Quando o amor acaba?
Quando a gente resolve acabar com
ele, quando ele acaba com a gente, quando ele ou ela se vai, ou quando a gente
se perde dele a ponto de nem lembrar mais?
Dizem que todo amor é eterno e que se
não for eterno não é amor. Concordo em partes. Todo amor é amor, mas existem inúmeras
formas de amar. E não podemos compará-las, pois o amor é singular,
personalizado. E, se não se pode medir o amor, logo todo amor é eterno no tempo
exato que ele durar. Já dizia Vinícius.
Mas, quando o amor acaba?
Difícil responder. Porque o amor é um
sentimento do coração e por mais que racionalmente nos esforcemos, o sentimento
do coração é algo involuntário e são raras as vezes que conseguimos controlar o
que sentimos. Como disse, conseguimos controlar racionalmente a exposição do
que sentimos, mas genuinamente deixar de sentir, isso é outro papo.
Ele entrou pela porta. Estava lá ainda. Ouvi seus passos. Fazia eco.
Onde foi parar todo aquele colorido, aquela casa quente, feliz, decorada, tão preenchida
e aconchegante? Quando nos perdemos? Quando nos esvaziamos?
Você deslizou suas mãos pela minha cintura e me deu um beijo na nuca,
senti um calafrio ao invés de arrepio. Sem falar nada nos beijamos, nos
despimos. Você me jogou contra parede, me penetrou. Apertou meus seios e os
mordeu com força. Parecia querer me arrancar em pedaços. Puxei seus cabelos
pela lateral e olhei no fundo dos seus olhos, para nunca esquecer. Nos
devoramos sem falar nada. Arranhei suas costas inteiras para quem sabe diminuir
as marcas deixadas em mim. E depois de um gozo gritado nos libertamos. Vesti
minha roupa, você a sua e fomos abrir a porta para o corretor – e entregamos as
chaves.
Quando o amor acaba?
O
amor é o que acontece entre duas pessoas que não se conhecem bem. E ele acaba, na
maioria das vezes, depois dessas mesmas duas pessoas se conhecerem tão bem a
ponto de não se quererem mais. Mesmo que dentro de nós esse amor ainda exista,
amamos sempre algo ou alguém. E quando essa outra parte não responde mais, o amor
se perde, deixa de existir ainda que uma das partes o sinta e o queira.
Mas, o amor é uma fonte inesgotável
sempre. Pode-se transformar, reconquistar, renovar e sabemos nós, até transferir.
Por isso, Se não brilha mais, não insista. Lâmpada queimada não se arruma, se
troca por outra.