Amor
em nuvem. É aquele que fica no ar, flutuando organicamente, que possui bastante
espaço e modelos - que teoricamente pode acontecer.
Cada
vez mais as pessoas administram esses amores em nuvem. Casados, solteiros,
indecisos, carentes. Parece que esse tipo de amor passou a preencher rotinas,
frustrações, vaidades, espaços vazios esvaziados pela enorme falta de sei lá o
que na vida real, ou só por hábito de cultivar coisas mesmo.
Estamos
nos habituando a teclar compulsivamente com uma população in cloud pseudo mais interessante do que no real.
Aplicativos
virtuais, relações virtuais, expectativas virtuais. No virtual tudo pode acontecer.
É um espaço elástico cheio de encontros, oportunidades irreais na possibilidade de que
vire real, ou que vire aquilo que nós gostaríamos de viver. Quanto maior a
nuvem, maiores as possibilidades.
Muito
me impressiona os mega bites administrados nesse mundo virtual de capacidade
infinita, capaz de viciar, preencher e frustrar qualquer um.
Essa
relação em nuvem tem enorme dose de sedução, mas quando se é materializada
muitas vezes perde a graça, vira cobrança, próximos passos, pede algum tipo de
realidade, beijo, sexo, ou compromisso. E a realidade nem sempre é tão legal
como as carinhas de Emoji, e por isso, next, ou fica aí em nuvem como mais um ícone,
ou peixe disponível na minha could collection.
O
amor em nuvem muitas vezes só existe em nuvem. Pessoas podem viver um relacionamento
sério, extremamente íntimo e super compartilhado só em telas. Quando parte para o real se torna
estranho. Já ouvi frases assim: no
whatsapp ela é bem mais interessante.
Mas
não é a mesma pessoa, no whatsapp ou fora dele?
Em
TI as soluções em nuvem costumam ser mais simples, práticas, encaixam fácil nas
necessidades, podem ser facilmente substituídas e na maioria das vezes são
consumidas como serviço. Porém as soluções reais, físicas, instaladas em casa, requerem
maior investimento, mas são mais seguras, controláveis e sólidas. Possuem administrações
de instalação, suporte e manutenção, enquanto as em nuvem não.
Pois
é, bom ou ruim, só no real que vemos, sentimos e experimentamos muitas coisas,
e por isso incomoda, ou agrada tanto. No real todo aquele emocional e físico
ficam expostos a julgamentos, já o em nuvem fica protegido pelo imaginar.
Pode
ser apenas uma percepção, mas sinto que no virtual as relações são mais fáceis e
sedutoras por vir acompanhada dessa imaginação toda e por preencher um espaço de
X polegadas que é só nosso.
E
nesse zap zap para lá e para cá, construímos uma crise de identidade digital
capaz de viver tudo e nada ao mesmo tempo.