segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mural do Mundo


Até que ponto a exposição de nossas vidas na internet é bom, ruim ou importante para nós? Até que ponto participar, interagir e compartilhar das redes sociais nos faz pessoas melhores e felizes?
Nossas vidas tornaram-se um mural do mundo. Críticas a parte ao excesso de exposição, ou a nova moda, a carência cibernética... acredito que fazer parte desse enorme mural, nos faz pessoas mais realizadoras e quem sabe até mais felizes. Até porque muito de nossa exposição é a gente que faz.
A necessidade move o homem, o marketing e a competição também. Hoje ninguém quer ser um “loser cibernético”, ou um “Zé ninguém do mundo virtual”. Vivemos numa nova sociedade, aliás, não mais tão nova assim, chamada - sociedade virtual. Na época de nossos pais, as pessoas não se encontravam nessa “tal internet”; e agora até nossos bichinhos de estimação já tem suas próprias redes sociais.
Não tem mais jeito, estamos conectados uns aos outros. Temos sim uma vida social na internet e nosso “pedigree” esta listado no Google. A internet virou nosso cartão de visitas, ou “queimação de visitas” e querendo ou não ela inconscientemente vira um catalisador para muitas realizações nossas.
Por exemplo, se fizermos uma busca de nosso nome no Google e não aparecer qualquer referencia, não é estranho? Como assim não realizamos nada, não passamos num concurso, escrevemos um artigo, fomos citados, ou fizemos algo de significativo? Só quem realiza gera evidências. Logo, se você fez algo relevante - está no Google. E se não tiver nada realmente, preocupe-se! Isso não é mais privacidade, mas sim ausência de referências sobre você. Não estar no Google hoje em dia, nos passa a sensação de “não existir”. Ter uma história para contar e que esteja de certa forma catalogada na internet, mostra que não viemos ao mundo a passeio.
Tudo bem que muita coisa que a gente quer esquecer - o Google não deixa. Como algum post que deixamos, carreira que tivemos, ou até um casamento que não é mais nosso. Sinceramente as colunas sociais podiam ter prazos de validade cybernético!
Agora pensemos no vício do Facebook. Hoje me vejo tendo frases, imagens e comentários automáticos para serem postados nesse grande mural feliz. Mas, se formos parar para pensar, será que essas redes de certa forma não nos cobram um pouco mais de fazermos algo com nossas vidas? Passamos a prestar conta virtualmente com a sociedade de pessoas felizes, bonitas, que viajam, curtem a vida, sabem dos acontecimentos do mundo, e que se mobilizam por eles. Esse “prestar conta virtual” pode ser uma fonte para uma vida não linearmente comum. Será?
É mundo “muderno”, “muderníssimo”! E vivemos nele, baby. Mas, como tudo na vida, “balance” é o caminho certo. Ninguém quer saber se você acordou, se você vai sair de casa, se você comeu arroz com feijão, muito menos se “peidou”! Hello!! Tem gente que dá um espirro e coloca na internet! Educação virtual, por favor, chega dessa “carência”. Na boa, para quê postar carinhas como: :-), :-(, nas redes? Ou qualquer coisa relevantemente inútil? O legal dessas redes é poder entreter, aproximar as relações, interagir e compartilhar das vidas de pessoas que fazem parte da nossa história, ou até gerar relações futuras, mas não compartilhar da inutilidade da vida alheia.
Tenho certeza que essas redes sociais, a conectividade e a evidência pública virtual de nós mesmos, mudarão muitos de nossos comportamentos. Por isso, saibamos utilizá-las para o bem e diversão. E já que somos grandes murais do mundo, então que seja no ritmo de Gonzaguinha, onde: “Viver é não ter a vergonha de ser feliz! Postar, postar e postar a beleza de ser um eterno aprendiz!”

domingo, 17 de abril de 2011

Na mão certa


Que a vida é feita de escolhas, isso é um fato – e que para cada escolha uma renúncia será feita, isso é quase um fato também.
Nossas escolhas são sempre em “prol” de alguma coisa, seja para nós, para algo, ou para alguém. Abrimos ou não mão de nós, de nossas vontades e sonhos, por acreditar que aquela escolha é a melhor naquele momento.

Mas, como saber se devemos ou não abrir mão de algo?

Algumas decisões podem mudar todo o rumo de nossa história. E muitas vezes a decisão A precisa da B para existir.
Quando decidi vir morar em São Paulo, “abri mão” de uma vida no Rio, convivência com família, amigos, praia e todo um habitat conhecido comum, para construir uma vida completamente nova. Abri mão inclusive de um “amor”, que ainda habita em mim e que deixou de existir também porque ele também abriu mão, não sei se só porque vim para São Paulo. Se seria melhor ter ficado no Rio, nunca vou saber. Se essa história de amor teria existido, e se estaríamos juntos até hoje, também nunca vou saber, pois abrimos mão de vivê-la. Mas, acho que para ambas as perguntas, a resposta é não. E não me arrependo das escolhas feitas. Quando fazemos a escolha A, A passa a ser a realidade e B passa a ser apenas uma suposição. Por isso, foquemos no que escolhemos e não no “Se”.
Nossas vidas são uma análise combinatória de grandes e/ou pequenas escolhas. E cada uma delas, pequena ou grande é capaz de mudar tudo. Ter um filho não planejado - por exemplo, não ter um filho não planejado. Abrir mão de uma carreira por amor, encerrar um casamento, mudar de emprego, não mudar de emprego. Desistir de ser cantor, mudar uma profissão, deixar um amor ir. Tirar umas férias, mudar de cidade, de caminho e até de sonhos.

