segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O pior cego é aquele que não quer ver?


O homem só para quando param ele. E hoje, no mundo moderno, só as catástrofes estão fazendo com os homens parem. Parem para olhar, por 72h ou menos, o que no cotidiano não devia passar despercebido. A justiça divina não chega à toa para 231 jovens ao mesmo tempo por puro acaso. Recebemos sinais todos os dias, mas estamos muito ocupados no whatsApp e postando no facebook felicidades para perceber. Banalizamos as coisas achando que não é nada, que não tem problema, que é bobagem não jogar lixo na rua. Aí vem Deus, um furação, uma enchente, uma explosão de gás, um rombo na camada de ozônio, um ente querido com Aids para dizer: “Olha a bobagem!” e a gente responde: “Nossa que tragédia!”.

Não que temos que viver com a síndrome do pânico, nada disso, mas costumamos confundir intensidade com imprudência. E essa é a linha tênue entre viver bem e arriscadamente. Ok ok ok, viver sempre será um risco, mas não podemos mais ficar míopes com riscos básicos, com assuntos básicos. A gente assume os riscos, mas não aguentamos as consequências deles e depois culpamos alguém, criamos novas leis ou justificamos que não fomos informados, mesmo sabendo que não fomos nos informar.

Se não sabemos viver em comunidade em um condomínio residencial, tratar ao outro, vamos nos preocupar com a água do mundo, a paz mundial, a fome, um policial corrupto, um cinto de segurança, ou um capacete que estraga os cabelos?

O ser humano se acostumou a aprender só quando perde - quando dói no bolso, na saúde, ou no coração. Se estornar uma taxa de R$3,50 do banco já dá trabalho, imagine salvar as pessoas e o mundo? Fora que a gente não acorda com o instinto Super Herói todos os dias. E, mesmo que acordássemos, sabe o que ia acontecer? Nada, nem iam perceber – só se mandássemos por whatsApp ou se postássemos no facebook, pois lá tem a opção “curti” . Resultados do “indesinvolvimento” moderno. O homem constrói para depois destruir, ou vice e versa.

Mas, pensando cá com meus botões, não sei se chego a uma opinião, um caminho do meio sobre a visão e a ceguisse completa, onde podemos transferir para Deus nosso destino e assim seguirmos um pouco felizes.

O que aconteceria se saíssemos da escuridão e enxergássemos com clareza esses riscos todos? Somos capazes de suportar, em caminhar com o medo, em verificar todas as portas de emergência, todas as doenças sexualmente transmissíveis quando não usamos camisinha, ou se os dirigentes estão cumprindo seus papéis e as leis? Somos capazes de suportar isso com responsabilidade no cotidiano?

Realmente não sei; justamente por saber que da mesma forma que o conhecimento trouxe a evolução, a enxurrada de informação, conectividade e acessibilidade do mundo moderno, trouxe também enorme infelicidade à população. Você acha que investir na educação e proporcionar o conhecimento é de interesse político? De verdade você acredita nisso? A ignorância é extremamente confortável e com tamanha quantidade de tragédias desse mesmo cotidiano trabalhoso, injusto e duro, o que o povo precisa é de alegria e Carnaval – pré Carnaval, pós Carnaval e pizza o ano inteiro!

Triste sempre vai ser, enxergando ou não. Mas, mesmo assim, ainda me sensibilizo com somos capazes de nos doar de corpo e alma instintivamente pela vida e dor do outro sem pedir nada em troca, pena que só na hora do pânico.

Deixo aqui minha solidariedade a todos que tiveram que morrer para nos fazer enxergar, nem que seja por um dia. 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Daqui pra frente tudo vai ser diferente – ou igual.


Hoje acordei cedo e fui caminhar na praia pela beira d´agua. Cenário, Ipanema – Rio de Janeiro. Época, verão - início do ano. Privilégio para poucos? Sim, ou ausência de reconhecimento de outros que não usufruem a leveza de morar no Rio, na praia, na montanha ou onde quer que seja.

Exatamente sobre isso que vim falar: o quão leve ou pesado fazemos de nossas vidas?

Os inícios de ano são sempre recomeços forçados e recomeços forçados no mínimo nos servem de catalizadores ao menos para sonhar, colocar metas e fazer balanços. Se você não fez nada disso nesse início de 2013, não sonhou, colocou metas, ou fez algum balanço do que realizou, ou o que poderia ter feito/sido diferente, fico realmente preocupada. Não que você seja um E.T ou que devesse fazer isso só porque virou o ano - dado que todos os dias podem ser iguais, ou completamente diferentes, todos os dias. Mas, pelo simples fato, de que mesmo não acreditando em Astros e ciclos, você perdeu uma enorme oportunidade de se olhar e de se tornar melhor e maior.

