domingo, 22 de novembro de 2015

O coração precisa de direção.



Outro dia ouvi uma frase: o coração precisa de direção. Assim como ouvi também no parque um cara dizer que peidava, arrotava e ia ao banheiro, afinal ele era humano.

Sim. Ouvimos muitas coisas por aí, afinal somos humanos e justamente por sermos humanos tendemos ficar desgovernados quando não temos direção. No filme Alice do país das maravilhas o gato disse a ela: para quem não sabe onde vai, qualquer caminho é caminho. Ou algo parecido com isso. Ninguém está perdido quando não se sabe para onde vai.

O coração precisa de direção para não se perder por aí batendo cabeça em qualquer fantasia, ou escolher qualquer caminho. 

Um coração sem diretrizes se apaixona pelo imaginário e não o real. Ele se apaixona pela sensação causada daquele sentir por impulso.

Problema isso? Não. Sentir nunca é problema, a sofrência sim.

Muitos dizem que procuram um amor. Mas defina esse amor, dê diretrizes a ele, entenda os vazios de sua ausência. O amor não deve ser um tapa buraco. Ou algo vago transferido para Deus escolher. Até porque ele pode mandar qualquer coisa.

O coração precisa de direção, até para termos sonhos concretos, realizáveis; não fantasias soltas.Um coração com direção erra menos, sofre menos, pulsa conforme a música, vibra quando sabe que chegou onde queria.

Direcionar um coração não é controlar os batimentos cardíacos ou o rumo dos sentimentos. Direcionar um coração é apenas dar uma bússola para os sonhos, desejos e possibilidades. Afinal quem direciona mais erra menos, sofre menos.


Então, para onde vou?

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A porta azul


Olhei para a porta azul. Era linda, azul. A porta azul. Minha porta azul. Ali, há anos. Nela uma fechadura. Podia olhar através, mas preferia admirá-la de longe, distante. Tão linda minha porta azul. Era a menina da porta azul.

Queria olhar por aquela fechadura grande, mas tinha medo do que poderia encontrar do outro lado. Olhar aquela porta azul já me fazia sorrir.
Mas como quem não quer nada, me aproximei quebrando a distância e fui bisbilhotar.

Vi um parque verde, grande, florido, e também azul, onde o amor brincava com a paciência. A sabedoria com o silêncio. A alegria com a compaixão. A felicidade não estava de canto, ela rodopiava com a auto estima e de mãos dadas criavam um círculo na ansiedade. A raiva conversava com a consciência, e a vingança arrumava as malas para ir embora, para onde não sei. A tolerância pedia espaço para passar e a conquista regava as flores. A paixão pegava um sol, os sonhos soltavam pipa e a tristeza não vi. Procurei, procurei e a encontrei encostada numa árvore quieta lendo um livro. Mas e o medo? Não estava lá, ele estava aqui desse lado.

De repente algo se aproximou da fechadura que tampou minha visão. Não sabia o que era.  A porta azul se abriu. Era a coragem me puxando para brincar. Segurei sua mão e percebi que para chegar aos melhores lugares precisamos atravessar a porta azul.

Tudo passará e eu passarinho



Polemizei nas redes sociais quando informei sobre minha cirurgia para a retirada de um câncer na tireóide. Para os não informados o câncer de tireóide é o câncer mais mequetrefe de todos. Tipo tirar um apêndice. Dizem que se algum dia você tiver algum tipo de câncer, que seja o de tireóide.

Pois é, esse que me foi dado e esse mesmo já foi retirado.

Mequetrefe ou não, nós não estamos preparados para as vulnerabilidades. E não estou falando só de doenças. Estou falando de tudo que é inerente às nossas vontades. Tentamos evitar a dor ao máximo, tentamos não ter perdas, tentamos até ser felizes. Por incrível que pareça temos medo também da felicidade.

Temos medo daquilo que não podemos controlar.

Mas, como o que não podemos controlar pode nos ensinar?

Bom, tirando os exames que precisamos fazer periodicamente, principalmente depois dos trinta e o plano de saúde, que se você não tem favor fazer. Saiba que ao procurar, vai achar. Nem que seja uma coisinha aqui ou ali, tipo carro na oficina. E quer saber? Daqui para frente é isso mesmo.  Infelizmente estamos nos aproximando da era: Prazer, qual a sua doença?

O que for importante trate e o que não for conviva.

Hoje com tanta tecnologia a medicina preventiva virou um excesso, então aprenda também a passar na peneira certas coisas e tente no dia a dia cuidar da saúde e não da doença. medicina trata doença, bons hábitos geram saúde.

Precisamos aprender a gerar saúde física e mental, assim evitaremos doenças físicas e mentais.

De qualquer forma existe essa tal inerência. No meu caso nunca achei que fosse ter câncer, até porque sendo essa diarréia verbal achei que minhas doenças eram verbalmente tratáveis. Mas não é assim que a banda toca. Existe também a hereditariedade e todos os outros mil fatores que nunca saberemos explicar.

Recentemente o pai de uma amiga faleceu de câncer. Mais um de muitos. E o que eles aprenderam? Um câncer de 15 anos deu a família uma união, uma troca, uma cumplicidade e solidez que talvez sem ele não existisse.

Tudo tem uma razão mesmo sem qualquer razão.

Às vezes bato um papo com o cara lá de cima pedindo um FAQ para certos questionamentos, e chego a conclusão que a resposta para essas perguntas é a fé. A fé é a maior das forças, a maior das respostas, o maior remédio. A fé explica tudo que a gente não consegue entender e é o grande catalisador de nossas forças.


Não sou melhor que ninguém ou mais forte. Mas talvez aqueles com mais fé tenham mais força sim. Então exercite a fé, que a cura, qual quer que seja virá, nem que seja o fim. A cura está sempre dentro de nós. Então... Tudo passará e nos passarinho.