O tempo perguntou ao tempo quanto
tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem o tempo que o tempo
tem. Não sei se é bem assim o poeminha, mas é esse o tom do tempo que este
texto tem.
O tempo pontua muitas coisas. Hoje algo
pode ser assim e amanhã assado. O tempo passa e muda tudo para melhor, pior, ou
simplesmente diferente ou indiferente. Hoje podemos estar apaixonados, ser
tomados por um sentimento ávido para ser vivido, mas o tempo passa e com ele
vai também essa avidez toda, e o mesmo de ontem que volta hoje, nos faz
perceber que ele lá ficou no ontem. De repente amanhã, quem sabe, o mesmo de
ontem volta de novo e se transforma em hoje – vai saber... só com o tempo.
Doido isso? Sim. Porque muitas vezes
o tempo é atemporal. O que significa que o tempo ainda não passou, e pode nunca
passar. Isso acontece muito com histórias inacabadas. Meio oferenda de Iemanjá,
que vai mais volta. Volta e bate, bate e fica, fica, fica, fica e vai, depois volta
e bate, bate e fica, fica, fica...
Ao mesmo tempo, só podemos comprimir
uma história depois que ela dilata e para ela dilatar é preciso tempo e também muitas
doses de paciência. Assim como curar uma dor, só passando por ela é que passa.
O tempo passa, a vida segue a dor se vai – e com ela o tempo trás novas histórias
que não voltam atrás.
O tempo ele existe para transpor, transformar,
responder, consolidar, construir, destruir ou esquecer. Ele tem uma infinidade
de verbos e tempos capazes de te confundir só para te fazer entender. Parece
fácil, mas é difícil.
Ontem, hoje e amanhã. Palavras que só
o tempo é capaz de definir, pontuar e fazer acontecer. Na maioria das vezes só
entendemos hoje o que aconteceu ontem o que só fará diferença amanhã. Às vezes
também, não vivemos ontem o que aconteceu hoje só para mostrar que não fará
qualquer diferença amanhã.
Doido isso? Sim, Porque o tempo dá o
tom que ele quer dar a vida. Mas, tendo tempo ou não, só o tempo dirá que tudo
pode acontecer, inclusive o nada!
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