Todos os dias conhecemos pessoas. Todos os dias interagimos, trocamos e
julgamos. A cada interação, um julgamento: Fulano? Ihhh não presta, Cicrano
péssimo pai. Joana? Tá enorme de gorda.
Adoramos nos meter na vida dos outros e apontar as falhas. Como somos
bons de crítica, não é mesmo?
Quem tem filho então, sabe muito bem de como se metem na criação de seus
pimpolhos. Vai dar um iPad para criança? Essa papinha tem muita fibra, vai dar
gases.
Nossos olhos, se deixarmos, viciam nas falhas, nos erros, no que não
foi.
Interagimos uma vez com alguém e já rotulamos. Nossa fotografia
momentânea não leva em consideração tudo o que aquela pessoa viveu e foi muito
antes de conhecê-la.
Nossa generosidade é navalhada por nossas opiniões instantâneas nem
sempre fundamentadas. Tipo: Nunca viajou de navio, mas diz que é um horror.
Julgar é fácil, ter conhecimento de causa requer envolvimento e
dedicação.
Julgar é mais fácil do que descobrir o que não se sabe ou vê.
Cada pessoa tem uma história e de repente esse ruim (dentro de seu
conceito) que você interagiu agora pode ser já uma grande evolução do Fulano em
questão.
Quando julgamos alguém de cara, perdemos a oportunidade de descobrir o
melhor dessa pessoa. Ficamos cegos e ela invisível, quando não um elefante que
incomoda muita gente, ou só a você.
Quando mudamos nosso olhar em relação ao outro, nos damos a oportunidade
de sermos surpreendidos positivamente. Posso dizer também que o contrário
também acontece. Mas nesse texto, nesse contexto, falo do nosso mau hábito de
olhar o pior de tudo. Às vezes o outro está dando o melhor que pode oferecer
naquele momento, mas para nossos padrões é insuficiente.
Na verdade não interagimos com o outro, interagimos com a expectativa
que criamos sobre o outro. Logo, não interagimos. Enxergar o outro é doar-se e
nem sempre estamos dispostos a nos doar, queremos receber, cobrar - mais fácil.
Clichemente falando é a teoria de enxergar o copo meio cheio ou meio
vazio. Se você não sabe a diferença é porque não sabe como está
enxergando a vida. Quando não sabemos o que somos ou o que enxergamos,
precisamos nos reconhecer através da opinião dos outros e por isso somos tão
influenciados pelo julgamento alheio.
Como está seu copo?
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