Outro dia um amigo quis sair para conversar. Fomos à praia, afinal o
cenário do Rio de Janeiro, Ipanema, sol e agora horário de verão, super
convidativo.
Praia com os amigos é sempre muito, muito bom, confesso que às vezes
peço a São Pedro que coloque uma chuvinha no final de semana só para que eu
possa dormir sem culpa, não sair dos lençóis, sem culpa e não fazer nada, sem
culpa. A culpa é uma das maiores administrações dos seres humanos - carioca
Zona Sul, ou não.
Bom, o papo era meio comum em tempos modernos. O amiguinho conheceu
uma mocinha encantadora e se encantou, porém o amiguinho complicado que só,
preferia ficar só para se encontrar. Disse estar focado em seu momento
profissional, com pouco tempo de término de um relacionamento de longa data, uma unha
encravada e qualquer outra colocação para justificar ou preencher seus
argumentos.
Lá fiquei eu a ouvir, pois de longa data, neste caso, é a nossa
amizade e de curta e grossa só tem essa história do: Preciso ficar sozinho.
Qual o ser humano que não quer aprender a ficar sozinho, mesmo sabendo
que não quer ficar sozinho?
O nome disso é autopreservação.
A vontade de solidão é o hiato anterior de uma vida a dois que se quer viver, ou pequenos
espasmos quando se está sufocado. Aprendemos a ser sós, por necessidade ou por
uma escolha em não ficar com qualquer um - o que é bem diferente.
Querer ficar
sozinho é uma necessidade de silêncio, ou poder esconder do outro coisas que
gostaríamos de esconder de nós mesmos – algo que não pode ser compartilhado,
quase que um segredo. Saber viver bem, só, é a capacidade de comunicar consigo
mesmo, trocar, sem a necessidade de depender do outro para ser você.
Se espremermos
tudo isso, cheio, vazio, só, a sós e solidão, chego à conclusão que o que está
em questão não é uma vida a dois, mais sim um amor a dois.
Porém, em
terra de analfabetos, fazer que com que os seres humanos que ainda estão no pré
escolar do amor entendam o Abecedário da Xuxa, é uma bela missão.... ainda bem
que está sol.
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