segunda-feira, 6 de maio de 2013

Parte dos rodopios da A bailarina da loja de tapetes - por Ana Corujo

"Lembro-me perfeitamente de quando a ganhei, tinha oito anos. Meu pai chegou com uma caixa de presente e pensei que era um sapato, mas quando senti o peso e a chacoalhei, ouvi um barulho. Não sabia o que era e a desembrulhei com cuidado. Dentro havia uma caixinha de madeira preta de verniz. Podia ver minha imagem refletida nela, de tão brilhosa. Não havia um arranhão sequer. Quando abri a caixinha, meio que por um rodopio, surgiu uma bailarina. Me assustei. Não sabia ao certo o que era aquilo, ou para que servia, mas ao ver aquela bailarina, rodopiando na melodia de Beethoven, senti que aquele era um presente especial.

Lógico que aos oito anos eu não sabia quem era Beethoven. Minha reação foi dizer:

–– Pai, essa não é a música do caminhão de gás?

Anos depois fui entender sobre a música e o bilhete que meu pai havia deixado dentro dela.

Pour Ana Beatriz

A mais simples das minhas mais complexas obras".



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