domingo, 24 de julho de 2022

Complicada e perfeitinha


 

A vida é como a música de Charlie Brown: complicada e perfeitinha. Complicada porque ela complica mesmo, e as pessoas complicam ainda mais e perfeitinha porque ela mesmo faz as coisas se encaixarem através de seus sinais. E a bichinha dá os sinais, um, dois ou mais. Algumas vezes de cara entendemos, outras nosso estado negacionista se faz cego e vira de costas. 

Gostamos de acreditar no que nos faz bem, e tudo bem. Mas, tem horas que precisamos entender a razão das coisas. Nada cruza nosso caminho sem propósito, sempre há um ensinamento e sempre, sempre será sobre nós, não sobre o outro. Nossa estada na terra é evolutiva e a evolução está em nossas vivências, aprendizados, e na vontade íntima de evolução. 

E porque insistimos em negar o que não nos faz bem, ou o que não é para nós?

Existem tantos porquês para essa pergunta, porém o mais tangível seja: porque temos algum ganho em ficar. Pode ser medo, hábito, baixa autoestima, ou qualquer coisa que emocionalmente nos conforta, nem que seja só par podermos reclamar. Qualquer mudança pede ação, e nem sempre estamos dispostos a ser ativos, ou temos a coragem de sermos maiores que as circunstâncias. 

Queremos tantas coisas, mas entre querer e ser existe esse espaço da ação que depende somente de nós. Queremos emagrecer, realizar um projeto, terminar uma relação, mudar de emprego, pedir perdão. Mas, insistimos nos acomodar nesse hiato que nos separa da reclamação para a realização. Nada é fácil, mas nem tudo é difícil. Se o ganho compensa, não fica tão difícil. 

A vida não é fácil porque ela exige de nós, dado que exigimos muito dela, de nós mesmos e do outro. Complicada e perfeitinha, cabe a você escolher com qual versão quer ficar. 

A síndrome do justiceiro



Às vezes a gente é tomado ou faz parte de nós a síndrome do Justiceiro. Aquele que tem necessidade de pontuar, defender, consertar o que nós os justiceiros entendemos que está errado. 

Só que nossos entendimentos sempre serão relativos. Muitas vezes podem ser de senso comum, um princípio ético, uma crença ou até estarem escritos em lei. Mas ainda sim, nosso senso de justiça será nosso e nem sempre uma verdade para todos. 

Mas para o justiceiro, aquela verdade é tão absolta que ele se sente no direito e dever de fazer alguma coisa para resolver o que ele julga errado. 

O que o justiceiro esquece é que muitas vezes está errado para ele, nos conceitos, valores e entendimentos dele. Que para o outro ou outras pessoas aquilo que tá sendo colocado pode ser super ok. Aí o justiceiro passa a “injustiçar” e o problema que nem era dele, o coloca em um lugar de que ele criou um problema. 

Confuso isso? Sim. Tomar partido de algo é polêmico e arriscado. Ao mesmo tempo, corajoso e fala muito sobre você e seus princípios.

Normalmente o justiceiro é um ser racional, mas movido pelo o emocional. Onde o seu emocional age com base no que o seu racional entende que é certo e errado. O racional do justiceiro não vai lá conversar com o emocional sobre a necessidade de resolver o que nem sempre precisa ser resolvido. O racional do justiceiro é vaidoso. 

Um quadro torto pode ser só um quadro torto - mas não para um justiceiro. 

O entendimento que chego é que em terra de Marlboro, justiça não há. E o inteligente é aquele que inteligentemente não toma partido e faz com que os partidários se resolvam. 

Reparos


Por muito tempo senti um vazio dentro de mim, uma solidão e um pesar por não ter a vida do jeito que planejei. Era uma busca, um peso, um tentar se encaixar tão pesado, que parecia até que o amor não existia. E de certa forma ele não exista, ou melhor, não era percebido. A frustração nos cega de uma forma que corrói até a esperança, tira o ar. No autoconhecimento, entendi que não está no externo o preenchimento do vazio interno. O preenchimento está no reparo. Reparo no sentido de reparar. No meu caso; me enxergar e me ajustar. Dei tanto espaço para a dor que deixei no canto todas as conquistas, evolução e a abundância de vida, de amor que sempre tive, por mim, dos outros. Nesse reparo, não só me reconheci, mas passei a amar tudo o que vi, vivi, senti, tenho. Amei com tanta lucidez a ponto de conseguir tocar nesse vazio tão meu com compaixão, e enfim pude preenchê-lo com a melhor parte de mim. E assim, completa, virei felicidade!

