segunda-feira, 29 de julho de 2013

Apertando o Eject

Que pressão! Tá comprimido, enlatado, cheio de gases, cheio de vácuo. Que pressão! Que opressão! Que cobrança de lá pra cá, dali pra aqui, por ele, por ela, pela internet, por todos lados. Tanta pressão que piro, que pira, que não respira. Mas, que se respira inspira e não pira.

Jargão ou não, rimado ou rasgado. A pressão não é pessoal, ou é totalmente pessoal, personalizada. Ela está aí, nas ruas na fazenda, numa casinha de sapê, ou na rotina mesmo, no dia a dia, na fila do caixa. Lidar com ela ou lidar contra ela? Eis a questão.

Somos reativos a pressão? Ou somos motivados por ela? Meio Tostines isso...

Tô te pressionando a responder?

Pressão no trabalho, nas contas, nos relacionamentos. Queremos para ontem o que não entendemos hoje, e que nem sabemos se vamos querer amanhã. Mas, na dúvida, faz aí, porque senão esqueço.

Muita pressão querer um relacionamento, mudar de emprego, ter um filho, sair de casa, terminar um relacionamento, começar outro, planejar uma viagem de férias.... mas pressão mesmo, são essas festas eletrônicas, de peão, bombação, pegação, onde ninguém fala não! Isso sim que é pressão, amigão.

Sob pressão, ou não, o importante é saber despressionar. Para mim, e para Fernando Pessoa, a literatura é uma confissão de que a vida não basta. Encontro na escrita as palavras que preciso dizer, letrar,  as histórias a serem contadas ou inventadas, para acordar os pensamentos ou os risos adormecidos, e liberar todo um engarrafamento emocional pressionado pela vida, pelo cotidiano comum, que sufoca, ou que deixamos sufocar. A vida não é brisa para ninguém. Somos cobrados desde a hora que acordamos – já afirma o despertador, nos cobrando a levantar.


Você pode comprimir ou se catalisar dessa pressão universal.  Ela pode ser mola, nunca moleza. O fácil não existiria sem o complicado e não adianta ficar tenso com isso. A pressão pode até dar prazer, pelo simples fato de fazer pulsar, puxar, derreter a inércia. E se a pressão é comprometida com a entrega, entregue-se.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ordem no galinheiro

Eu tenho um amigo muito galinha. Até aí, nessa frase anterior, todo mundo tem. Ela poderia ter sido escrita por mim, por você, ou qualquer um que seja... Afinal, quem não tem um amigo galinha? Até o galinha, tem um amigo, dois, três... galinhas.

Com pintinho, ou sem pintinho. O fato é que esse meu amigo galinha, não é um galinha qualquer. Ele é um galinha profissional – aquele que fideliza, ignora a concorrência e ganha dez no atendimento à mulherada. Ok. Com a crise masculina de hoje em dia, é molezinha ser galinha - principalmente com as do pós trinta. Mas, não basta ser galinha, tem que participar, e é isso que faz do meu amigo um profissional qualificado no meio de tanto galinheiro desclassificado.

Sem brincadeiras, os galinhas profissionais deviam dar coaching para os mocinhos malas perdidos, ou para o galinhas ogros sem noção, que estão longe de saberem seduzir e encantar as mocinhas de plantão – na fila do príncipe encantado. Ok 2. As mocinhas não acreditam mais em príncipe encantado, até porque, no mundo moderno, se o mocinho fica com a mocinha no início e não mais no final, o príncipe já virou abóbora lá em 1900 e bolinhas!

Mas voltando... coaching?

Sim, coaching. Mocinhos, as mocinhas gostam das coisas claras, do poder de escolha. Não precisa mentir para conquistar, a verdade vem à tona no primeiro click no facebook, ou no segundo, nos amigos em comum. Se você não tem sorte com as mulheres, observe os que têm, muito provavelmente você está sendo mala mandando mensagens inúteis de bom dia, figurinhas irritantes do emoji sem dizer nada, postando frases idiotas no facebook, ou continua no gerúndio sem sair do lugar. Mas, se você for sobra de mercado, que não deu certo em nada e sobrou... aí nem sei se coaching dará jeito – desculpe a franqueza.   

Mas, para quem ainda não entendeu a sutileza entre ser galinha e ser um galinha profissional, aqui vai um exemplo prático para pensar:

O galinha profissional ligou para uma mocinha durante a semana e marcou um encontro com ela na sexta seguinte. Bateram um papo agradável e deixaram o programa combinado, sem muitas trocas de whapp e afins. Já era a 3ª vez que eles sairiam desde quando se conheceram, há 3 meses atrás... No dia do encontro, o galinha, mandou uma mensagem (claro! mensagem), dizendo:

“Linda, estou preso numa reunião, acho que não vou conseguir te ver. Se não acabar tarde, te ligo e se você estiver disponível, te encontro ou saímos. Bjs”.

