segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Só rezando

Triste ver um país que parece mais uma areia movediça. Hoje tocamos na crise como se fosse um castelo de areia.

Afundados e submersos estamos, onde o sopro de esperança passa longe. Quanto mais otimistas tentamos ficar mais impostos temos que pagar.

O problema é que a voz é fraca, os caminhos perdidos, onde se correr o bicho pega se ficar o bicho come. 200 milhões de pessoas roucas, onde uma parte ta lá dentro acuada na bolsa de um canguru capeta com cara de família. A outra prefere ficar no celular postando foto com champanhe, mesmo que esteja comendo no Habbis, só para fugir da realidade - e entendo. Realidade para quê?

Nem nas histórias em quadrinhos a crise afetava a relação das mulheres e seus sapatos. Agora, até a Cinderela perdeu a sandalinha de cristal. Botox só para quem pode colocar um sorriso falso para essa situação.

Os sonhadores falam que vão sair do país. Os realistas cortam custos, e os realizadores acordam cedo para equilibrar todos os pratos. Os empregados trabalham com medo e os empregadores não dormem de medo. Sexo? Muitos não tão nem conseguindo fazer, ou por impotência, ou porque pagar jantar e motel ficou muito caro.

Felizmente o futebol, o sol e a cerveja ainda nos dão alegrias.  Só que sonhar, ficou 4x mais caro.

E qual a saída para tudo isso? Envenenar a Dilma com a maçã da Branca de Neve, socar o filho do Lula com 5 tomadas e fazê-lo comer carne com febre aftosa, cortar os outros dedos do Lula para que ele não possa mais passar a mão na grana pública, jogar uma bomba no congresso, dedetizar a Petrobras, Eletrobrás, BNDES, ou lavar a jato toda essa escória que lemos e não lemos nos jornais?

Gostaria de poder fazer todas as opções a cima, mas nem uma bomba atômica resolveria esse circo trem fantasma que virou a gestão desse país.

Sinceramente, não tenho a resposta para essa pergunta e nem passaporte europeu para fugir no primeiro avião para Áustria e também nem sei se quero fugir é o que os bandidos fazem.

Por isso, começo a rezar agora:

"Pai nosso que estás no céu, santificada seja a honestidade.
Venha a nós ao nosso Pais.
Seja feita a vossa justiça, assim na terra como nas contas públicas.
O pão nosso de cada dia não existe mais hoje.
Condenai os nossos governantes. Assim como nós acreditamos ao tê-los elegido.
E não vos deixeis cair no mensalão.
Mas livrai-nos do PT.
Amém”.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015


Dor é a felicidade que se machucou.
Alegria é o preto e branco que ficou colorido.
Sonhar é a realidade que voa de balão.
Esquecer é uma lembrança que foi para o quarto escuro.
Sorrir é um sentimento que fez cócegas.
Chorar é a tristeza que resolveu tomar banho.
Suar é o movimento que escorreu.
Indiferença é a diferença de óculos escuros.
Mentira é a verdade que saiu de fantasia.
Sentir é tudo que pulsa.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Sinto muito

Quem não deixa de sentir para evitar a dor e quem não finge felicidades exibicionistas só para acreditar que está feliz?

Hoje com a conectividade e todos esses meios tecnológicos interagimos com as ilusões, as falsas realidades e com todas as histórias boas e ruins sobre qualquer coisa, situação, ou sentimento.

Nosso emocional agora sofre com a síndrome do pânico com um last seen, dois palitinhos azuis não respondido, dois cinza nunca lido ou com um palitinho bloqueado. Ele surta com uma foto, uma frase, um online às 4am, uma curtida ou um comentário de uma tal de Vanessa. Quem é Vanessa sem qualquer amigo em comum?

A imaginação em telas consumiu a verdade e ainda colocou pimenta nela.

Porque escolhemos sofrer tanto? Ou esse outdoor tecnológico todo é que nos faz sofrer esse tanto? Até as palavras consideradas frias antigamente enviadas num email, hoje também foram trocadas pelas storyboards que criamos em relação a vida do outro. Uma sucessão de possíveis histórias e sentimentos baseados em falsas ou não verdades.

Devíamos acreditar mais na Coca Cola que diz que imagem não é nada, sede é tudo.

Onde foi parar a verdade? Escondida em algum lugar em corações cada vez mais tristes?

A tecnologia nos descompassou. Nos esvaziou, escravizou e parece que ninguém ta querendo lá se libertar. Interagimos com outros outros que não somos nós e nem é você.

Louco? Sim e não. Não e sim. Mas louco sim. Somos loucos de substituirmos o real pelo imaginário. Pela idealização de vidas que não vamos viver,  de sensações que não vamos sentir.  E assim, deixamos de viver relações que podemos viver.

Precisamos de um selfi com curtidas para acreditarmos que somos bonitos. Até o espelho perdeu o seu papel. Agora a aprovação é tecnológica. E quem foi que disse que precisamos de aprovação alheia, o Google ou o Instagram? As palavras em texto perderam a verdade de seu tom, da sua intensidade e deram espaço às neuroses, ansiedades e tudo mais que você queira acreditar.

Hoje abrimos espaço para cada um criar sua história particular sobre o que somos, quando antes fazíamos o outro sentir a nossa verdade sobre o que de fato somos. Nos perdemos nessa linha não mais tênue e viramos um romance policial, uma ficção, um livro de terror ou uma grande piada. Deixamos de ser biografia faz tempo.

Interagimos o tempo todo, mas não interagimos mais.

Triste? Não sei. Diria confuso. Nosso emocional não acompanha essa modernidade toda. Às vezes ele acha que o desenho da Pepa se passa no Peixonauta ou que o candy crush poder ser mesmo balinhas de gomas que explodem. Ele se perde de forma infantil nesse real imaginário.

Mas com certeza existe algum ganho nisso, e só nós sabemos no íntimo esses ganhos e perdas, pois senão chamaríamos a Princesa Isabel para nos libertar, pois ela ta lá linda e loira em algum aplicativo.


Porém, se é isso que temos para hoje, então: sinto muito.