sexta-feira, 14 de março de 2014

A vivência tem um sabor que a imaginação não sabe

Tudo pode virar literatura. Mas nem toda literatura pode virar poesia. E não é porque um fato virou literatura é que ele de fato é importante.

Depois que virei escritora descobri isso, tudo que se vive, ouve, escuta, sente, pode virar literatura, mas não necessariamente aquilo que foi escrito é importante. Pode ser apenas um fato, um texto, um conto, uma crônica, um verso, um tempo passado, ou até um deboche, vai saber?

Escuto muita coisa por aí, escrevo muitas delas, adoro histórias frescas, vividas, reais. As melhores histórias contadas são as reais. A vivência tem um sabor que a imaginação não sabe. Então, a vida vira um grande laboratório de letrinhas.

Um escritor escrever a sua história é normal, ele é escritor. Um matemático fazer uma conta certa é normal, ele é matemático. Um pintor pintar um quadro é normal, ele é um pintor.

Costumo ouvir: não vai escrever um texto sobre isso, viu? Ou, essa vai estar no seu próximo livro?

E mais uma vez; tudo pode virar literatura.

Sorte a sua, ou o azar o seu, de estar escrito aqui ou ali por conta de uma vivência ou observância cotidiana, mas sinto lhe dizer que é apenas literatura. O quão especial essa literatura é está na vivência, ou não, das entrelinhas que as palavras não dizem - que às vezes nunca vamos saber.

Porém, a magia dessa arte é saber transformar um fato comum em algo capaz de tocar tanta gente justamente por ser comum a todos, e por ser comum a tanta gente é que se torna especial - e isso sim é literatura.  

Dias de Clarice vem aí e um pouco de você pode estar nessa história.