sábado, 28 de março de 2015

Suicidei-mal

Decidi me matar, é não foi fácil essa decisão. Mas para um mundo cruel, se matar é o maior dos livres arbítrios, que se pode se dar.

Porém, antes de me matar quero fazer uma negociação com Deus.

Querido Deus, vou me despedir dessa vida, por ela ser muito injusta comigo. Não sei onde foi que errei, se errei, mas o fato é que errei... Não  sei o que quero profissionalmente, tenho dificuldades em pagar minhas contas, minha família não liga para mim, meus amigos estão todos melhores que eu, e não dou sorte no amor.  As mulheres me odeiam. É desilusão atrás de desilusão; injusto, injusto, injusto.

Já tentei entender, fiz terapia e o que temos para hoje não me agrada. Cansei de buscar a essa tal felicidade, que nunca chega. Por isso me vou. Sem ofensas, Deus.

Imagino que você tenha outras prioridades a atender meus pedidos ou promessas feitas. Não quero mais nada pra esta vida, só sair dela, por isso decidi me matar, simples assim.

Quem foi que disse que sou obrigado a ser aprisionado numa vida que não quero viver? Eu hein... sai de mim. Opa! Não consigo e por isso, resolvi me matar. Quero sair de mim.

Deus vem cá, sei que você não prega a reencarnação, mas antes de me matar queria negociar essa minha vida por outra próxima... se esta não está  legal, next, né?! Podíamos criar um aplicativo para isso, o que acha? Hoje tá tudo assim: não gostei de você, next; cansei desse emprego, next; essa vida não é para mim, next... Ficaríamos ricos!!

Pensei, pensei sobre minha próxima vida e vir mulher, é muito pior que vir homem, elas acumularam as funções delas e as nossas -  fora que tem excesso de hormônios, crises emocionais,  brigas com a balança, cabelo, e quando envelhecem são trocadas por mais novas... Não! Definitivamente mulher, não. Vir homem, rico, de uma boa família e empresário, também não - muito trabalho administrar tantas responsabilidades e pressão. Vou morrer de um ataque cárdico, estressado e sem saber curtir as coisas boas e simples da vida.... Pobre  e ignorante, de repente era uma boa... afinal, a felicidade está muito ligada ao nosso grau de conhecimento. Quanto menos temos, menos queremos, mas também não acho que este seja o caminho da felicidade.

Pensei e pensei Deus, e cheguei a conclusão que quero vir cachorro de madame na próxima vida; um ser irracional, que não sofre, que caga e limpam, sem obrigações e horários, que vive em pet shops, na mordomia, e que só recebe amor, tudo isso por apenas uma lambidinha e abanada de rabo... É Deus, quero negociar essa minha vida para vir cachorro de madame da próxima vez.... Pode ser?

Depois de um tempo Deus respondeu:


- Meu filho, como você mesmo disse, não acredito na reencarnação, por isso só tenho uma coisa a lhe dizer....

- O que, Deus?


- Com todo o respeito: Caguei se você quer se matar, mas se o fizer, não leve 150 pessoas com você, essas pessoas não tem nada a ver com essa sua carência idiota! 

terça-feira, 17 de março de 2015

Quando é amor?

Toc toc toc...
- Quem bate?
- É o amor.
- Uhmmm. Qual o formato?

 Deixei o amor entrar, confiando e desconfiando.

O mundo ficou tão rápido e dinâmico que o amor definido por poetas perdeu a sua forma pela desconfiança, traumas e neuroses.

Deixei-o entrar, mas cobrando um histórico, realizações e pedigree.

Ele chegou perto, gostoso, e na primeira oportunidade pedi para ele vestir uma roupa bonita para eu desfilar com ele. Afinal, do que adianta um amor se não for para invejar?

Já esperei tanto, que esse aí, sobra de mercado, passo adiante, sem sequer experimentar. O deixo para outro qualquer aproveitar.

Ele chegou por chegar, querendo ficar e eu perguntei até onde ele estava disposto a lutar.

Sentei na sala e puxei o chicklist, marquei os pontos que ele me atendia e seus gaps, mesmo antes de saber se esse amor encaixava no meu encaixe.

Botei o amor para correr meia maratona  só para me provar que ele não ia conseguir cruzar a linha de chegada, e assim poder dizer, como uma grande teimosa, que não era o amor quem batia a minha porta.

Mas o que será o amor? Um conjunto de experiências experimentadas impulsionadas por uma vontade muitas vezes não explicada? Ou uma grande expectativa do que se quer viver?

Segundo o dicionário Aurélio: O amor  é o sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa.

Confesso que fiz algumas buscas e não achei nenhuma definição de amor que realmente me tocasse, talvez eu tenha procurado pouco, e talvez seja por isso que temos tamanha dificuldade de definir internamente quando é amor.

O que importa nisso tudo é a nossa disposição em amar, estar aberto para o amor, sem essa disposição o amor não acontece, não passa da etapa 1, dos primeiros 100metros.

E se o amor for só um sapo, sem problemas, talvez ele só precise também de uma perereca.