Sandrinha, nem tão recém mudada para seu apartamento próprio, se depara com um cartaz no elevador. “Caros Condôminos, não se esqueçam hoje às 20h da reunião de condomínio no salão de festas do bloco A. Assunto principal: cota extra”.
Sandrinha que comprara seu apartamento há pouco mais de dois anos e nunca havia ido a uma reunião de condomínio, se quer; resolveu deixar seu laptop, Ipad, Iphone, compras, bolsa da academia e todos os seus personal Apps e desceu lá no salão de festas do bloco A, a fim de conhecer seus vizinhos e participar como membro ativo daquilo que costumam chamar de reunião de condomínio. Mas, o que mais interessou Sandrinha na ata, foi o sorteio das novas vagas marcadas na garagem. Sandrinha era uma barbeira de plantão e sua vaga no estilo só para “Magaivers” era sempre uma dor de cabeça e um arranhão a mais em seu carro – e de outros - todo mês.
A reunião já havia começado, e os nervos já estavam tomados, na rivalidade entre as alas “naftalina, sim eu uso Corega!” – versus “Facebook, sim iposso!”. Discussões mil, sobre o transito dos cachorrinhos nos elevadores e áreas comuns, descamisados na academia, os cheiros estranhos do “tipo incenso” diariamente vindos de certos apartamentos e o som alto depois das 22h. Meninas que recebem muitas meninas e meninos que recebem muitos meninos. Os sons de casais apaixonados. As lavagens das varandas e dos carros na garagem. Se a babá pode entrar na piscina e se devem circular de uniforme, ou não.
Sandrinha olhou aquela discussão enlouquecida e identificou que a velha do conselho era a tal velha que ficava observando seu apartamento e reclamando na portaria para qualquer coisa que fosse colocada para secar na grade da janela da sua área de serviço, bem como a mesma que fazia “Cooper” na garagem pela manhã. Naquela discussão condominial, remediada pela velha louca - que chegou ao cúmulo de reclamar dos pingos em sua janela do ar condicionado do apartamento do 4º andar, sendo que ela mora no décimo. Sandrinha pensou: “Se cercar isso aqui vira hospício e se colocar toldo vira circo!”. Mas, indo um pouco mais além, Sandrinha pensou em sem querer atropelar a velha em seu “Cooper matutino” na garagem, já que tinha uma coleção de bilhetinhos dos simpáticos vizinhos “Sua barbeira, aprenda estacionar essa M....”.
Para completar, vira uma outra velha louca e fala para colocar em Ata - que ela guarda a chave da porta de sua casa na gaveta da cômoda do Hall e que se alguém roubar seu Portinari original, ela vai saber que foi alguém daquele salão do bloco A. E a justificativa da Velha para guardar a chave ali é que ela mora sozinha e pode ter alguma coisa, ou morrer a qualquer momento, sendo necessário entrar com facilidade no apartamento.
Ao ver aquela visão comum do “inferno”, Sandrinha entendeu o porquê de nunca ter ido a uma reunião de condomínio. E aceitou sem titubear a assinar a cota extra para a reforma do parquinho que se quer já foi.
Já haviam se passado mais de duas horas e nada do sorteio das vagas e Sandrinha percebeu algo bem mais produtivo ali... um belo moreno, na verdade nem tanto, de óculos, alto, esguio, de cabelos levemente cacheados e com um charmoso sorriso de canto - parecendo se divertir com aquela “gaiola de loucos”, sobre o nada, assim como ela.
Ele sorriu, ela sorriu. A distância, ele informou: “sou do 304”, ela: “sou do 301”. Ele: “Bloco A?”. Ela: “Bloco A”. Com ar indignado ele “Mas, nunca te vi”. E ela também indignada “Nem eu!”. E ambos sorriram. Ele pergunta: “Você está precisando de açúcar?”. Ela responde: “Não, mas de adoçante”. Ambos sorriram.
Sandrinha e Pedro, moravam ali já há alguns anos e nunca se encontraram, mas hoje o Paulinho filho do casal, brinca quase todos os dias no novo parquinho. E o sorteio das vagas? Pedro passou a estacionar o carro de Sandrinha e tudo ficou resolvido.
Moral da História: O amor é inusitado e sempre tem um endereço.
3 comentários:
adoreiii amiga!!! super leve e engraçadinho...parece que jah ouvi antes essa historia...rsrs
Eu já vi esse filme..rsrs.Adorei!! Parabéns..bjs
Fofa amiga!!! Amei!!!!
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