Era uma vez uma cidade onde tudo era gigante, a Gigalândia. Tudo era
grande, as casas, os carros, as igrejas, os colégios e até o escorrega da praça
era gigante. Em São Paulo tem uma cidade assim, que se chama Itú, mas não era
Itú, porque em Itú as coisas são grandes, na Gigalândia as pessoas, os bichos,
até os insetos e as flores eram enormes. Parecia que tudo tinha tomado fermento
e ficou maior do que o normal. Apesar de que o normal para eles era o grande.
Um dia nasceu um menininho e ele era bem pequenininho. A população da
Gigalândia não entendeu nada, de como daquele barrigão, nasceu aquele bebezinho.
Então resolveram chamá-lo de Gigantinho.
Gigantinho cresceu, ou melhor não cresceu, na verdade cresceu, mas só um
pouquinho. No colégio ele ouvia brincadeiras, ganhava apelidos e risadas, mas
ele sabia que era especial. Ele era o Gigantinho. O único que podia se esconder
fácil, correr mais ligeiro atrás da bola, e passar por lugares que só ele
passava. Sem fazer força via as calcinhas das gigantonas e contava as cores aos
coleguinhas. E todos davam aquela risadinha, enquanto elas ficavam bravas e
rosadinhas.
Gigantinho sabia que o mundo era grande e muito maior que ele, mas não
se sentia pequeno não, ele sabia que a grandeza estava dentro dele. Ás vezes
ele ficava triste por ser pequenininho, ao mesmo tempo, Gigantinho gostava de
ser diferente, afinal ele era único. E depois de ficar triste, se sentia bem só
por ser único. O comum era muito comum e ele não via muita graça nisso.
Gigantinho tinha um bichinho, que no caso dele era um bichão. Seu
cachorro e amigo se chamava Lambão, uma lambida do Lambão, molhava todo o
Gigantinho, tadinho. Lambão não era fácil, por isso ganhou esse nome. Só fazia
lambanças. A que mais gostava era se jogar entre as latas de lixo da cidade e
esparramar tudo em volta. Gigantinho tentava ensiná-lo, mas não tinha jeito,
Lambão era um lambento!
Enquanto os outros meninos levavam seus cachorros e bichos para passear,
Gigantinho sentava na garupa do Lambão e o deixava levá-lo para lugares a
descobrir. Assim ao invés de controlar o mundo, Gigantinho descobria o mundo.
Eles eram bons amigos. Um dia Lambão levou Gigantinho a passear, subiu
numa montanha muito, muito muito grande, foi um passeio longo. Gigantinho
estava cansado, mas o Lambão não parava de subir. Até que eles chegaram ao topo,
onde se podia ver toda a cidade. Gigalândia estava bem pequenininha. Como isso
podia ser? Aquele cidade enorme, pequeninha? Menor que o Gigantinho!
Por alguns minutos Gigantinho ficou um pouco confuso, mas depois
entendeu que se sentir pequeno ou grande é apenas uma questão de perspectiva.
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