quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um Amor de Condomínio



Sandrinha, nem tão recém mudada para seu apartamento próprio, se depara com um cartaz no elevador. “Caros Condôminos, não se esqueçam hoje às 20h da reunião de condomínio no salão de festas do bloco A. Assunto principal: cota extra”.
Sandrinha que comprara seu apartamento há pouco mais de dois anos e nunca havia ido a uma reunião de condomínio, se quer; resolveu deixar seu laptop, Ipad, Iphone, compras, bolsa da academia e todos os seus personal Apps e desceu lá no salão de festas do bloco A, a fim de conhecer seus vizinhos e participar como membro ativo daquilo que costumam chamar de reunião de condomínio. Mas, o que mais interessou Sandrinha na ata, foi o sorteio das novas vagas marcadas na garagem. Sandrinha era uma barbeira de plantão e sua vaga no estilo só para “Magaivers” era sempre uma dor de cabeça e um arranhão a mais em seu carro – e de outros - todo mês.
A reunião já havia começado, e os nervos já estavam tomados, na rivalidade entre as alas “naftalina, sim eu uso Corega!” – versus “Facebook, sim iposso!”. Discussões mil, sobre o transito dos cachorrinhos nos elevadores e áreas comuns, descamisados na academia, os cheiros estranhos do “tipo incenso” diariamente vindos de certos apartamentos e o som alto depois das 22h. Meninas que recebem muitas meninas e meninos que recebem muitos meninos. Os sons de casais apaixonados. As lavagens das varandas e dos carros na garagem. Se a babá pode entrar na piscina e se devem circular de uniforme, ou não.
Sandrinha olhou aquela discussão enlouquecida e identificou que a velha do conselho era a tal velha que ficava observando seu apartamento e reclamando na portaria para qualquer coisa que fosse colocada para secar na grade da janela da sua área de serviço, bem como a mesma que fazia “Cooper” na garagem pela manhã. Naquela discussão condominial, remediada pela velha louca - que chegou ao cúmulo de reclamar dos pingos em sua janela do ar condicionado do apartamento do 4º andar, sendo que ela mora no décimo. Sandrinha pensou: “Se cercar isso aqui vira hospício e se colocar toldo vira circo!”. Mas, indo um pouco mais além, Sandrinha pensou em sem querer atropelar a velha em seu “Cooper matutino” na garagem, já que tinha uma coleção de bilhetinhos dos simpáticos vizinhos “Sua barbeira, aprenda estacionar essa M....”.
Para completar, vira uma outra velha louca e fala para colocar em Ata - que ela guarda a chave da porta de sua casa na gaveta da cômoda do Hall e que se alguém roubar seu Portinari original, ela vai saber que foi alguém daquele salão do bloco A. E a justificativa da Velha para guardar a chave ali é que ela mora sozinha e pode ter alguma coisa, ou morrer a qualquer momento, sendo necessário entrar com facilidade no apartamento.
Ao ver aquela visão comum do “inferno”, Sandrinha entendeu o porquê de nunca ter ido a uma reunião de condomínio. E aceitou sem titubear a assinar a cota extra para a reforma do parquinho que se quer já foi.
Já haviam se passado mais de duas horas e nada do sorteio das vagas e Sandrinha percebeu algo bem mais produtivo ali... um belo moreno, na verdade nem tanto, de óculos, alto, esguio, de cabelos levemente cacheados e com um charmoso sorriso de canto - parecendo se divertir com aquela “gaiola de loucos”, sobre o nada, assim como ela.
Ele sorriu, ela sorriu. A distância, ele informou: “sou do 304”, ela: “sou do 301”. Ele: “Bloco A?”. Ela: “Bloco A”. Com ar indignado ele “Mas, nunca te vi”. E ela também indignada “Nem eu!”. E ambos sorriram. Ele pergunta: “Você está precisando de açúcar?”. Ela responde: “Não, mas de adoçante”. Ambos sorriram.
Sandrinha e Pedro, moravam ali já há alguns anos e nunca se encontraram, mas hoje o Paulinho filho do casal, brinca quase todos os dias no novo parquinho. E o sorteio das vagas? Pedro passou a estacionar o carro de Sandrinha e tudo ficou resolvido.

