O tempo não para e essa frase mais que clichê,
me faz parar para entender quando devemos parar algumas coisas, já que o tempo
não para e passa. Normalmente permitimos acessos, cobranças e abusos a nós
mesmos por falta de limites que damos. Temos dificuldades com os nãos, términos
e desistências.
Desistir nem sempre é sinônimo de fraqueza,
desistir muitas vezes significa deixar ir para não desgastar, poupar, ou
finalizar, afinal dali não vai sair nada.
Dizer não, nem sempre é negar, muitas vezes é
dar limites, mostrar de onde não se deve passar.
Terminar, nem sempre é acabar, pode ser
entregar, ou simplesmente marcar o que esgotou.
Temos dificuldade na racionalização de fatos e
resultados. Nosso emocional nem sempre acompanha cenários tão delineados.
Costumamos fantasiar, ilustrar e nos contar histórias sobre fatos, pessoas e
comportamentos que não vão mudar, inclusive os nossos. Quantas vezes disse que
ia parar de tomar coca zero e não parei, quantas vezes disse que não mais daria
minha opinião sem me perguntarem e opinei, quantas vezes disse que agora seria
diferente e não foi?
Não é descrença, mas sim realidade. Como disse,
costumamos mudá-la para mudar o que não muda, justamente por sermos seres em
evolução, otimistas e com limitações físicas e emocionais.
Tem horas que precisamos parar e olhar se de
fato certas coisas podem mudar: um emprego, uma relação, um corpo, uma história.
Tudo pode mudar, inclusive não mudar. Mas, as mudanças nem sempre acontecem no prazo
necessário, ou que queremos. O Brasil pode mudar. Mas quanto tempo isso levará
e quantas ações são necessárias para que isso aconteça? Não é descrença, é
realidade.
Precisamos medir fato x impacto. Uma relação,
por exemplo: sempre pode mudar. Mas, sabemos que leva tempo, requer empenho e certos
comportamentos não mudam, assim como certos hábitos. Nas relações amorosas,
familiares e de amizade, o amor ameniza e acolhe muito mais esses impactos. Os
laços, o amor, aumentam qualquer tolerância. Ao mesmo tempo, causam impactos e
danos muitas vezes irreparáveis. Nas relações profissionais, o que muda é o
emprego mesmo.
Na dúvida a resposta é não. Mas saiba ler esse
não. Um fato gerou alto impacto. Pare. Racionalize. Pergunte-se: Preciso disso?
Na dúvida, a reposta é não. Porque sempre sabemos os sim, não é mesmo? Tudo que
sempre quis, sempre soube. Na dúvida, a reposta é não, até para que vire sim.
Certas coisas precisam dilatar primeiro, antes que tomemos qualquer decisão.
Tenho dificuldade de lidar com as desistências,
principalmente desistir do outro. Dói muito desistir de alguém. Muitas vezes
desistir de alguém é acreditar em nós, no mais, no maior, é confiar no acerto.
Nem sempre o outro quer o que queremos para ele, ou está preparado para ser o
que vemos nele. Não é uma escolha nossa. Só podemos escolher parar, desistir,
permanentemente ou momentaneamente, e nada, nada há de errado com isso. Errado
está em seguir por achar que é o certo a se fazer.
Um comentário:
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