Com qual idade você acordou hoje?
Essa frase já deu início a um texto que escrevi. Mas, achei interessante repetí-la dentro de outro contexto. Estou literalmente mais velha hoje do que ontem, porém sinto-me muito mais jovem hoje do que ontem – e você?
É sabido que a jovialidade esta na cabeça, mas diria também que ela esta ligada aos nossos horizontes. Quando nossos horizontes estão limitados, parados como aqueles quadros cafonas na parede, nos sentimos desmotivados, sem vontade e nosso poder de realização é muito baixo. Tudo é conhecido, automático e comum. Nos sentimos como velhinhos de vila em um universo restrito e familiar - que tudo dá preguiça. Quanto menos desafios temos, menos desafios queremos.
Agora, vocês já observaram os bebês descobrindo o mundo? Chega a ser fascinante! Sem falar nada, até porque os bebês ainda não nascem falando, por hora só com email; é possível sentir os sentimentos, as sensações e a vida dessas descobertas através das reações da criança.
Quando ampliamos nossos horizontes nos sentimos que nem esses bebês descobrindo o mundo. Até porque o novo nos faz ficar em estado de alerta, ligados. O sabor da novidade nos renova e motiva, nem que seja por puro otimismo. Nos dá a sensação de que tudo é possível e que tudo pode acontecer. Afloramos nossa capacidade de conquista e realização; e todo esse tesão latente, nos faz sentir como jovens querendo conquistar o mundo - com direito a todos os sentimentos e medos, cabíveis nesse território desconhecido.
Um exemplo bobo: Sábado a noite e você tem “aquela festa”. Abre o armário e lá estão as suas roupas de sempre que dão até preguiça de se produzir. Aí você coloca o pretinho básico, pois já é sabido que fica bom e vai como sempre foi nas outras cinquenta festas; e “aquela festa” passa a ser apenas mais uma festa. Agora, você resolve comprar um vestido novo, algo diferente. Só por esse movimento, a energia se renova, você se motiva em fazer uma maquiagem, colocar os acessórios perfeitos, e até modelar o cabelo. A festa, assim como você ganha beleza, ânimo, luz, jovialidade, poder e da mesma forma que você está se sentindo a festa deixa de ser apenas uma festa e passa ser “a festa”. Mas, como qualquer sentimento jovem e novo, pode vir acompanhado de muita ansiedade, insegurança, medos e expectativas - Afinal, se fosse para ficar no conhecido, ficaria no pretinho básico.
Assim como esse exemplo bobo, posso citar outros mil; como se apaixonar, mudar de cidade, de emprego, ter um filho, terminar uma relação, fazer um curso, uma viagem, ou simplesmente mudar um pouco a rotina... as novas possibilidades, os novos horizontes desafiam a nossa capacidade de resposta, e essa sensação de estar vivo, nos deixa mais jovens e realizadores; e quanto mais realizações temos, mais realizadores queremos ser. O problema é quando ficamos jovens ao ponto de fazer idiotices de matar qualquer marmanjo, ou nós mesmo de vergonha. Aí é hora de voltar para o eixo, ou para o “pretinho básico”.
A jovialidade esta na cabeça, mas na cabeça “adubada” capaz de assumir riscos, desafios e medos – que transformam com sabedoria, a mediocridade do dia-a-dia de uma vida comum e de poucas realizações em um horizonte de inúmeras possibilidades. Qual o seu horizonte hoje?