Moral da História: O amor é inusitado e sempre tem um endereço.

domingo, 28 de agosto de 2011

O Retrato da Mulher Moderna

Um interessante homem já descrente em encontrar a mulher perfeita: bonita, com belas curvas, inteligente, bem sucedida, sincera e simpática – pois, já parecia entender que não podia existir tudo num “pacote” só; um dia, em uma badalada festa, foi surpreendido por uma deslumbrante loira... alta, cabelos cumpridos, com curvas escondidas em um elegante e discreto vestido, seios fartos, unhas cumpridas e vermelhas, sorriso simpático e ar inteligente, fazendo parecer que podia existir sim tudo num pacote só.
Os olhos do interessante homem não conseguiam desviar da deslumbrante loira, e por obvio impulso, resolveu ir até ela levando duas taças de champagne e todo o seu charme. A deslumbrante loira foi receptiva e o papo fluiu naturalmente e logo o interessante homem percebeu que a deslumbrante loira era mais que deslumbrante: linda, simpática, doce, bem sucedida, de bons valores, culta, viajada, elegante, discreta, em forma... e o mais surpreendente, inteligente. Algum problema essa deslumbrante loira devia ter, afinal quando da esmola é demais, o Santo desconfia:
Ele – Posso te fazer uma pergunta?
Ela – Claro!
Ele – Você tem namorado, não tem?
Ela – Não....
Ele – Não consigo entender como uma mulher tão deslumbrante como você e ainda bem profissionalmente, pode estar sozinha...
Ela – Deve ser exatamente por isso... deslumbrante demais...
Ele – Impossível! Sorte a minha então...

E a deslumbrante loira sorriu...

Pronto! O clima estava criado e perfeito! E envolto por natural sinergia o interessante homem se aproximou da deslumbrante loira para beijá-la:

Ela – Desculpe, hoje não vai dar...
Ele – Por que? Tem algum ex por aqui?
Ela – Não é isso! Você é um homem super interessante, mas hoje não estou muito disposta.
Ele – Não entendi... agora me perdi, achei que você estava interessada.
Ela – Sabe o que é... fiz uma cirurgia recentemente e ainda estou me recuperando, entende?
Ele – Mas, está tudo bem com você?
Ela – Ah sim! Foi estética e não é a primeira.

Ele riu...
Ela riu...

Ele – Entendi.... posso saber o que você fez?
Ela – Dei uma melhorada nas curvas e uma avantajada na forma, se você me entende...

Os dois riram...

Ele – Pensei que esse lindo corpo era resultado de horas de academia..
Ela – Ahahah... não, não... tenho feito mais figuração na academia do que qualquer outra coisa.
Ele – Já que não posso abraçá-la, posso fazer um cafuné nesses seus lindos cumpridos cabelos dourados?
Ela – Pode.... mas, só cuidado para não se embaraçar no mega hair...
Ele – Mega hair? Nossa! Nem parece, pensei que fosse natural...

Ela riu...

Ele – Bom, será que em suas lindas mãos eu posso pegar?
Ela – Claro! Só não repara que esta unha de porcelana quebrou...
Ele – Nossa! Você me surpreende a cada segundo... posso saber o que de fato é natural?
Ela – O interior,é claro! Não é o que importa???

Naquele momento o interessante homem percebeu que o pacote completo existia sim, era a mulher moderna! Não existe mulher feia, acabada e burra, mas sim, mulher sem investimento!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

iReconhecíveis Mulheres


Esta rolando pela internet um textinho que faz todo o sentido que compara meninas de mulheres. Se eu mesma, uma mulher - quem sabe com doses ainda de menina, não tinha me dado conta disso; fico só imaginando os homens que não conseguem diferenciar a cor laranja da coral.

O texto diz: 
“Meninas esperam você ligar, mulheres te ligam sem problema;
Meninas encaram para depois ignorar, mulheres só te olham quando te escolhem;
Meninas reclamam do futebol, mulheres assistem os jogos com você; 
Meninas ligam para o que você tem, mulheres se importam com quem você é; 
Meninas ligam para o que as amigas falam, mulheres se importam com o que você sente;
Meninas condicionam seus carinhos, mulheres dão carinho incondicionalmente;
Meninas reclamam dos meninos que ainda não são homens, mulheres os transformam!!" 
 
