terça-feira, 21 de setembro de 2021

Sobre o desconstruir




Hoje se fala muito sobre desconstrução. Já me peguei diversas vezes fazendo esse exercício. Porém, passamos uma vida toda nos construindo e do nada temos que desconstruir? 

Anos e anos de construção aprendendo a amar o construído para desconstruir? 

Entendi que não é desconstruir, desconstruir é anular o que foi construído, é desaprender. Ninguém desaprende. Não temos que fazer nada disso, temos que nos ampliar e aprender a ver e sentir por uma perspectiva diferente. Diferente do nosso padrão, de nossas crenças, e sentimentos que estamos acostumados a sentir. 

Ninguém desaprende a tomar Coca Cola. Voce aprende que engorda, aí muda para a Coca Zero, aí você entende que não faz bem para a saúde e nesse entendimento de vida saudável, você aprende ou não, que ela não faz bem e passa enxergar de uma outra forma e seu cérebro entende que não precisa mais de Coca Zero e que água com limão exprimido, é muito melhor. Eu ainda não sei se consigo chegar nesse nível de evolução e enxergar por essa perspectiva diferente a ponto de não mais ver valor e sentir prazer ao tomar minha coquinha. Só nos mantemos em certas situações e condições quando temos ganhos. Ou mais ganhos do que perdas. E não cabe dizer: Ana, você precisa desconstruir a Coca Zero. 

Desconstruir dá a entender que construímos algo errado, tem um julgamento. Olhar por uma perspectiva diferente é ser capaz de enxergar e entender algo que antes por desconhecimento, falta de necessidade, cultura nos impedia de enxergar e sentir – esse diferente.

Não é errado gostar de Coca Zero, você pode dizer que não é bom para a saúde - que nada que desentope pia, pode fazer bem para o corpo. Como a Coca, existem muitos outros exemplos que podia ilustrar aqui: culturais, regionais ou que simplesmente fazem parte do contexto de quem está sendo julgado. Como gostamos de julgar e dizer como o outro deve viver, ou rotulá-lo disso ou daquilo, sem nos darmos qualquer trabalho em compreendê-lo e a sua história.

Eu que passei a vida querendo entender a razão das coisas, metodologias de sucesso, bem como o entendimento das emoções e melhor forma de me comunicar, tenho que ampliar minha perspectiva de viver mais no sentir do que no pensar e definir. 

Passei os últimos anos organizando as coisas em caixinhas e etiquetando, e justamente por isso, agora conhecendo elas bem, posso selecionar quais jogar fora, mudar a disposição, juntar duas em uma e abrir novas. O autoconhecimento nos expande. E esse conhecimento, nos ajuda a fazer escolhas mais inteligentes para nós mesmos. 

As vezes só precisamos entender que o que nos trouxe até aqui, não nos levará até lá e tá tudo certo, porque a vida sempre será um processo.

Não é sobre desconstrução, mas sim construção. Não é desconstruir um plano. É administrar a frustração de que nem sempre a vida sai como planejamos, mas que ainda sim, existem múltiplas possibilidades. Olhar por uma outra perspectiva é desapegar de tudo aquilo que não aconteceu, não temos, ou ainda não somos - e enxergarmos todas as possibilidades que ainda não vemos ou queremos aceitar que existem. Nós somos os maiores ditadores de como nossa vida e nós deveríamos ser e ao mesmo tempo os maiores sabotadores. Nunca é tarde para mudar, recomeçar, aprender, entender, aceitar e amar. Essa é a sua história e é perfeita para você. Aceitar isso, é libertador.


Um comentário:

Anônimo disse...

Ana, encantado, embriagado por sua beleza, sensibilidade, formato. Seus textos não saem da minha mente, olhos, sentidos. O mundo precisa te conhecer, sério!