terça-feira, 26 de novembro de 2013

A revolta das Luluzinhas

Na minha época, Lulu ou Lulus era como chamávamos os encontros das meninas - por conta da história em quadrinhos. Nos reuníamos para contar sobre os amores, sonhos, roupas da moda, tratamentos estéticos, brigas de família, conjugais... até hoje nos encontramos para jogar conversa fora, beber, rir, chorar, estar juntas e comer brigadeiro.

Na minha época as coisas eram mais puras, tinha poesia, mistério, o descobrir aos poucos.... e a brincadeira mais ousada era pera, uva, maçã ou salada mista?

Falando assim, parece que a minha época faz muito tempo, mas nesse pouco tempo que passou, ficou tudo assado, misturado, azedado, conturbado, desrespeitado.

Na época de hoje, chamada de tempos modernos, adolescentes se matam por causa de vídeo erótico no youtube, fazem micareta online pelo Tinder e dão notas aos mocinhos no aplicativo Lulu – a mais nova sensação nos celulares das mocinhas.

Sem pedir licença, até onde a conectividade das redes sociais vai chegar? O facebook virou um DNA pessoal, sem direito a defesa. Será que em algum momento isso vai colapsar? Porque definitivamente passamos dos limites.

Às vezes olho para mim e para o celular; e quando olho para mim, sei que a mocinha do espelho não é, não sente e não vive aquela mesma vida do celular... ela é muito mais real que aquilo, ela sofre muito mais que aquilo, ela é muito mais espontânea que aquilo, ela transborda muito mais que aquilo, o cabelo dela é muito mais enrolado que aquilo, mas principalmente ela sente, sente profundamente mais que aquilo que está estampado nas fotos e nos comentários que caem bem, ou que fazem rir. Será que estou começando a ficar com medo do que estou criando ali dentro? 

Coloco o texto na primeira pessoa, porque sei que a minha pessoa é pessoa como a sua, e todas essas pessoas que criamos, infelizmente hoje fazem parte de nós para completar a pessoa que não somos e que gostaríamos de ser. 

Tirando o LSD, porque é isso que essa conectividade faz: vicia e alucina, peço de verdade um STOP para pensarmos a que ponto o desrespeito, a invasão de privacidade e a falta de sabedoria no uso das redes sociais chegou.

Um dia, não tão distante, até os passarinhos e o mar passarão despercebidos aos olhos nos celulares... e então passarinho. 

Esse aplicativo Lulu, além de ser infanto-juvenil demais, é a materialização de tudo que nós mulheres temos que lutar contra. É dar tiro no próprio pé e depois é a gente que sai mancando. Legal, incomodamos os homens, chamamos a atenção deles, mexemos no ego, nos brios e na virilidade, mas para quê? Agredir deliberadamente é agredir a si mesma, porque só responde a um aplicativo desses quem quer desesperadamente um amor, mas se sente tão ferida que precisa agredir de alguma forma os cretinos que não a amaram.  

Ou você acha que esse aplicativo é mesmo um clube da Luluzinha para ajudar mocinhas, desconhecidas encalhadas como você a não serem enroladas por Bolinhas malandros que nos mesmas criamos? #mulhernãoajudamulherquandooassuntoéhomem,chuchu.


domingo, 10 de novembro de 2013

O Rei do Ser


Esta semana circulou pela Internet o vídeo da reportagem da Veja de SP "Rei do camarote". Motivo de chacota nas redes sociais, o mocinho do camarote deve ter ficado bem orgulhoso da sua popularidade, mesmo que negativa, criada. Afinal como falar bem de quem aparentemente não ter nada de bom? 

Tendendo ao infinito percebo o quão vazias as pessoas podem ser por uma vida inteira sem que sintam e percebam algo meio obvio: de que elas precisam SER para TER e não o contrario.

Os camaroteanos, micaretomianos, emergenteanos, ou qualquer termo passível de conjugar ou criar que se baseia na matemática: tenho, logo existo - se enchem dessa felicidade comprada que não preenche nem um saco de pão. A vida é feita de um feedback natural, genuíno, equilibrado entre o receber e compartilhar.

Meu pai sempre me ensinou que o conhecimento de nada te vale se não passado a diante. E talvez seja por isso que escrevo; para passar, somar, multiplicar o pouco do que recebi. Penso e sou. Se sou, logo tenho o resultado do que sou. E esse resultado reconhecido de mim é a felicidade que sinto pelo que sou. (Duvido que o Rei do Camarote conseguiria entender esta frase, mas tudo bem).

Outra boa equação é pensar nos resultados gerados pelo serzinho ou serzão que você é. Gostou do que viu? 

Deus não deu o azar de ter dado a sorte a este serzinho do camarote. Ele apenas deu recursos para alguém que precisa ter, a qualquer custo, para existir. Apenas os vazios precisam encontrar fora o que nunca vão construir, acho que nem a capacidade de entender ou estudar para aprender ao menos o português, dentro.

Fora, dentro, dentro ou fora do banheiro; o importante entre ser e ter é que o menos é mais para quem tem a capacidade de ser maior... tim tim!