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Sobre as pessoas certas




A vida é uma troca, uma soma quando feita com as pessoas certas. Tudo se expande e é melhor quando encontramos as pessoas certas. No trabalho, na prestação de serviço, nas relações, nas viagens. Qualquer programa com as pessoas certas se torna único e especial. Você pode programar a viagem dos sonhos, mas com gente com outra energia ou interesses bem diferentes dos seus, vai ser só stress. 

Recentemente fiz uma viagem de férias, maravilhosa. Mas, o que a tornou tão especial e inesquecível, foram as pessoas certas. Amigas, que tornaram os dias não só divertidos, mas cumplices. Éramos um time, mas um time muito natural, fluido, porque nossas essências e formatos são parecidos, comuns. Não era a minha viagem, mas, a nossa. Quando sabemos ser mais de um, sabemos nos multiplicar. Quando abrimos espaço para o outro, encontramos um espaço novo, somado; onde somos capazes de ver aprender coisas que nosso olhar solo não conseguiria. A minha felicidade deixa de ser só minha, passa a ser nossa e a do outro passa a ser minha também. 

Tudo é sobre encontrar, estar com as pessoas certas. A vida nos dá muitos sinais das pessoas não certas, mas muitas vezes preferimos acreditar que podemos transformar o não encaixe no encaixe por pura teimosia. Não encontramos o acolhimento nas diferenças. Em uma vaga de emprego, por exemplo, quando colocamos um excelente profissional, mas fora do perfil da vaga, ele não vai performar, e automaticamente entendemos que aquele profissional não é um bom profissional. Mas, ele só não é a pessoa certa para aquela função, mas é a pessoa certa para outra e assim podemos seguir em múltiplos exemplos; como nas relações pessoais e tudo que envolve pessoas. 

Tem a pessoa certa para pedir opinião, a para a mesa do bar, para uma noite apenas, para viagens incríveis e para uma vida inteira. As pessoas podem ser passagem também. Elas passam, transformam, somam, e se vão. Às vezes a pessoa errada é a certa para aquele momento. Ela te prepara para as pessoas, ou escolhas certas. 

Certo e errado sempre serão relativos, mas o perfeito encaixe nos leva a uma felicidade que só a sintonia pode entender. 

Qual o contexto?




Hoje fala-se muito de feminismo, diversidade e pronomes neutros. Porém, quero falar sobre um espaço pouco falado; que é o respeito às diferenças de culturas, histórias, contextos.

Quando falamos de homens e mulheres, entendo que os direitos devem ser iguais e não as diferenças. Pois, somos diferentemente diferentes e maravilhosamente complementares.

Estamos ignorando essa complementariedade e duelando por igualdades diferentes para sermos iguais e desperdiçamos toda a complementariedade positiva que homens, mulheres, trans, crianças, pais, podem construir. As pessoas estão brigando para enfiar um triângulo num quadrado, sem qualquer necessidade geométrica.

Minha reflexão é sobre o respeito aos contextos diferentes de cada um. Só podemos pedir respeito quando respeitamos as diferenças, tanto para lá quanto para cá. Afinal, pau que bate em Chico, bate em Francisco.

Não diminuo, ao contrário, trago para cá a reflexão da dificuldade de homens e mulheres principalmente de gerações diferentes em lidar com a realidade moderna de ser homem, mulher ou qualquer gênero, ou formando escolhido. Estamos enfiando goela abaixo uma realidade não real para muitas gerações. Nos deparamos com criação x atualidade. Temos referências e crenças idealizadas advindas de nossos pais, criação e histórias que não estão adaptadas a um novo contexto atual, que às vezes requer tempo de aprendizado ou aceitação. E nessa diferença de realidades e conceitos, nos perdemos sem entender direito do que é certo ou errado, mesmo sabendo que certo e errado é bem relativo. 

Não é sobre minoria e maioria, é sobre conviver bem com as diferenças. A mudança está no entendimento e respeito nessas diferenças. Precisamos fazer diferente para lidar bem com as diferenças. Porém o diferente, sempre será diferente, desconfortável e tudo bem.