quinta-feira, 23 de abril de 2015

Sinto saudades do que ainda não vivemos


Sinto saudades do que ainda não vivemos.

Não foi exatamente esta frase, mas foi exatamente isso, nesse tempo verbal.

A frase ainda veio com um: se é que é possível.

Sim é possível. Poesia sofrida essa, não é mesmo?

As relações estão assim, interrompidas, invividas - idealizadas no sentimento de felicidade e dor.

Vivemos na imaginação do imaginar e na intolerância do viver.

A imaginação ficou mais confortável que o conforto de se confortar com alguém, em alguém, em algo, ou alguma coisa.

Dormimos livres e acordamos sozinhos.

Saudades do não vivido. Quantas vezes senti isso, quantas vezes imaginei esse não vivido só para me sentir feliz no imaginar.

Saudades daquela viagem que não fiz, daquela música que não compus, da megassena que não ganhei, das palavras que não disse, daquele beijo que não dei... ou da coragem que não tive em dizer: espere, não vá.

O medo é o maior aliado da imaginação. E a imaginação, um belo doce de chantili para o medo.

E no compasso desse doce acuado, o que resta é o vazio da saudade do que nunca vai se viver.


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