segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Atendendo a pedidos


Amigas de infância.

Amizade de infância é assim, na saúde, na doença, na tristeza, na alegria, nas festas e furadas.

É... furadas. Daquelas grandes, daquelas Drags. Daquelas que você só pode pedir para algumas amigas, ou amigos. Nesse caso, era ela, ou era eu a amiga.

- Amiga, tenho um pedido para te fazer...

Quando isso acontece, prepare-se. Lá vem bomba! Pois, se fosse algo trivial, não vinha com tamanho cuidado. Mas, ok, amigos tem intimidade para isso.

- Preciso que você me acompanhe num programa meio furada....

Agora piorou. A coisa ficou preta, se o seu amigo acha o programa furada, imagine o que deve ser realmente.

Pois é... a coisa não era trivial, era transexual. Apresentações de Drag Queens na meia idade, ou mais da meia idade, em uma casa de cultura gay na Lapa. Como alguém vai parar nisso? Pois é, estou me perguntando até agora. Mas o mundo estético faz você se comprometer com coisas absurdas em troca de cabelos, sobrancelhas e unhas perfeitas – e o pior, você nem repara.

Tudo começou com um bingo. Binguei uma, duas, três vezes. Prêmios milionários de menos de vinte reais. Homossexuais na flor da idade de seus sessenta anos, comemorando a binguiesse alheia com beijos carinhosos para lá e para cá.

O show começa, o apresentador um tanto familiar nos salões de beleza, embeleza o palco e alegra o público em suas mesas de montar da Brahma com toalhas coloridas, como o arco-íris. As azeitonas são deixadas de lado e dão espaço à entrada triunfal de Alcione Drag cover em seu vestido vermelho de paetês. Naquele pequeno palco de bolas azuis, passaram inúmeros artistas por uma noite, com suas perucas, laquês, panqueike e cílios postiços não tão perfeitos assim, mas com olhar de felicidade.

Tivemos a eleição do Pai gay do ano e da Miss plenitude gay.  A apresentação de um projeto de lei de um candidato a deputado logicamente gay para tombar a casa em questão, denominada, casa de cultura gay. O objetivo? Fazer dela patrimônio tombado e histórico. Aplausos para as purpurinas!

Após longas e nada triviais duas horas e meia, chego à conclusão, mesmo sem uma forte dose de pinga na mão, ou no sangue, que me diverti. Percebi a felicidade naquele ambiente para mim tão tosco, porém para eles tão familiar.  E a vida é exatamente isso, se conectar com a felicidade.

Quando aprendemos a caminhar ao lado das pessoas que a gente ama, encontramos a felicidade onde quer que ela esteja.

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