Olhei para a porta azul. Era linda, azul.
A porta azul. Minha porta azul. Ali, há anos. Nela uma fechadura. Podia olhar
através, mas preferia admirá-la de longe, distante. Tão linda minha porta azul.
Era a menina da porta azul.
Queria olhar por aquela fechadura grande,
mas tinha medo do que poderia encontrar do outro lado. Olhar aquela porta azul
já me fazia sorrir.
Mas como quem não quer nada, me aproximei
quebrando a distância e fui bisbilhotar.
Vi um parque verde, grande, florido, e
também azul, onde o amor brincava com a paciência. A sabedoria com o silêncio. A
alegria com a compaixão. A felicidade não estava de canto, ela
rodopiava com a auto estima e de mãos dadas criavam um círculo na ansiedade. A
raiva conversava com a consciência, e a vingança arrumava as malas para ir
embora, para onde não sei. A tolerância pedia espaço para passar e a conquista
regava as flores. A paixão pegava um sol, os sonhos soltavam pipa e a tristeza
não vi. Procurei, procurei e a encontrei encostada numa árvore quieta lendo um livro.
Mas e o medo? Não estava lá, ele estava aqui desse lado.
De repente algo se aproximou da fechadura
que tampou minha visão. Não sabia o que era. A porta azul se abriu. Era a coragem me
puxando para brincar. Segurei sua mão e percebi que para chegar aos melhores
lugares precisamos atravessar a porta azul.
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