quarta-feira, 24 de abril de 2013

Fada ou arbusto?




- O que é que tem ali?
- Não tem nada, é um arbusto.
- Mas eu vi uma sombra se mexendo.
- É o vento das folhas, não é nada.
- E se for uma fada?
- Não é fada.
- E se for uma bruxa?
- Não e uma bruxa, fica quietinha agora , ou vai pra cama já.
- Seria tão bom se aparecesse uma fada aqui pra gente, né mãe?
- Seria. Agora sossega.

(Trecho do livro Mar de dentro -  Lya Luft)

Quando perdemos a magia? Quando paramos de acreditar?

Seria tão bom poder amadurecer sem perder o olhar da pureza sonhada das crianças. Quando deixamos de ser criança e passamos a ser rocha, céticos, marcados por arranhões? A culpa foi do tempo, da vida ou fomos nós que nos deixamos de castigo, para ficarmos assim?

Assim como? Assim..... duro, pesado, sem cheiro, sem cor, chatos, achatados... e não foi de propósito, foi sem sentir, não querendo, mas foi. Quando a gente viu, já foi, já é, ficou. Mas, não era assim, era? Não, não era... Mas ficou sem fada, fadado a isso até que a gente se pare e se junte ao que separa os livros dos contos de fadas de nós.  

Nós mulheres temos capacidade enorme de dar asas a imaginação a histórias ilusórias, ou que não vão dar em nada. Somos especialistas em imaginar o que passa na cabeça do homem, mesmo quando não está se passando nada, ele só não está muito a fim de conversar, e só, e só... sem legendas – pena que a gente nunca entende. Nesses casos ao invés de fadas, vemos monstros e assombrações tenebrosas, só para sofrer sem qualquer fundamento.

Substituímos a imaginação leve, infantil, pura – a nosso favor, pela pesada, aquela que nos boicota e totalmente do contra.  

Vou te contar um historia, outro dia confundi uma fada com um arbusto. A fada era a beleza de viver o melhor que se podia viver naquele momento, naquela viagem, naquele encontro ou reencontro, no programa de TV com a família, no sexo semanal. Já o arbusto atrapalhava a visão, podia ser mais verde, estar em outro lugar, ou não me custar mais dinheiro. Estava tão impaciente com aquele maldito arbusto, que jamais perceberia que ao invés de arbusto poderia ser uma fada... e nessa impercepcão da rotina a beleza da vida morreu prematura.

Um comentário:

AMM disse...

SÓ O FATO DE VC ESCREVER SOBRE A MAGIA DA INFANCIA, JÁ NOS TROUXE A FADA DE VOLTA.
OBRIGADA. BJUS