Estamos desde Junho vivendo na base da Lei Seca. Uma população festeira que após a modificação do Código de Trânsito Brasileiro teve que se adaptar a um novo estilo de vida, principalmente noturno. A implementação da Lei Seca gerou muita polêmica pelo país, devido sua rigidez e tolerância de apenas 0,2 mg por litro de ar expelido - que traduzindo, quer dizer que nem um choppinho é permitido, e até um bombom de licor pode não passar no teste do bafômetro e render uma multa de R$955,00. Será que alguém pode me dizer para onde vai esse dinheiro?
Nesses dois meses de “tolerância zero” com a bebida e “bebuns de plantão” que saem por aí a colocar em risco a vida de outros “bebuns” e sóbrios no trânsito; alguns resultados já começaram a aparecer - positivos e negativos. Pela primeira vez em quatro anos, a Polícia Rodoviária Federal registrou o menor número de mortes no mês de julho, que caiu 14,5,% em relação à mesma época de 2007. Ao mesmo tempo nasceu uma máfia policial com uso inadequado (por conta própria) do bafômetro, para a extorsão de dinheiro dos “pilotos bebuns”.
Porém, o que me diverte e encanta nesse processo todo é a versatilidade do brasileiro em não perder o espírito festeiro e criar oportunidades de trabalho, soluções e modelos para ser um “bebum consciente e feliz”. Afinal, cortar a bebida? Jamais! Como ficariam os papos nas mesas de bar? Como as festas ficariam sem o “bebum da corte”? Qual seria o papo do dia seguinte? Qual seria agora o papel do sóbrio que conta tudo o que o “bebum desmemoriado” fez? Sem a bebida teríamos que nos tornar pessoas responsáveis e não mais poderíamos colocar toda nossa consciente culpa nela - mesmo sabendo que é ela quem faz a besteira e nós é quem pagamos o “pato”! Melhor que história de “bebum” é “bebum” contando história de “bebum”!
Vai dizer que aquele pilequinho não é uma delícia? Que tomar um vinho, “perder a linha” com os amigos, fazer aquela comemoração, não é algo inesquecível (mesmo quando a gente não se lembra)? E se entregar aos “braços de Morfeu “ depois de uma dose, duas, três...? O problema da bebida é a sua dosagem, dependência que pode causar e reações que pode gerar ao longo da noite, do dia, ou da vida.
Segundo alguns “bebuns especialistas” de plantão, e estudiosos na pratica de beber: existem fases etílicas tanto para o homem, quanto para a mulher.
Para o homem são 3 fases: Bonito; Rico e Invisível.
Na primeira fase, com poucas doses , o homem é o Bonito: começa a se soltar, fica auto-confiante com o seu whisky na mão, rodando para lá e para cá, e se acha o mais sedutor e bonito dos homens; capaz até de ganhar qualquer mulher, no seu melhor estilo “Cepacol” de ser (aquele personagem do anúncio, totalmente sedutor). Já na segunda fase, com mais algumas doses, o homem passa para um outro estágio, pois ele começa a se achar além de bonito, rico. Paga bebida para todo mundo, se sente o dono do mundo, quer celebrar tudo naquela noite, confraternizar; onde dinheiro não é problema, pois ele é o todo poderoso, dono do mundo e com uma gorda conta bancária. Aí na terceira fase, com todas as doses possíveis de tudo que encontrou pela frente, a coisa começa a complicar, pois o homem além de achar que é bonito e rico, ele também acha que é invisível; e que ninguém está vendo todas as gafes, besteiras e atrapalhadas que só um completo “bebum” pode fazer! E pior, no dia seguinte ele jura que ele não fez nada daquilo e que aquele completo “bebum” não era ele, mas sim outra pessoa!
Para as mulheres as fases da bebida são um pouco diferente: Princesa, Sexy e Emocional.
Na primeira fase, com poucas doses, a mulher é uma Princesa, uma Lady que bebe drinks femininos, como espumantes em geral, vinho, Cosmopolitan, Martines e Caipe- alguma coisa de frutas (sempre com adoçante). Fica comedida, glamourosa, sedutoramente sentada e comportada no habitual “tititi” com as amigas. Na segunda fase, já com os efeitos das doses da primeira; o glamour dos drinks iniciais dão espaço também a bebidas mais pesadas, como shots de tequilas e “bicadas” aleatórias dos drinks dos amigos; e aquela mulher que até o momento era uma Princesa, incorpora a “femme fatale” e vai para a pista dançar até o chão – mas, jurando que não quer chamar a atenção do sexo oposto, e que está ali somente por causa da música e da farra com amigas. Nessa fase, ela acha que ninguém percebe também as tropeçadas e tombos da ex-princesa e atual “bebum”, pois segundo ela ninguém fica bêbada com um drink só. Na terceira fase, já com todas as doses, bicadas e copos de cerveja para matar a sede depois de tanto dançar; bate na mulher aquela sensação de felicidade ou de total depressão. Aí, entra em cena a emocional que discursa para o mundo todo o seu amor, admiração e como cada um é, foi, e sempre será importante. O “Chororô” com todas as declarações e lamúrias possíveis começa, até via torpedo e celular. Quando a mulher emocional entra em ação, a sóbria de plantão não pode fazer nada além de ouvir e aturar o “chororó” e diarréia verbal da amiga “bebum”, na hora e depois, pois é certa a “ressaca moral” no dia seguinte.
Não podemos negar que a bebida tem um papel social, diria até institucional às vezes na vida das pessoas. Porém, cada um deve saber dosar a sua própria dose e ser um “bebum socialmente correto” - com ou sem Lei Seca.
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