Não estou aqui para julgar ninguém, nem pontuar o quê ou como devemos ser. Mesmo acreditando que se o homem não veio ao mundo para evoluir (a si e ao meio), então para que veio? Melhor continuar como ameba parasita lá sabe Deus onde. Não agregar e evoluir é se desperdiçar, mas ok, cada um sabe de si e o egoísmo narcisista de ser o que é - então se aproveite-se.

Crítica à parte olhe ao seu redor, além do seu umbigo. Sua vida é tão pesada assim? Ou esta foi a lente que você colocou e foi se acostumando a olhar? Trabalho, casa, família, contas, contas, contas, quilos a mais, homens de menos, mulheres demais ou desequilibradas demais, amigos de menos, dinheiro de menos, trabalho demais, reconhecimento de menos, vontades demais, motivação de menos, perguntas demais, respostas de menos. Poderia passar horas listando tudo o que você plantou, o que a vida te deu, e tudo que você aceitou sem vontade própria. Poderíamos nos dar as mãos e eleger o mais sofredor de todos – acho que você ganharia. Rs.

Se a vida não é tão pesada assim, por que estamos tão pesados (exceto no facebook, é claro)?

O que queremos? Ser leves. E como queremos? Reclamando de tudo todos os dias!?

Viver não é fácil e nunca vai ser. Crescer, muito menos. Se doar então, nem te conto! Mas, tudo pode ser muito mais leve que um espelho, que uma conta bancária e que os fatos do cotidiano. Espelho é só um espelho, dinheiro é só dinheiro (vem e vai) e fatos são só fatos (acontecem e passam) – o peso a isso tudo é a gente que dá. Existe tanta leveza, alma, sintonia, risadas, amor, felicidade além de imagem, dinheiro e fatos, que até me surpreendo – com andar na beira d´agua por exemplo.

E é por isso que caminhadas como estas me fazem perceber que só quem simplifica é leve.  

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Meu pedido para 2013: Conversando com Deus.


 Ana chegou ao Céu para conversar com Deus.

- O que você deseja minha filha?
- Deus, vim pessoalmente pedir que em 2013 as pessoas sejam diferentes.
- Diferentes? Mas, por quê? – disse Deus.
- Não gosto mais delas assim... elas me deixam triste.... e tenho certeza que se  mudassem um pouco, um pouquinho, o mundo seria muito melhor, não concorda?
- E como você gostaria que elas fossem?
- Gostaria que elas aprendessem a tratar aos outros com respeito, que honrassem suas palavras, seus compromissos e parassem de mentir, mesmo que por conveniência. Que tivessem respeito pela sua casa, família, amigos, seu corpo e também pela casa, família, amigos e corpo do outro – mas, que acima de tudo respeitassem o amor do outro ou quem sabe aprendessem que elas também podem amar. Que não ataquem a si e ao mundo só porque acham que podem ser atacadas. Ou que usem o silêncio para ganhar tempo ou para que os fatos caiam no esquecimento. Que deixem o medo de se entregar só por puro medo de perder. Que tenham a liberdade em falar o que sentem e de cobrar o que acham que podem. Que não enganem, ou roubem, só porque foram enganadas, roubadas, ou por ser mais cômodo e fácil. Que se desconectem um pouco para poderem se conectar mais de verdade. Que tratem ao outro como gostariam de ser tratadas, e consigam enxergar ao outro apesar de todas as diferenças, pois as diferenças podem ser a parte mais interessante disso tudo. Que mudem a forma de se relacionar com o mundo e consigo. Que entendam que sentimentos genuínos ainda podem existir e o amor incondicional também. Que não deixem o medo paralisar e que aprendam que perder também faz parte do processo de ganhar. Que se entreguem a algum ofício não só pelo dinheiro; e que cuidem do mundo. Que parem de jogar lixo nas ruas, não ultrapasse perigosamente nas estradas, economizem água, e eliminem a dificuldade e preconceito em usar camisinha. Que entendam uma vez por todas que a vida precisa de paixão, compaixão, cumplicidade e que nós é sempre muito melhor do que o eu, eu, eu, eu....
- Qual o seu nome, minha filha?
- Ana...
- E este é o seu pedido para 2013?
- Sim, Senhor.... é possível?
- Possível sempre é, mas desde que o mundo é mundo e eu me entendo por Deus, venho tentando isso...
- E pelo visto não obteve muito sucesso, né Deus? E como faço para continuar convivendo com essas pessoas que me deixam triste?

Após uma pausa, Deus respondeu:

- Não mude, minha filha... continue tratando as pessoas como gostaria de ser tratada, assim você estará me ajudando a educar e melhorar o mundo.

E Ana sorriu.