quarta-feira, 27 de março de 2013

Releitura de 22 de Outubro de 2010


Conquis-te-se-me


Se relacionar é uma arte, mas conquistar é um grande jogo. Não tem jeito. A conquista é sempre um desafio para ambos os lados, um mistério que requer muita paciência e que possui grandes rivais como a ansiedade e as expectativas.

Se entrarmos em uma livraria, encontraremos infinidades de títulos sobre a guerra dos sexos. Passando por “Homens são de Marte, Mulheres são de Venus”, “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?”, “Ele simplesmente não está a fim de você”, ao mais novo sucesso “Por que os homens amam as mulheres poderosas”. Literatura a qual - fui presenteada pela minha mãe. Será que existe o título: “Por que os homens amam as mulheres divertidas”?

Dissertando sobre esse último título, acredito que o homem gosta de mulher, independente de seu tipo. Poderosa, “tchutchuca”, morena, loira, boazinha, “xongamonga”, gordinha, magra, com cabelo liso ou enrolado – não importa; homem que é homem gosta de mulher e a gente sabe muito bem por que. Por isso, utilizando essa matemática genética básica, sempre vai existir um que simplesmente vai estar a fim de você. Mas e quando ele ainda não está a fim de você, ou não sabe que um dia vai ficar? Bom, aí chegou a hora de entrar o jogo da conquista, com algumas regrinhas básicas para se vencer - é claro.

A primeira delas é que se ele ainda não está a fim de você, pode ser que ele nunca fique, e no big deal about it baby! Logo, todo jogo da conquista deve ter início, meio e fim – de preferência com um tempo lógico e sem muito desgaste emocional.

A mulher tende a ficar se enganando e a investir em histórias que não serão vividas. Repito, histórias que não serão vividas. Repito novamente, histórias que não serão vividas. Ta esperando o que para sair dessa e se preparar para viver as histórias que são para você e muito bem vividas?

Outro grande erro da mulher é confundir em fazer movimento numa história, com o se jogar de cabeça nela. Essa diferença faz toda a diferença na hora da conquista. Desespero não leva a lugar nenhum, apenas assusta e afasta.

Por isso, veja qual o seu caso: carente, apaixonada, desesperada, ou apenas diluindo a ansiedade (adoro essa)? Cada caso é um tipo de conquista.

Para a carente, há um passo inicial antes da conquista. Conquistar a si própria, melhorar a auto –estima. Renove o guarda-roupa, visual, corpo e mente e sinta-se bonita. Saia de casa e conquiste o mundo. Badale, beije muito, sinta-se desejada e atraente. Se os outros acharem isso fútil e superficial, avise que está matando sua carência. Depois de matá-la, literalmente, reveja se quem você gostaria de conquistar antes ainda merece ser conquistado.

Para a apaixonada, a coerência, paciência e não ficar cega são a chave do sucesso. A mulher apaixonada tende a se enganar e a ler nas entrelinhas com uma poesia que só ela vê e em muitos casos, ao ter sua paixão percebida, ficam lá empoeirando na estante dele, esperando, esperando... vai esperar até quando, querida?

Para a desesperada, tudo é mais complicado, pois ela sempre dá num jeito de dar uma de louca nas situações mais cotidianas, assustando o ser a ser conquistado em questão. Para essas só uns tapas, terapia e religião resolvem. Foguete desgovernado não conquista ninguém.

Para a que esta diluindo a ansiedade, o máximo que pode acontecer é a conquista. O “dançar conforme a música”, sem ansiedades e expectativas faz com que seja vista, lembrada e querida.

Vale lembrar também que conquistar é diferente de seduzir. Conquistar é algo mais a longo prazo, há envolvimento emocional. Já a sedução é momentânea - está ligada a uma vontade sexual. Se o cara só manifesta uma vontade em te levar para o Motel, você já sabe qual estratégia usou.

Porém, para todos os casos o segredo do sucesso da conquista passa por conceitos básicos que independem da estratégia que você esta usando. Gostar e admirar quem você é, sem ficar fazendo tipo é uma delas. A felicidade hoje em dia é o maior sex appeal dos últimos tempos. Ter vários “casinhos”e não depositar todas as suas “fichinhas” num cara só ajuda - e muito, até por que homem sente cheiro de homem e detesta mulher muito disponível. Toda e qualquer história só pode ser comprimida depois que dilatada, por isso, nada de sermão, DRs, pagadões e declarações. Se ele aparentemente esta te enrolando, finja que acredita e vai dando os limites com suas atitudes, afinal os fatos sempre falam por si. Esperta é a mulher que se faz de boba. O homem deve sempre achar que é ele quem esta conquistando e não o contrário.

Mas, o dia que esse jogo da conquista for algo previsível e fácil, viro gurú e fico rica. Por hora, assim como você vou aprendendo na prática sem medo de conquitar-me-te-se por aí.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Texto publicado no blog do jornal O Globo



ORGULHO DO BAIRRO

O contorno de areia mais democrático de Ipanema

A pequena faixa de areia da praia do Arpoador foi a inspiração da leitora Ana Flávia Corujo demonstrar seu amor pela Zona Sul e Ipanema.

