terça-feira, 2 de julho de 2013

Cheio de si


O fato perguntou ao fato o que de fato é. Porque nem sempre o que é de fato, de fato é.

Escrever palavras belas, ter boas ideias, boas histórias é fácil. Fazer os outros rirem, olhar com poesia, é politicamente correto para o emocional, para um dia de sol, para um final de semana na praia. Se o bem vence o mal, que mal há tem em viver um pouco no lodo? Seria o mal a realidade sem colorido, purpurina, ou trilha sonora?

Nem todos os dias são azuis, nem todas as pedras no caminho podemos retirar, e nem para todo mal há cura. A vida não é fácil para ninguém, e nem sempre o sucesso ou os aplausos são o reconhecimento que gostaríamos de ter. Muitas vezes seguimos vivendo uma vida que não escolhemos ou queremos viver, mas que devemos aceitar somente pelo fato de que não podemos mudar os fatos.

Tem vezes que estamos tão infelizes que encontramos a felicidade até na infelicidade.

Não é o esforço, dedicação, realização, ou um Oscar que dita uma obrigação de sentimento. Podemos ser o Picasso e ainda sim nos sentir desperdiçados, vazios, sós. Aí, vivemos intensamente o presente submersos numa ansiedade só para chegarmos logo no futuro – e que pode nunca chegar.

Mas tem horas que até a gente fica cheio de si.

O destino não vem com identidade, ele só é certeiro para uns e desajeitado para outros. Se é destino ou não, o fato é o que realmente de fato é... por puro destino, escolhas ou acaso.

Se o tempo só anda de ida, por que ele não passa depressa? Ou passa tão depressa que quando olhamos está passado, já foi, virou ontem com cirrose.  

Ó vida ó céus, que vida cruel! Eu só quero o bem, meu bem... mas você cisma em cismar. Já nem sei se me transformei no que sou, ou se sou o que me transformei. Só sei que não acho esse maldito remédio que pode me ajudar a passar esses quatro dias de TPM.  

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