João e Maria brincavam no Facebook.
João convidou Maria para sair do computador e
brincar na floresta.
Maria aceitou, mas levou seu iphone super conectado – e com GPS.
Ao contrário da história infantil, onde os irmãos
João e Maria ao brincarem na floresta, se perdem e encontram uma casa de doces.
Nesta história, João não era irmão de Maria. Nas
famílias, ou melhor, nas histórias de hoje, as crianças são filhas únicas.
João, também não queria um pé de feijão, mas sim
viver um amor com Maria, de forma natural e saudável.
João queria viver um amor orgânico.
Mas, o que seria um amor orgânico?
Explica, João:
“Aquele criado sem agrotóxicos
modernos, com um cultivo do dia a dia sem a pressa da tecnologia, onde o
carinho é cultuado nos gestos mais simples e não numa tela de touch. De
momentos únicos, com o sorriso tirado de
um elogio e não de uma nova maneira de fazer um download rápido. Que se
fertiliza de conquistas diárias, com trocas, com declarações às vezes em um
olhar, em um toque, desses que não se
encontram em prateleiras - e que não
possuem bluetooth ativado. Aquele cultivado com água, vento, sol, chuva, frio e
não com a proteção de um cercado, e nele há pragas e as pragas são resistentes
pela persistência do amor. Que gera um relacionamento que não admite aditivo
nem conservantes e em hipótese alguma aceita variedade transgênica ou de
parceiros”.
Mas, apesar de sentimentos arrancados com raízes de
um coração e toda acessibilidade a Maria.
João, nunca conseguiu falar com palavras o que
Maria nem sabe se um dia gostaria de ouvir.
E assim, a História de João e Maria seguiu
compartilhada nas redes sociais de doces, cheia de cores, sabores, amigos,
acolhimento... todos curtindo um amor tântricamente moderno de inbox solitariamente mal assombrado.
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