terça-feira, 21 de agosto de 2012

O tempo não para.



O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem. Não sei se é bem assim o poeminha, mas é esse o tom do tempo que este texto tem.

O tempo pontua muitas coisas. Hoje algo pode ser assim e amanhã assado. O tempo passa e muda tudo para melhor, pior, ou simplesmente diferente ou indiferente. Hoje podemos estar apaixonados, ser tomados por um sentimento ávido para ser vivido, mas o tempo passa e com ele vai também essa avidez toda, e o mesmo de ontem que volta hoje, nos faz perceber que ele lá ficou no ontem. De repente amanhã, quem sabe, o mesmo de ontem volta de novo e se transforma em hoje – vai saber... só com o tempo.

Doido isso? Sim. Porque muitas vezes o tempo é atemporal. O que significa que o tempo ainda não passou, e pode nunca passar. Isso acontece muito com histórias inacabadas. Meio oferenda de Iemanjá, que vai mais volta. Volta e bate, bate e fica, fica, fica, fica e vai, depois volta e bate, bate e fica, fica, fica...

Ao mesmo tempo, só podemos comprimir uma história depois que ela dilata e para ela dilatar é preciso tempo e também muitas doses de paciência. Assim como curar uma dor, só passando por ela é que passa. O tempo passa, a vida segue a dor se vai – e com ela o tempo trás novas histórias que não voltam atrás.

O tempo ele existe para transpor, transformar, responder, consolidar, construir, destruir ou esquecer. Ele tem uma infinidade de verbos e tempos capazes de te confundir só para te fazer entender. Parece fácil, mas é difícil.

Ontem, hoje e amanhã. Palavras que só o tempo é capaz de definir, pontuar e fazer acontecer. Na maioria das vezes só entendemos hoje o que aconteceu ontem o que só fará diferença amanhã. Às vezes também, não vivemos ontem o que aconteceu hoje só para mostrar que não fará qualquer diferença amanhã.

Doido isso? Sim, Porque o tempo dá o tom que ele quer dar a vida. Mas, tendo tempo ou não, só o tempo dirá que tudo pode acontecer, inclusive o nada!

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