida

Cada vez mais usamos o GPS para nos levar a caminhos que não sabemos ou lembramos como chegar. O meu, que já veio com nome de Fábio (por pura sina ou não), parece ter vida própria, e por mais que eu decida fazer um caminho que acho melhor, ele decide por outro sem qualquer lógica aparente, ou cerimônia - eu querendo ou não. Porém, muitas outras vezes também, ele me salva quando estou completamente perdida, simplesmente me guiando.

Analogias a parte, a vida não tem sido de certa forma assim?
Hoje terceirizamos as atividades do dia-a-dia, muitas vezes as ideias e até as emoções. Deixamos os aplicativos práticos nos guiar, a vida no piloto automático e seguimos sabe lá Deus como. Pior que isso, devido à urgência, dinamismo, excesso de tudo e falta de tempo, seguimos na vida como os GPSs, através dos caminhos: rápidos, curtos e fáceis.
Nem sempre o caminho mais rápido é o mais curto e fácil, porém chega logo. Já o mais curto, nem sempre é o mais rápido, ou fácil, porém vai direto ao ponto sem rodeios. E o mais fácil, esse é fácil, nem sempre chega mais rápido, ou é curto, porém requer pouco ou nenhum esforço.
Aí pergunto novamente, seguimos na vida muito diferente de nossos GPSs (existe plural para GPS?)?
Quando vamos fazer um curso, escolhemos normalmente o com melhor conteúdo no menor prazo. Quando os cursos são longos, às vezes não fazemos, pelo simples fato de não sabermos como estará as nossas vidas, em poucos meses, ou anos. Assim como outros inúmeros compromissos mais duradouros. Não estamos nem mais fazendo contratos de locação sem a clausula para sair sem multa em 12 meses, pois tudo pode mudar em um ano. Pior que isso é não queremos mais fazer as compras a prazo, mesmo a juros 0, pois antes de terminar de pagar já queremos substituir o que compramos. Queremos dietas mais curtas, roupas mais curtas, histórias mais curtas, matérias mais curtas e até cabelos mais curtos, por serem mais práticos. Descobrir aos poucos, ou viver tudo numa noite só? Na noite, você investe seu tempo naquela bela menina tímida na dela, ou na outra que já te olhou e perguntou “Qual o seu nome, Bonitão?”. As mais fáceis, as da lei do nenhum esforço sempre ganham – sem discussão.  E na hora H, com ou sem camisinha? Fazer comida, ou comprar pronta? E por aí vamos, nesse GPS da vida de modelo rápido, curto e fácil.
E nos tornamos o quê? Práticos ou rasos?
Paradoxalmente a esta urgência simplista, estagnamos na superfície do que poderia ser denso, profundo e construído. Deixando grandes possíveis conquistas de lado, grandes sonhos de lado, grandes amores de lado. Terapia ou o Rivotril? Fugir ou conversar? Viver uma vida saudável ou cheia de anfetamina? Amar ou ter várias momentâneas paixões? Ter um filho ou ter sobrinhos? E por aí vamos boiando nessa superficialidade, ao ponto de não mais aprender ou perceber os caminhos possíveis que nos cercam. Se sempre soubemos que viver não é rápido, curto ou fácil, como podemos buscar essa praticidade linear, que quando retratada em um eletro cardiograma representa a morte?
Por isso, busque desligar um pouco o GPS da vida para criar, experimentar e errar seus próprios caminhos e não passar uma vida inteira numa linha reta sem sequer perceber o que tem ao redor.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O Caldo do Amor


O que é o amor? Algo que se constrói, conquista, invade, sente, ou tudo isso? Passamos a vida tentando encontrar o amor, como se ele fosse um prêmio, uma dádiva de Deus. Na verdade, acredito que o amor é um prêmio, uma dádiva, mas não de Deus, e sim uma escolha que escolhemos nos dar.

Existem vários tipos de amor e várias formas de amar. A palavra amor, segundo algumas fontes, pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo e libido. O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém.

Segundo o apóstolo Paulo, “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (I coríntios 13: 4-7).

Linda a definição de Paulo, mas creio que a melhor definição de amor é aquela que sentimos. Será que precisamos viver uma “vida inteira” para encontrar esse “bendito amor”? Ou será que não somos nós que complicamos, rejeitamos, não enxergamos, ou fugimos desse “tal amor”?

