sábado, 10 de maio de 2025

Novos ciclos.






Um novo ciclo tem um sabor de dor e felicidade ao mesmo tempo. Dor porque, infelizmente, somos muito apegados ao passado, e nem sempre o velho ciclo era ruim — ele apenas não cabe mais. E até o que foi ruim, temos dificuldade em desapegar. Para que tanto apego, se precisamos praticar o desapego?

Felicidade porque — quem não gosta do novo, da descoberta, do inesperado e daquele frio na barriga? A novidade pulsa, e os desafios também. É como cortar o cabelo: por mais que esteja com pontas, minguado e sem brilho, a incerteza do novo corte dá insegurança, medo de não ficar bom — e depois, todo um processo de adaptação. E quando não fica bom, nos punimos pela má escolha.

Não adianta fingir que não sabemos quando um ciclo se encerra.

A gente tenta se enganar, coloca uma venda nos olhos, se esconde atrás da árvore… mas, se a coragem não vem, às vezes é a própria vida que vem nos buscar para novos ciclos. Há ciclos dos quais não queremos sair porque são bons, gostosos, quentinhos — e, para nós, perfeitinhos também. Aí vem a vida, nos dá uma rasteira, tira nosso chão e nos obriga a lidar com a frustração de viver uma nova vida, ou um novo ciclo que não queríamos viver.
Até a dor tem sua beleza, porque ela nos engrandece. A gente só cresce no caminho da dor — e quem não quer ser maior? Ok, tem gente que não quer, e tudo bem. Fica pelo caminho, ou acompanhado de pessoas do seu próprio tamanho… ou de quem só está de passagem.

Crescer, evoluir, ser maior, mais espiritualizado, e se tornar aquele que descobre as insignificâncias é, também, abrir mão de muita coisa — e de muitas pessoas.

Somos diretamente influenciados pelas cinco pessoas com quem mais convivemos. O mais difícil é chegar ao simples. E, quando se chega, também se torna mais simples entender certas coisas — e agradecer, como se um nó tivesse se desfeito.
Tem horas em que não se trata da razão, mas do que faz sentido no momento. Tem horas em que faz sentido comer um doce que sua avó fazia, ou simplesmente porque você quer. E tem horas em que não faz sentido comer um doce e sair da dieta.

Agradeço à maturidade, que me ajuda a sofrer menos com certas decisões — mesmo quando Nossa Senhora do Ego vem me atormentar.

Só sei que os novos ciclos sempre precisarão dos antigos para existir — e talvez esteja aí a resposta que a gente tanto busca. Não seríamos quem somos se não tivéssemos passado pelo que passamos. Querer permanecer no mesmo ciclo é imaturidade emocional. Entender que a vida é cíclica é liberdade emocional.

Feliz novo ciclo!


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