Nosso termômetro é uma mistura de quero, devo, posso. Ou de não quero, não devo e não posso. Ou apenas a voz de nosso coração. Egoistamente ou não, em sua maioria as “abridas de mão” que fazemos, estão baseadas na felicidade, nossa ou de outras pessoas. Quando baseadas na felicidade alheia, ela também se transforma na nossa, por isso as fazemos.

Com certeza assim como eu, você já “abriu mão” de algumas coisas na sua vida, fez escolhas sem ter tanta certeza se eram as certas e ficou com a pergunta na cabeça: “E se eu estivesse escolhido a B? O que teria acontecido?”. Essa resposta nunca você e nem eu teremos. Pois a possibilidade existente foi a que você escolheu. Não se arrependa jamais, com certeza se você a escolheu foi a opção que mais te pareceu certa naquele momento, com maturidade ou sem.

O tempo é o senhor das respostas e só com o tempo podemos medir certas coisas, mas até as nossas escolhas erradas servirão como base para diversas outras certas. Até por que, o que é certo e errado?

Abrir mão, ceder, errar, acertar, faz parte do processo de nossa história, por isso não se culpe por isso ou por aquilo. A vida se ajeita, se mistura, se transforma. Outras oportunidades passam, e outros amores nascem, ou renascem. Ela é orgânica e não binária. Temos uma infinidade de possibilidades, a fé para nos apoiar e a capacidade de nos perdoar; por isso, escolha-se sempre!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tem gente que fala sobre fatos, outras sobre idéias, você me ensinou isso. Você me ensinou também que os horários devem ser reservados para mim e pra você, dedicados a aqueles que não tempo a perder. Passaram-se anos e estar ao seu lado continua sendo enaltecer o que há melhor de mim, de você, do mundo, da vida. Brindamos sempre o que muitos não têm a capacidade de sentir ou perceber. A sintonia da intelectualidade dessas idéias não é comum, ou para qualquer um. E é por isso, que nos tornamos algo binário, ou bilateral, apenas de nós dois. Somos um comum meio incomum, ou até ocasional, capaz de transformar qualquer ocasionalidade em algo poeticamente inspirador. Sem preconceitos ao seu lado a vida é intelectualmente lúdica. Obrigada!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Habituei-me


Deitado na cama fechei os olhos, mas...
A luz do relógio piscava...
O tic-tac do relógio de pulso soava...
A imagem da porta do armário aberto ilustrava...
A vontade de ir ao banheiro pela 3ª vez continuava...

Levantei, coloquei uma blusa sobre a luz do relógio, o outro guardei na gaveta do quarto ao lado, fechei a porta do armário, fui ao banheiro e aí sim, consegui dormir.

Qual a sua mania?
Dirias que és um “maniento” ou “enta”? Um desses seres cheios de manias?

Pois é... tenho percebido que com a idade e a individualidade passamos a adquirir muitas, mas muitas manias. Algumas esquisitas, outras nem tantas - apenas hábitos rotineiros, digamos assim. Mas, as manias exacerbadas, aí já são consideradas “TOC” – Transtorno Obsessivo Compulsivo, e aquelas excessivamente repetidas “cacoete”. Mas tanto mania, “toc” ou cacoete, são considerados maus hábitos pela psiquiatria.

O ser humano é um bicho esquisito mesmo. A gente faz caras e bocas, sozinhos ou não, ficamos obcecados com limpeza, arrumação, cheiro, detalhes, em perguntar “Por quê?”, dizer “não”, a reagir, roer as unhas, coçar a cabeça, gesticular. Criamos um jeito de andar, vestir, falar, falar com repetições e jargões. Vemos o que não existe, acreditamos em coisas “placebamente”, falamos sozinhos e encenamos situações imaginárias. Tem gente que não dorme sem meia, ou sem sutiã. Que não pega em dinheiro e que após o sexo sai correndo para tomar banho.

Somos um repositório de manias e hábitos que vamos acumulando ou apenas nos apoiando para sanar algumas deficiências só nossas. Hábitos repetidos, ou manias, orientam um cérebro desorientado. Preenchem espaços ou rotinas vazias. Evita o erro, a falta de palavras ou caras inesperadas. Supre ausências. Se não nos trouxessem algum prazer ou conforto físico, emocional, até intelectual, não repetiríamos tanto, não é mesmo?

Mas, não nos desesperemos ao ponto de achar que somos bipolares ou perturbados mentais. Não é por aí. Somos uma marca e uma marca para ficar bem clara na mente do consumidor precisa ser comunicada repetidamente. Mas, essa repetição não pode ficar chata, ou cansativa. A dose certa é aquela que marca - sem ser percebida, onde você posiciona o seu consumidor com suas “manias” e “chatices” de forma “agradavelmente singular”.

E é por isso, e sem que percebas, é que tenho “Mania de você”.