Falando especificamente do amor romântico: Por que quando ele aparece ou sua possibilidade, nós praticamente congelamos, analisamos, pensamos, questionamos, fazemos estatísticas, comparações, fórum com as amigas e até promessas - só para ter a certeza de que se algo sair diferente do esperado, poderemos dizer: “Eu já sabia!”? Buscamos o amor ou em ter a razão? Hoje descartamos muito rápido e fácil as possibilidades de amor, de amar de ser amado. O amor está que nem a Lei Seca – Tolerância Zero!

O amor é uma conquista diária. Um conhecimento diário. Mas só querendo muito, que esse conhecimento diário se transforma em uma conquista diária. Um amor não acontece em qualquer esquina, pode até aparecer em alguma esquina, mas não se resolve em qualquer uma delas. Seria diminuir muito um sentimento tão grandioso.

Só podemos comprimir uma história até o ponto de encerrá-la só depois que ela dilata, e por completo. Nesse dilatamento podemos ver, avaliar, sentir, tolerar, questionar, repulsar... e quem sabe escolher, deixar amar ou deixar de amar. O amor pode ser construído sem sentir, sem desgastes. E quando isso acontece não há coisa melhor, são os famosos encontros eternos e “inexplicáveis”. Ou seria totalmente explicável?

Se alguma possibilidade de amor “bater a sua porta”, deixe-a entrar e aplique a simples teoria de uma grande amiga: a teoria do “Pé de Porco” – que após ser “recriminada” com olhares tortos para o cara que estava saindo pela primeira vez para jantar, pois ele havia pedido uma sopa (por conta de uma dieta do sangue que estava fazendo), disse: “Tô nem aí se ele come sopa ou Pé de Porco! O Conheci ontem!”.

Se levamos uma vida inteira para nos descobrir e nos conhecer – isso que convivemos com nós mesmos 24 horas. Será que devemos rotular, descartar, desvalorizar alguém dando menos valor que um prato de sopa, só por achar que não vai render nenhum caldo?

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ESCOLHAS

Nascemos pequenos, nus, sem dinheiro, sem saber por que ou para quê. Somos literalmente jogados na vida sem lenço e documento, com apenas uma certeza; que da mesma maneira louca que viemos ao mundo podemos ir embora, sem data ou hora, nós e todos ao nosso redor, sem privilégio aparente algum.
E o que fazer com esse tempo? Simples... a gente escolhe. 
A gente escolhe amar, a gente escolhe ser feliz, a gente escolhe reclamar, a gente escolhe dizer não, a gente escolhe dizer sim.... a gente escolhe dizer que não teve escolha, a gente escolhe aprender a viver uma vida que a gente não escolheu ter, mas principalmente a gente escolhe mudar os fatos que não nos deram escolha. 
A gente escolhe a cada segundo, desde a hora de levantar da cama e até a hora de dormir, inclusive dormir e quanto dormir... não existe desculpa para as "não" escolhas, porque a não escolha já é uma escolha, até o Ateu escolheu não acreditar em nada e acredita que nada acredita.
A gente escolhe deixar alguém entrar em nossa vida, assim como, a gente escolhe deixar esse alguém ir embora, e quem sabe ficar se lamentando pelo resto da vida pela escolha de não fazer nada além de se lamentar; tudo isso, porque a gente escolhe mostrar a real importância do outro para nós, ou não. 
A gente escolhe brigar, a gente escolhe fazer as pazes, a gente escolhe sorrir, a gente escolhe criticar, a gente escolhe elogiar, fazer diferente, ter resultados diferentes. A gente escolhe o "timing" das coisas, assim como a gente escolhe acreditar que não era o "timing", mesmo sabendo que nunca vai existir o momento certo, ou situação ideal, isso é a utopia, que a gente escolhe e defende veementemente em acreditar.
A gente escolhe se enganar, se enganar, se enganar, e se enganar até acreditar que não se enganou.
Não existe homem perfeito, mulher perfeita, família perfeita, amigos perfeitos, emprego perfeito, cabelo perfeito, corpo perfeito, até porque você também escolhe o que é perfeito e o barato da vida está justamente aí, na imperfeição, nas diferenças, nas escolhas que podemos fazer para mudar a chuva de acontecimentos, fatos e sentimentos que desmoronam em nosso caminho.
Cabe a nós escolher pular, agarrar, jogar, se jogar, conquistar, se dedicar, invadir, repelir, expulsar, exorcizar, viciar, gozar, derramar, reclamar, chorar, sentir, engolir, comer, resistir, fugir, rir, continuar e até cansar.
Cabe qualquer coisa que pareça ser certa para nós e que faça valer o detalhe mais importante de nossa lápide, o hífen entre a data que nascemos e o dia que formos embora!