Não estou me sentindo muito bem.
Não é nada físico, mas algo dentro de mim – incomoda. Resolvi ir ao médico.
Chegando lá, falei o que sentia. E mesmo falando, falando, ainda sim não
conseguia definir exatamente o que era - para que o médico me passasse um
medicamento que fizesse aquele incomodo desaparecer.
Após meu blá blá blá infermo, o
médico disse: “Você precisa de dieta”. E na mesma hora que disse isso, pensei:
“Será que este incômodo são gases?”. Para minha maior surpresa, o médico não
me recomendou um Luftal, mas sim continuou: “Você está precisando de uma dieta
emocional”.
Dieta emocional? Fiquei mais de
cinco minutos tentando entender o que ele queria dizer com aquilo, e o médico
com muita paciência começou a me explicar a necessidade do tratamento – uma
dieta de desintoxicação emocional, vulgo detox emocional.
Precisava emagrecer meus
sentimentos, esvaziar, tirar umas férias emocionais – descansar a alma – só assim
conseguiria me tranquilizar e me limpar emocionalmente.
Seus sentimentos estão inflados,
cheios de impurezas desnecessárias – e por isso, o incomodo – disse ele.
O médico me fez entender que tem
certas coisas que não se curam com medicamentos, se curam com exercício emocional.
Gastamos tempo e energia nos preenchendo com rotinas, histórias, estresses e
afins que só nos engordam de substâncias e sentimentos totalmente
desnecessários. Temos que aprender a nos alimentar somente de
sentimentos saudáveis.
Ele me cortou tudo: Facebook por
24h, Instangram e twitter, ligações de madrugada, bebidas durante a semana,
pessoas que não levam a nada, sexo casual, mensagens desnecessárias, conversas
e exposições exageradas, encontros fadados ao fracasso, dar chance para quem não
se tem interesse, desalinhos familiares, improdutividade profissional, vestidos
apertados, projetos impossíveis, noites mal dormidas, jogar na Mega Sena, pratinhos
rodando.
Os primeiros dez dias, segundo
ele, devem ser radicais. O importante desse corte é eliminar principalmente
qualquer perda de tempo no que e em quem não me leva a nada e a lugar algum. Ao
contrário dos exercícios físicos, o exercício principal nessa dieta é o da
inércia.
Explicou que tem horas na vida, que
a melhor coisa é não fazer nada. Movimentos demasiados demais cansam demais, gastam energia, e
a gente acaba nos desperdiçando, desperdiçando o melhor de nós em situações e
com pessoas que não vão enxergar ou reconhecer - pelo menos agora. E todo esse
movimento, só gera uma estafa emocional.
Sempre achei o contrário. Quanto
mais movimento, mais coisas aconteciam, mais rápido eram os resultados e mais se
conquistava. Porém, só agora percebo quanta ansiedade ingeri e quanto tempo perco
com histórias sem sentidos, em projetos fracassados, com pessoas que nunca se
importaram ou vão se importar. Quanto tempo perco me alimentando de coisas
emocionalmente ruins para minha alma. O quanto engordei com porcarias que
jamais devia ter absorvido - e só agora percebo que quem esvazia a alma é
livre.
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