Saber reconhecer uma mulher nos dias de hoje não é simplesmente complicado para os homens. Talvez seja complicado igual, ou mais, para nós - a nos dar esse reconhecimento e valor; simplesmente porque - com tanta falta de reconhecimento, julgamentos e cobranças, acabamos deixando erradamente de nos reconhecer.  
Não quero entrar na polêmica de que só os homens que estão acompanhados - e de grandes mulheres, sabem tratar bem uma mulher - de uma forma geral, nivelando por cima; pois talvez isso seja uma verdade injusta, ou até uma inverdade. O ponto é que nós mulheres não podemos deixar, ou transferir que o reconhecimento deva vir de fora para dentro. Ou nos transformar em “tratores” passando até por cima das rosas da feminilidade.  
A verdade é simples, já a vaidade - nem tato. Por isso, nos atrapalhamos, sabotamos e nos perdemos tantas vezes nos papeis. Mas, o fato é que meninas são meninas e mulheres são mulheres. Não julguemos, apenas lamentemos aqueles homens que não sabem se preferem meninas a mulheres, ou os que simplesmente não querem.   
Deus fez o homem e a mulher. Se fosse para sermos todos iguais, ele não nos teria feito diferentes. E um de nossos papeis é reproduzir, por algum motivo, Deus escolheu a gente e “ovulamente” com prazo de validade. E agora?  
Escuto muito as observações masculinas do “desespero” feminino em casar e ter filhos, ou em ter filhos, ou ter um amor para ter um filho. Infelizmente esse “fardo” existe para a nossa natureza nada atemporal; e se desapegar de algo que faz parte da sua natureza, do seu papel no ecossistema, é uma grande crueldade, diria até injustiça, ou até sem sentido. Não é a sociedade que nos cobra, ou os homens que nos julgam, mas sim a genética – e sem o direito de escolha da melhor fase para isso.  
Quando olhamos para os nossos irmãos, pais, queremos gerar essa continuidade – essas relações. Quem não quer? Que desperdício ser uma grande mulher, mas sem legados. Isso sim diria que é contra a nossa natureza. Mas, difícil a decisão que Deus nos deu para tomarmos com prazo, não é mesmo – sua louca desesperada?  
O amor moderno é atemporal, pode acontecer em qualquer fase ou idade. A paternidade hoje também. Quem sabe a genética não consegue evoluir a ponto de nos deixar com o livre arbítrio para frutificar, e nos livra desse cronômetro biológico. A psicanálise com a cura da solidão a um, a dois, a três a todos. E a economia para um futuro financeiramente mais sólido e estável.  
Mas, enquanto temos o que temos, felizes são as mulheres que se reconhecem como mulheres sem ir contra a genética, ou sem se desequilibrar com ela.  Felizes são os homens que percebem, querem e valorizam grandes mulheres, e sem medo vão e fazem meninas. Porém, mais felizes ainda são os encontros entre grandes mulheres e homens para belos frutos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Meia Noite sem virar Abóbora.



Ai ...Meia Noite em Paris. Quem não viu o filme, deveria assistir. Não só pela fotografia, porque Paris apesar de não ser o Rio de Janeiro; sempre será Paris - a cidade luz e que mais exala romantismo no mundo inteiro. Além de cenário, trilha sonora, bons atores e excelente roteiro. O filme retrata cada vez mais explícito o brilhantismo de Wood Allen - que vem se superando a cada filme, com maturidade e a marca de sempre.
É exatamente sobre isso que quero falar, sobre o brilhantismo, a “Idade do Ouro” – que tanto o filme fala e busca mostrar.
Um roteirista Hollywoodiano escolhe Paris nos anos 20 para desenhar a história de seu primeiro romance, época que queria viver. Com um roteiro “brincalhão no tempo”. O escritor pôde viver sua história nessa época, no petit comitê entre os gênios da pintura, música, literatura – da arte em geral que lotam museus, galerias e que fomenta o mercado cultural nos tempos de hoje, e que irá fomentar nos tempos eternos. Afinal, estamos falando de história, de patrimônio histórico.
Quem tem o prazer e interesse de viajar e estudar um pouco sobre arte/ história; poder ver ilustrado no cinema a “boemia cultural” de Picasso, Dali, Ernest Heminghay, Zelda e Scott Ftizgerald, Gertrude Stein, Cole Porter, Henri Matisse, Luis Buñel, entre outros artistas, que viviam na mesma época, eram amigos e circulavam nas mesmas “festinhas”, é um tanto quanto interessante. Ilustrativo mesmo, daquilo que lemos nos livros ou vemos em museus.
Mas, o que tanto encantava nos anos 20? Naquela época, o que tanto encantava a estes artistas, era a era Renascentista. Assim como o que tanto nos encanta nos tempos de hoje é a era da Bossa Nova, dos Beatleas, dos Rolling Stones – por exemplo.
Porque sempre achamos que o brilhantismo está num passado? Que a “Era ou idade do Ouro”, é sempre outra que não a nossa, que não fazem mais artistas ou pessoas como antigamente? Ok. Vou tirar a palavrinha “sempre”, porque seria radicalismo demasiado. Mas, a grande sacada é perceber que toda era é a “Idade do Ouro”, pois sem a era passada a atual não existiria e a futura não poderia existir. Cada era, de certa forma é a base, faz parte de uma evolução que querendo, ou não, você e eu iremos viver, nossos filhos e netos também. Até o grupo “É o Tchan” dos anos 90, ou o Funk dos anos 2000, tem o seu papel na arte da sociedade. Ok, estou fazendo força para pensar em qual - ainda mais depois de falar de Pablo Picasso.... mas foquemos no conceito da obra prima como um todo, ok?
Naquela época dos anos 20, não existia a Apple, Play Station, filme em 4D, e-commerce, ou ir a Lua. Indo mais trivialmente, não existia o Valium, Tylenol, silicone e nem o Miojo!! Vai dizer que isso não é arte e que não é brilhante? Sem falar nos Google Apps, GPS e toda essa conectividade. Isso não é brilhantismo?
Cada era tem o seu quadrado, o espaço evolutivo que pode ir até transbordar, e transbordando, vira uma nova era e assim sucessivamente.
Mas, trazendo isso para o cotidiano, vale pensar por que somos eternos insatisfeitos, que o jardim do vizinho é sempre mais bonito que o nosso, que a mulher do outro também é melhor que a nossa, que estamos sempre gordos, ou recamando de tudo que a gente tem e não tem.
A nossa era atual é a “Idade do Ouro”, é o brilhantismo que podemos ter com o que nós escolhemos, fazemos e que a vida nos disponibilizou. E o hoje será a base de nosso amanhã. Por isso, foquemos e brilhemos no hoje, pois quem fica com um pé no passado e outro no futuro, mija no presente.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Montanha Russa da Vida