Analisando a maestria acima:
1.       Mensagem, nada melhor para sair pela tangente sem ruídos, interfaces, ou respostas.
2.       Linda – adoro quando me chamam de linda! 
3.       Preso numa reunião... – executivo, poderoso, ocupado, ótimo!
4.       Acho que não vou conseguir te ver... – que educado, mandando com antecedência a possibilidade de não sairmos, e super fofo está tentando me ver.
5.       Se não acabar tarde, te ligo... – se ele não me ligar, então foi porque a reunião acabou tarde... claro! Executivo é assim... sempre fica preso em reuniões... e educado ele não querer me ligar tarde... posso estar dormindo, não é verdade? Fofo, fofo, fofo! Isso que nem temos nada.
6.       ... Se você estiver disponível, te encontro ou saímos me ganhou agora! Não me prendeu e ainda está a minha disposição! Perfeito! Mas, se ele não ligar, quando vamos sair?

É.... quando vamos sair? Olhando na agenda aqui, só no próximo mês, mocinha. 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Cheio de si


O fato perguntou ao fato o que de fato é. Porque nem sempre o que é de fato, de fato é.

Escrever palavras belas, ter boas ideias, boas histórias é fácil. Fazer os outros rirem, olhar com poesia, é politicamente correto para o emocional, para um dia de sol, para um final de semana na praia. Se o bem vence o mal, que mal há tem em viver um pouco no lodo? Seria o mal a realidade sem colorido, purpurina, ou trilha sonora?

Nem todos os dias são azuis, nem todas as pedras no caminho podemos retirar, e nem para todo mal há cura. A vida não é fácil para ninguém, e nem sempre o sucesso ou os aplausos são o reconhecimento que gostaríamos de ter. Muitas vezes seguimos vivendo uma vida que não escolhemos ou queremos viver, mas que devemos aceitar somente pelo fato de que não podemos mudar os fatos.

Tem vezes que estamos tão infelizes que encontramos a felicidade até na infelicidade.

Não é o esforço, dedicação, realização, ou um Oscar que dita uma obrigação de sentimento. Podemos ser o Picasso e ainda sim nos sentir desperdiçados, vazios, sós. Aí, vivemos intensamente o presente submersos numa ansiedade só para chegarmos logo no futuro – e que pode nunca chegar.

Mas tem horas que até a gente fica cheio de si.

O destino não vem com identidade, ele só é certeiro para uns e desajeitado para outros. Se é destino ou não, o fato é o que realmente de fato é... por puro destino, escolhas ou acaso.

Se o tempo só anda de ida, por que ele não passa depressa? Ou passa tão depressa que quando olhamos está passado, já foi, virou ontem com cirrose.  

Ó vida ó céus, que vida cruel! Eu só quero o bem, meu bem... mas você cisma em cismar. Já nem sei se me transformei no que sou, ou se sou o que me transformei. Só sei que não acho esse maldito remédio que pode me ajudar a passar esses quatro dias de TPM.  

Pipocando a desordem

Será que o inovador é aquele desordenado ordenado? Se não fossemos ordenados... se fossemos pura desordem... Será que seríamos loucos? Seria a loucura a desordem mental e emocional em sua essência, jogada sem qualquer ordem ou razão? O artigo de José Castello do O Globo de sábado, de 25 de Maio de 2013, foi sobre a defesa da desordem.

A minha desordem.... como tudo começou? Não sei.... cavucando aqui nas minhas lembranças, emoções e sensações, acho que minha desordem deu o ar de sua graça desde quando minha personalidade começou a se formar. Posso dizer então, que começou cedo, precoce, apressado, já achando tarde o seu começar.
Como as crianças dos porquês, por que isso, ou aquilo. Acredito depois de grande, que o entendimento dos porquês, pode ser só o entendimento do que acham que é certo, ou errado para um mundo loucamente normal - quanta ordem!

Pensando sobre o tema, chego à conclusão, ou a elucubração, de que a desordem somada a ordem gera inovação. Inovação que pode ser arte, poesia, ou qualquer coisa que traga singularidade - perfeitamente imperfeita. Afinal, a utopia da perfeição é o resultado de divergências imperfeitas.

Mesmo sem entender os porquês muitas vezes - principalmente na gramática, sempre fui daquelas dos pensamentos falados, como as crianças, que expõe sua espontaneidade de lógica própria. Pena que com o tempo e a ordem, essa mesma criança cresce, e naturalmente acaba perdendo a poesia da desordem.  
Tem certas coisas que não tem explicação, e nem sei se deveriam ter, é apenas uma desordem aceitada, ou uma ordem adequada.

Por isso, eu orgulhosamente me apresento, hoje, como uma grande pipoqueira: cheia de ideias que pulam sem muita ordem e direção, mas, sempre com força, cheiro, forma, beleza e sabor... Muitas vezes dando sustos, e com aquele cheiro que invade qualquer ambiente – podendo causar enorme vontade, água na boca, ou desconforto...

Bom? Ruim? Você decide como quer me ver, ou se ver. Tente organizar sua desordem, ou desorganizar sua ordem, para ver no que dá.

No fundo, todos somos milhos, só que nem todos se estouram..... que pena!