terça-feira, 1 de junho de 2010

Episódio 1: Cotidi-Ana descobrindo São Paulo


Mesmo você sendo um qualquer origem-paulistano como eu, descobrir São Paulo, será sempre uma aventura. O primeiro sentimento é de que você esta em outro país - mais inflacionado e desenvolvido. Viver em São Paulo custa caro; mas, talvez tenha que custar mesmo, pois serviços diferenciados, flanelinhas que usam sobretudo e se chamam Alberto, e porteiros que falam a mesma língua que você, não se encontra em qualquer lugar do Brasil.

Se habilitar a morar aqui, te faz perceber várias coisas; começando pelo trânsito; nem sempre as quadras são quadradas e muitas vias paralelas se cruzam. Mais de 15 motoqueiros podem passar por você por segundo e se você perder uma entrada ou saída, o próximo retorno pode ser só daqui a 10km. É possível perder uma hora todos os dias para andar 500m e encontrar diversas subidas numa via “plana”. Os quebra molas, se chamam lombadas e podem ser ao contrário, mas se passarem desapercebidos, vão fazer bater com o fundo do seu carro da mesma forma. Todos tem GPS, porque se perder é a coisa mais fácil, mesmo sabendo que o transito enlouquecedor da cidade não te leva a lugar algum. Os sinais, ou melhor faróis, ficam depois dos cruzamentos e você pode virar a esquerda numa via de mão dupla. Muitas pessoas chegam depois das onze da amanhã no trabalho, não porque foram para a noitada, ops! Balada, mas sim porque estão no seu rodízio. Mas, se você for de “fretado” - seu lugar e horário estarão garantidos.

Aqui tem muita coisa engraçada; ir ao apartamento 104, no 10º andar e não no 1º. Não pegar taxi na rua, só no ponto e não poder falar boite em hipótese alguma, caso não esteja buscando “aquele” tipo de diversão. “Peguete” aqui se chama “Peteco” e se você falar “aparece lá em casa”, o paulista aparece com uma garrafa de vinho, ou pack de cerveja. É possível ter as 4 estações do tempo no mesmo dia e te fazerem acreditar que mesmo com o calor de quase 40 graus, não é preciso usar o ar condicionado. Se seu apartamento não for face Sul, você pode literalmente congelar no inverno. E na era da conectividade e de diversas fontes de energia, encontramos muitos apartamentos e casas ainda na era do chuveiro elétrico. É possível encontrar madames de casado de pele circulando pelas ruas e ao mesmo tempo conversíveis coloridos pelas pistas com som alto e uma infinidade de “Smarts”. Cerveja Itaipava a R$20,00 e Vallet no Boteco da esquina a partir de R$15,00. Cinema com poltrona de 1º classe de avião com serviço pipoca com azeite e carta de vinho. Aqui o cachorro quente vem com purê ou pirê de batata; batata frita só se come com Ketchup; e se você quiser ofender um paulista, coloca ketchup na pizza dele, ou diz que ele usa gel no cabelo ao invés de mousse. Podemos ir ao Mercado Municipal – ou “Mercadão” para comer o popular sanduíche de mortadela e encontrar frutas a R$100,00 o kg. As gírias são diferentes, o “então” aqui é vírgula, “meu” é “cara” e muitas pessoas de diferentes classes sociais falam: “quer que eu pego”, “quer que eu faço”? com demais variações.

Se deixar descobrir por São Paulo é uma aventura diária e acolhedora. Nesse pouco tempo que estou aqui, já me deparei chorando parada num posto por estar há horas perdida no transito. Já quase bati em alguns motoqueiros. Peguei carona com estranho por definitivamente não conseguir taxi. De bobeira gastei uma fortuna num jantarzinho casual. Fui extorquida pelo faz-tudo. Descobri que a Comgás é infinitamente pior que a CEG e que carioca é que nem pombo, brota por todos os lados – o que é ótimo! Meu melhor amigo é o google maps. Andar no parque é uma excelente opção e ninguém merece brigar todos os dias com o chuveiro elétrico. Mas, poder ir em apenas 10 minutos as melhores lojas de sapato, na Etna e saber que Campos do Jordão é logo ali - “tem preço” mas é maravilhoso. Receber bolo surpresa, presente de aniversário, reencontrar amigos da faculdade, ser acolhida de verdade pelas pessoas no trabalho, fazer novos amigos, sair para os lugares mais interessantes e cosmopolita; e ainda ser chamada de “carioquinha linda”ao pé do ouvido – isso sim, não tem preço!

Não estamos no segundo filme de “Sex and the City”, mas tenho certeza que a “Cotidia-Ana” aqui vai ter muito o que escrever e descobrir nessa terra do glamour!

3 comentários:

Anônimo disse...

Aninha, tô adorando te ler :0
Bjoks, Marcela

Mauricio Leal disse...

Oi Ana Que legal.
Venha Para Curitiba, aí sim vc verá a diferença. Já começa tomando LeitE QuentE, e ganha uma DoR de DentE.
Hahahha.

Anônimo disse...

ao pé do ouvido o paulista malandro... muito mais que os cariocas. cuidado!