“Só
quis tacar amor em quem está acostumada a receber pedras...”.
Outro dia escutei essa frase e confesso que a parte do amor
e das pedras me mobilizaram. A vida às vezes nos apresenta dura. São obrigações
diárias, necessidade de produção, realização, contas a pagar, amor a receber e
felicidade a conquistar. Vamos nos acostumando a nos machucar, ao famoso não
dar certo, ou ao não foi dessa vez. Escutamos mais não do que sim e nem
sempre a sorte caminha ao lado.
Visão pessimista? Uhmmm diria realista. Duro não quer
dizer ruim, mas também não quer dizer que é bom.
Viver nunca foi fácil, em tempos modernos ou antigos.
Tivemos grandes guerras, Holocausto, ditadura, o câncer cresce em PG e cada vez
mais cedo... entre outras mil não facilidades do não é fácil viver nessa terra
que Deus nos deu, mas boa que só.
Mesmo com a versatilidade em fazer de um limão uma
limonada, dores, feridas nem sempre cicatrizam como um passe de mágica. Muitas
vezes nos acostumamos a receber pedras e a não acreditar mais na genuinidade do
receber sem querer nada em troca. Ficamos no: quando a esmola é demais o Santo
desconfia, ou no se tudo vai bem, espere, vai piorar. Passamos a não
mais acreditar que isso ou aquilo é sim para nós, redondo e sem cobranças.
Reagimos ao bom por simplesmente não saber o que fazer com
aquele treco que parece mais uma batata quente na mão. Receber amor, ajuda,
cuidado, presentes e até dinheiro, para muitas pessoas é um problema e não uma
solução. Viramos gatinhos acuados, como se o bom não existisse, ele está apenas
disfarçado de bonzinho, não falei?
Nos acostumamos a desconfiar e desconfiados ficamos quando
não se é para desconfiar e sim confiar. Deixamos de receber por conta do medo, para
não ter que pagar lá na frente. Só se cresce pelo caminho da dor e isso a vida
não vai mudar. Mas, se um dia o amor bater a sua porta, deixe as pedras de lado
e deixe-o entrar.