Literalmente Amor...

Não poderia ser diferente, não poderia ser outro lugar. O Arpoador tem um pôr do sol que faz a alma de qualquer um aplaudir. Dono de beleza singular conta a história de quem mora no bairro – como eu –, ou de quem vai até ele só para alimentar o coração de sol, balé das águas e paz. O Arpoador é poliglota, sem raça, ou local onde as raças se encontram – e talvez seja o contorno de areia mais cosmopolita e democrático de Ipanema.

Sem sentir, o Arpex virou meu santuário, meu camarada, meu confidente. Me espera quase que diariamente só para saber como estou e me encher de beijos com cheiro de maresia molhada. Já enxugou muitas lágrimas, riu de minhas histórias, ouviu minhas músicas, participou de encontros amorosos capazes de deixar muitos casais morrendo de inveja ou a polícia enfurecida. Mas o gesto mais genuíno de todos foi ele ter me cedido a sua beleza, seu balanço das ondas e seu poço de inspiração para dar asas a minha imaginação e ser palco principal de meu primeiro romance.

É Arpex, virei escritora... e você foi meu muso inspirador... Obrigada... Coloque seu melhor sol no dia do lançamento... Te vejo amanhã!



http://oglobo.globo.com/rio/bairros/posts/2013/03/12/o-contorno-de-areia-mais-democratico-de-ipanema-489476.asp

domingo, 10 de março de 2013

O sabor do cru

Para você.....

Domingo de noite chuvosa, dia longamente saboroso, com cheiro de naftalina, estômagos falantes. Rodamos, rodamos, portas fechadas, pensa dali, pensa de lá até encontrar o lugar ideal para se alimentar. Tudo perfeito, até a escolha do prato. Sair do comum abre margem para administrar um sabor diferente. Pois é, diferente....

- Garçom este peixe esta com o gosto estranho....
- Estranho?
- Sim estranho, acho que não está bom para servir. Peça ao cozinheiro para verificar.

O garçom leva o prato para dentro (deve ter dado umas duas cuspidinhas) e na volta:

- Senhor, o peixe esta normal, é que esta parte esta um pouco mais crua, por isso o sabor....
- Meu camarada, essa desculpa aí não cola não.... arruma outra. Como sashimi sempre que é cru e nem por isso tem gosto ruim.....

Moral da historia: Já que é para reclamar que seja com inteligência e muito bom humor. 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Os segredos que o olho oculto conta



Acordei tropeçando na falta de vontade de sair do mundo dos sonhos. Mas tive que deixar meu casulo ao som do cuco e os abraços do algodão quente para mergulhar nas águas frias do despertar. E assim, o dia sorriu para mim. Preenchi o rombo no estômago com o sabor da manhã. Alimentei o corpo... agora sairia para alimentar a vida e abastecer o bolso.

Desci no elevador teco-teco e caminhei através da paisagem urbana arborizada para mais um dia tradicionalmente comum. Conversei com o vento para parar de bagunçar meus cabelos e senti o cheiro verde das plantas. Senti também o cheiro amarelo dos bichanos domésticos e daqueles que cismam em fazer das ruas a sua casa. Por que os incorretos gostam de burlar sua invisibilidade sujando as paisagens?

Andei pelos trilhos até chegar ao Centro do mundo. Mas, durante o trajeto, blindei os ruídos cotidianos com muita Celine Dion e literatura feminina boboca. Em meu mundinho, não fui capaz de perceber o pôster torto, o cara suando, o bebê com o brinquedo, a velha sem dente, o gatinho com seu tablet e uma briga pelo celular. Preferi adentrar na solidão mais coletiva do dia.

No arranha-céu cheguei e lá fiquei até escurecer o sol. Tirando tudo que acontece igual, das laudas ao recreio tititi com cheiro de café, reparei na ferrugem que saía do ar, na recepcionista que não veio, no sol que brilhava e continuava a sorrir para mim lá fora. Matei o meu leão do dia, fechei a tela e me desconectei das obrigações que enobrece o homem - mas que possibilita comprar pilhas de sapatos.

Saltitei nas pontas dos pés, no zig zague das pedras portuguesas, tentando não desequilibrar até entrar nos trilhos. Enlatada segui na turbulenta e barulhenta volta para casa. Agora sim, li o pôster perfeitamente colocado, senti o suor do cara gordo, brinquei com o bebê, cedi o lugar para a velha sem dentes, sorri para o Gianecchini com o tablet e fui obrigada a não concordar com os motivos deletáveis da briga do casal no celular.

O vento deu lugar à lua e o sol ao brilho de maresia molhada. E assim voltei que nem oferenda de iemanjá para o ponto de partida, sabendo que amanhã será sensivelmente diferente dentro de uma rota que não necessita de bússola, mas de poesia, não para sair da rotina, mas sim da chatice.