sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A porta azul


Olhei para a porta azul. Era linda, azul. A porta azul. Minha porta azul. Ali, há anos. Nela uma fechadura. Podia olhar através, mas preferia admirá-la de longe, distante. Tão linda minha porta azul. Era a menina da porta azul.

Queria olhar por aquela fechadura grande, mas tinha medo do que poderia encontrar do outro lado. Olhar aquela porta azul já me fazia sorrir.
Mas como quem não quer nada, me aproximei quebrando a distância e fui bisbilhotar.

Vi um parque verde, grande, florido, e também azul, onde o amor brincava com a paciência. A sabedoria com o silêncio. A alegria com a compaixão. A felicidade não estava de canto, ela rodopiava com a auto estima e de mãos dadas criavam um círculo na ansiedade. A raiva conversava com a consciência, e a vingança arrumava as malas para ir embora, para onde não sei. A tolerância pedia espaço para passar e a conquista regava as flores. A paixão pegava um sol, os sonhos soltavam pipa e a tristeza não vi. Procurei, procurei e a encontrei encostada numa árvore quieta lendo um livro. Mas e o medo? Não estava lá, ele estava aqui desse lado.

De repente algo se aproximou da fechadura que tampou minha visão. Não sabia o que era.  A porta azul se abriu. Era a coragem me puxando para brincar. Segurei sua mão e percebi que para chegar aos melhores lugares precisamos atravessar a porta azul.

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