“O nosso amor a gente inventa e quando acaba a gente pensa, que ele nunca existiu”. Seria tão bom se pudéssemos fazer isso também na vida real, né? Mas, na prática a vida não é assim; ela vem com realidades nada inventadas que precisamos administrar; e pelo simples fato dessas realidades existirem nos tornamos melhores administradores da vida e de nós mesmos.

Nesse mundo dinâmico, estamos aprendendo a ser, donos de nós, seres independentes, auto-suficientes e unicelulares, pois a vida virou uma eterna montanha russa, com altos e baixos sem garantias, avisos prévios, ou prazos de validade. Não estou dizendo que não precisamos de ninguém, ou que hoje somos seres egoístas perambulantes pela vida. Nada disso! Ao contrário, estamos cada vez mais carentes, por conta dessas “não garantias” e necessidade de auto-sobrevivência. Mas, essa auto-suficiência é necessária no aprendizado do recomeçar, no se reconstruir em qualquer idade ou fase de vida. Necessidade que não existia assim, tão explicitamente nos tempos antigos.

Hoje vivemos em um mundo sem estabilidade profissional, amorosa, familiar, emocional... Podemos encarar isso como uma crueldade do mundo atual, ou como uma evolução natural da espécie e oportunidade de sermos pessoas felizes por nós mesmas com capacidade de reconstrução e renovação cíclica.

O grande problema é que nós seres humanos não estamos preparados para as perdas, na verdade temos muito medo delas, fora que somos vaidosos, e isso muitas vezes nos paralisa para uma janela de oportunidades, e até a alcançar essa tal felicidade que tanto buscamos.

Tô chegando à conclusão que apesar dessa complexidade enorme que é viver, tudo é muito mais simples do que parece, e se desapegar de algumas coisas é fundamental para essa simplicidade. Com tanto dinamismo, fazemos mais coisas, somos mais cobrados, nos cobramos mais também e por conta desse “bololô” todo, nos expomos mais ao risco de errar, acertar, perder e ganhar, e nos tornamos mais exigentes. Mas, com o tempo percebemos que só quem perde tudo, perde também o medo, e que perdendo o medo, aprendemos a nos reconstruir sempre em qualquer fase ou época de nossas vidas, tornando-nos mais flexíveis.

Não tem jeito fofinho, só se aprende mesmo através do caminho da dor e quando a dor passa, ela passa e mais forte ficamos. Ter altos e baixos, não é um privilégio seu ou meu, é nosso, é uma realidade e por isso essa “auto-suficiência reconstrutiva” é tão necessária, pois nem sempre estaremos acompanhados nessa montanha russa, ou poderemos transferir nossos problemas para os outros.

Por incrível que pareça, a vida não é tão “carrasca” assim quanto a gente acha, ou parece. As rasteiras, decepções, mudanças, e decisões que ela toma por nós, nada mais são um “Acorda aí meu irmão!”. Até a morte, a maior perda que podemos ter, tem grandes aprendizados por trás, que passa pelo desapego e auto suficiência falados lá em cima. Pode não parecer, mas tudo tem uma explicação, que só com o tempo junto com as ações e forma que decidimos ver e lidar com esses acontecimentos saberemos os resultados.

E a conclusão que chego disso tudo é que a felicidade está em nós, que o mal não vem desacompanhado do bem, que se você não acredita mais em algo, é hora sim de mudar e mudar te abre um mundo de possibilidades. Mas, principalmente que se a vida é essa eterna montanha russa, estaremos em constante emoção e estar em constante emoção é estar vivo, logo tudo isso que esta acontecendo não poderia ser diferente, não é mesmo? Por isso, pare, pense e aproveite essa deliciosa merda que é viver!