O que posso ser hoje, que já fui ontem, e que não quero ser amanhã?
Parece que meus dias de Clarice vieram para ficar.
Fazer o quê, se preferimos o silêncio às palavras, as palavras à ação, e a ação ao tédio?
Vai entender esse mundo moderno... tá tudo indo tão rápido que o livre arbítrio virou uma prisão da aceitação dos acontecimentos. Sou uma desconhecida de mim mesma. Tô misturada, confusa, sufocada... não suporto me sentir assim, estranha.
Se eu pudesse, tiraria férias de quem sou, estacionaria minha vida num canto e ia para um spa.
Li outro dia uma ótima: “Te amo, como amiga... então: Vai se fuder como amigo”.
Esse tinha que ser o final do email, mas não. Clarice Poliana, a compreensiva, ainda coloca: “obrigada pela
troca”. Que troca, se ele quer solar?
Queria poder separar hoje o que é de fato necessidade na minha vida, do que é desejo. Ir para a Tailândia é um desejo, pagar minhas contas uma necessidade. Emagrecer três quilos, um desejo, viver um amor... uma necessidade?
Trabalho, amor, família. Família, trabalho, amor. Ou seria, amor, família, trabalho?
Será que a ordem dos fatores altera o produto, felicidade?
Julho 2015 | por Ana Corujo em Dias de Clarice
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