domingo, 13 de abril de 2008

A Idade do “Limbo”




Outro dia estava conversando com as amigas de minha mãe e no meio do bate-papo, falei: “Estou no Limbo”, elas ficaram um pouco sem entender o que seria esse “estar no Limbo”. E tentei explicar que existem fases em nossas vidas que não estamos nem lá, nem cá, nem aqui nem ali; onde as coisas não atam, nem desatam e nos sentimos perdidos sem saber muito como se colocar, ou posicionar, mas que o mundo e você não deixam de te cobrar.

Esse “tal de Limbo”, pela Igreja Católica Apostólica Romana, é o lugar entre o céu e a terra para onde iam as almas inocentes, que sem terem cometido pecados mortais, estão para sempre privadas da presença de Deus, pois seu pecado original não foi submetido à remissão através do batismo.

Analogicamente, ou não, acho que estou na idade do Limbo, onde não cometi nenhum pecado mortal, apenas vivi 28 anos de uma vida bem vivida, mas que às vezes parece que Deus esqueceu de dar o ar de sua graça e benção em alguns assuntos, me deixando com aquela sensação de “I don’t fit”, e agora? Para onde vou? Tenho que decidir porque não sou mais uma garotinha, apesar de saber que eternamente serei uma menina-mulher.

Quando entramos na faixa dos 20 e muitos, 30 e poucos anos, não somos mais crianças, mas também não somos tão adultos. As responsabilidades naturalmente crescem e mudam, mas às vezes insistimos na síndrome do “Peter-Pan”, de nunca querer crescer. Os mundos se misturam e quando olhamos ao nosso redor, nos deparamos com diversos cenários: amigos casados, amigos casados com filhos, amigos separados, amigos nunca casados e com filhos. Amigos que frequentam micaretas, ou que viajam para Raves pelo mundo. Amigos formados há anos, já com MBAs, mestrados, doutorados, ou amigos mudando de profissão e iniciando uma carreira profissional nova. Amigos bem posicionados, amigos perdidos, amigos ganhando bem, indo morar fora, ou voltando de fora. Amigos ganhando pouco e querendo conquistar o mundo. Amigos que as mães ainda fazem suas malas, e ainda ganham mesada; e amigos fazendo as malas para morar sozinho e comprando apartamento. Qual seria o cenário atual para um maduro jovem de 20 e poucos, ou muitos / 30 anos? E qual é o limiar atual saudável dessa cobrança interna e do mundo?

Sempre buscamos nos projetar na vida e algumas idades são marcos para isso. Quem não disse lá nos seus 18, 20 anos: “Quando eu chegar aos 30 anos, vou estar casado, já querendo ter filhos ou já com filhos, morando não sei onde, ganhando não sei quanto, já tendo feito não sei o quê?” Mas, o que literalmente é uma década, passa voando e nem sempre o projetado é realizado, e nem sempre queremos mais o que projetamos ou sabemos o que queremos... ou então, simplesmente está acontecendo tudo diferente. É a década que construímos a espinha dorsal de nossas vidas, (não que não seja possível se reconstruir, recomeçar todos os dias), mas é a década do gás, do tesão, das descobertas, dos erros, dos erros, dos erros, dos acertos, do risco, dos erros que podemos e nos permitimos sem culpa errar, na tentativa do projetado alcançar.

Pois é... a maturidade já bateu a minha porta e antes algumas escolhas que eram fáceis, por serem até lúdicas, hoje são extremamente difíceis: casar, separar, mudar de emprego, cidade, país, carro, escolher uma especialização, um título, assumir contas, casa, abrir empresa, virar chefe, virar mãe, pai, gay... descobrir sozinho que papel higiênico não brota no banheiro... realmente, essa idade não é nada fácil! Até por que, não temos mais idade para não assumir o ônus da maturidade – hoje, precoce para alguns assuntos e juvenil para muitos outros.

Mas, independente da idade, esse “tal de Limbo” pode aparecer em várias fases de nossas vidas, e creio que é um mal necessário, que precisamos passar, para que depois da tempestade venha a abonança. Segundo as amigas da minha mãe, elas fariam um “estrago” hoje nesse “tal de Limbo”, no bom sentido é claro; e acredito, pois aplicariam o bônus da maturidade. Mas, enquanto essa maturidade e sabedoria toda ainda não vem, procuro aplicar uma sabedoria quase que Budista de meu saudoso e sábio pai: que existem momentos na vida que precisamos escolher sem qualquer culpa, sem ter certo ou errado, se queremos ser: “O Rei da merda” ou a “merda do Rei”. E então?

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi Flavinha !!!
Vc. como sempre me motivando a melhorar o meu mundo,com verdades que ajudam a fazer pensar.
Sucesso hoje e sempre,
Eloisa Marzola.

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Ana parabéns pelo maravilhoso texto, identificação total ahahahah.
Beijos e sucesso sempre !

Graziela Pedras disse...

Ana,
como te disse, hoje ia ler os seus textos. E os li e adorei.
Parabéns!
Esse em especial tem tudo a ver com o meu momento atual!!
HOje sou a Rainha da Merda....rsrsrs
Beijosss,
Grazi