domingo, 11 de maio de 2014

Não me toque no assunto

Hoje é o dia delas, de quem amamos e quem queríamos ser.  Ou não. Muitas mulheres não são mães, e não são por motivos diversos. Cada não mãe tem a sua história, uma razão.

Às vezes o tempo passa, o pai não aparece, e o corpo mesmo lembrando envelhece e diz que não era para ser.

Às vezes a gente tenta tanto, mas tanto, aí vem o corpo e diz pra parar de tentar.

Não ser mãe é sempre uma escolha, mesmo quando não se tem escolha em não ser.  

E por mais que as decidas de plantão decidam em não ser, não ser mãe é a mais difícil decisão das decisões, pois tem uma tristeza cobrada de dentro para fora, de fora para dentro, definitiva.

Não ser mãe é quase um defeito, um deboche, um problema, uma falta de amor, ou uma maldição. Tem até um não me toque no assunto, afinal ser mãe é da natureza do querer e dever da mulher.

Mas quem disse que toda mulher deve ser mãe? Ok. Deus. Já os psicólogos dizem que a ausência de amor de mãe é o pior trauma que o ser humano pode ter.

Amor deve ser amado, querido de querer, doado de doar e dado sem pedir para receber. Mãe deve estar disposta a morrer por essa semente, ser capaz de amar sozinha sem a necessidade de ser fruto de um amor, ou do medo das dívidas.

Porém o mundo mudou, ficou bagunçado, mexeram na cronologia do tempo. O amor se desencontrou, o corpo ficou perdido esperando, as incertezas roubaram o espaço das maiores certezas da Terra e tudo ficou caro, muito caro. Caro e duro, duro e vazio, esquecido de preencher.

É por isso que hoje escrevo para você não mãe, com todo o meu entender e respeito em qualquer que seja o motivo escolhido, ou não. Para qualquer dor e desejo que exista, ou não. Para um óvulo congelado, ou não. Para um amor não encontrado, ou não. E até para o querer não achado.

Afinal todas somos mães, nem que seja a mãe nossa de cada dia. Somos mulheres, ora bolas! E toda mulher já nasce mãe.


Feliz dia das mães a todas as mulheres.