O livro cinquenta tons de cinza alcançou recorde de vendas,
capas de revistas, temas de programas e a minha cabeceira.
Hesitei a leitura da trilogia ao máximo, por motivos que não vem
ao caso, mas o fenômeno, no estilo Ronaldo no Medida Certa – do Fantástico, não
me deu espaço para isso - ainda mais sendo uma escritora. Um dos motivos era
não ter que escrever um artigo sobre o tema.
Mas, já que o sadomasoquismo é inevitável, a Ana aqui não de Grey,
entende que este fenômeno nada mais é do que ondas que veremos e muito por aí
no mundo tecnologicamente interativo que liga comportamentos e hábitos de
consumo.
Assim como o livro, o fenômeno – Ronaldo, que para mim será
sempre Ronaldinho, que esta no Fantástico – no quadro Medida Certa, também representa
uma grande sacada de marketing, já virou capa da Veja em apenas uma semana e
mobilizou milhares de pessoas para uma vida saudável. Se ele consegue, eu também consigo!
Fenômeno, por definição é tudo o que é raro e
surpreendente. Pessoa que se distingue por algum dote extraordinário.
Fico aqui pensando o que posso fazer para me juntar a eles, mas
nada me vem à mente!
Voltando para o livro cinquenta tons de cinza, não é o livro,
mas quem o lê. Ela, a outra, a outra, cinco no metrô, quarenta na praia, dez na
piscina, oitocentos posts no facebook. Mais uma vez não é o livro, mas sim quem
o está lendo. O que estão falando, comprando – nada mais do que comportamento
do consumidor.
Depois do Facebook, até as construtoras acabaram com a
privacidade. Outro dia escutei as horas de sexo dos vizinhos e seus três
orgasmos, não era literatura erótica e nem me custou R$39 reais o fenômeno, ou
diversão. Se ela pode eu também posso – esse é o comportamento do pensamento
das leitoras.
Tenho certeza que minha opinião não seria a mesma sem essa mídia
toda. O marketing do cinquenta tons de cinza, trouxe uma liberdade colorida
para o preto e branco da vida sexual feminina de cada dia. O que me faz
perceber, mais uma vez, que tudo são ondas. Lembram das pulseirinhas energéticas?
Pensei a mesma coisa que Marcelo Madureira na reportagem da
Veja, quando disse: “Queria ver se o Mr. Christian Grey se chamasse Agenor e
fosse caixa de banco...”. Grey com ou sem sadismo, é literatura. Quero ver esse
apetite sexual todo com o cara barrigudo flatulento ao seu lado e as inúmeras
contas para pagar sob a cabeceira. Vamos ver quanto tempo esse sadismo vai
durar.
A vida precisa dessas ondas, mas é preta e branca, cotidiana, pé
no chão – o resto é marketing. O nosso Grey esta mais para Gay, o romance para o
só por uma noite, as flores para o cacto, o “deixe-se levar, babe” para o “caguei
para você, baranga” e o sadismo para o “tem um viagra aí?”.
Ok, ok, ok, nem preto nem cinza. Apesar de realidades diferentes,
quem sabe até um cotidiano ensosso comum, nada nos impede de colocar cinquenta
tons coloridos nesse preto e branco todo. Não precisa aderir ao sadomasoquismo,
mas dar uma de Diane dos Santos só por diversão – não é literatura, e sim
esporte!
4 comentários:
Eu não li ainda, e não sei se vou ler. Como você diz, é literatura e abrange um conceito do qual, acredito, principalmente as mulheres tem mais curiosidade do que os homens: O Sado-Masoquismo. Se é que é um problema, a questão é que a rotina dilapida os relacionamentos, e o BDSM quebra a rotina e os paradigmas.
Não achei que o livro tenha essa apelação BDSM, é, sim, um romance lindo com uma história hipnotizante.
Antes de dar qualquer opinião sobre o livro as pessoas deveriam ler, coisa q eu acho q os repórteres da Globo não fizeram. Todo mundo ficou pensando que: mulher que ler esse livro deve ser depravada...reportagem muito sem noção dizer que o livro é sobre BDSM.
Achei a autora bem inteligente no uso do BDSM, que na verdade nao tem nada de apelativo, ela apimentou o comum. Esse romance. Achou a linha certa entre o baixo e o romance.... enfim... como disse, sacada de mkt. Vou ler o 2o... e varias outras trilogias na linha aparecendo. Tem o Toda sua agora... rs... ondas são isso. Bjs!
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