quinta-feira, 27 de maio de 2010

Horizontalmente Jovem


Com qual idade você acordou hoje?

Essa frase já deu início a um texto que escrevi. Mas, achei interessante repetí-la dentro de outro contexto. Estou literalmente mais velha hoje do que ontem, porém sinto-me muito mais jovem hoje do que ontem – e você?

É sabido que a jovialidade esta na cabeça, mas diria também que ela esta ligada aos nossos horizontes. Quando nossos horizontes estão limitados, parados como aqueles quadros cafonas na parede, nos sentimos desmotivados, sem vontade e nosso poder de realização é muito baixo. Tudo é conhecido, automático e comum. Nos sentimos como velhinhos de vila em um universo restrito e familiar - que tudo dá preguiça. Quanto menos desafios temos, menos desafios queremos.

Agora, vocês já observaram os bebês descobrindo o mundo? Chega a ser fascinante! Sem falar nada, até porque os bebês ainda não nascem falando, por hora só com email; é possível sentir os sentimentos, as sensações e a vida dessas descobertas através das reações da criança.

Quando ampliamos nossos horizontes nos sentimos que nem esses bebês descobrindo o mundo. Até porque o novo nos faz ficar em estado de alerta, ligados. O sabor da novidade nos renova e motiva, nem que seja por puro otimismo. Nos dá a sensação de que tudo é possível e que tudo pode acontecer. Afloramos nossa capacidade de conquista e realização; e todo esse tesão latente, nos faz sentir como jovens querendo conquistar o mundo - com direito a todos os sentimentos e medos, cabíveis nesse território desconhecido.

Um exemplo bobo: Sábado a noite e você tem “aquela festa”. Abre o armário e lá estão as suas roupas de sempre que dão até preguiça de se produzir. Aí você coloca o pretinho básico, pois já é sabido que fica bom e vai como sempre foi nas outras cinquenta festas; e “aquela festa” passa a ser apenas mais uma festa. Agora, você resolve comprar um vestido novo, algo diferente. Só por esse movimento, a energia se renova, você se motiva em fazer uma maquiagem, colocar os acessórios perfeitos, e até modelar o cabelo. A festa, assim como você ganha beleza, ânimo, luz, jovialidade, poder e da mesma forma que você está se sentindo a festa deixa de ser apenas uma festa e passa ser “a festa”. Mas, como qualquer sentimento jovem e novo, pode vir acompanhado de muita ansiedade, insegurança, medos e expectativas - Afinal, se fosse para ficar no conhecido, ficaria no pretinho básico.

Assim como esse exemplo bobo, posso citar outros mil; como se apaixonar, mudar de cidade, de emprego, ter um filho, terminar uma relação, fazer um curso, uma viagem, ou simplesmente mudar um pouco a rotina... as novas possibilidades, os novos horizontes desafiam a nossa capacidade de resposta, e essa sensação de estar vivo, nos deixa mais jovens e realizadores; e quanto mais realizações temos, mais realizadores queremos ser. O problema é quando ficamos jovens ao ponto de fazer idiotices de matar qualquer marmanjo, ou nós mesmo de vergonha. Aí é hora de voltar para o eixo, ou para o “pretinho básico”.

A jovialidade esta na cabeça, mas na cabeça “adubada” capaz de assumir riscos, desafios e medos – que transformam com sabedoria, a mediocridade do dia-a-dia de uma vida comum e de poucas realizações em um horizonte de inúmeras possibilidades. Qual o seu horizonte hoje?

Chega

Chega
Mart'nália
Composição: Mart'nália / Mombaça


Não, não te quero mais
Agora eu que decido
Aonde eu vou
Não, não, não suporto mais
Prefiro andar sozinha
Como sou...

Andar de madrugada
Feito traça
Feito barata
Feito cupim
Dizer prá mim
Que eu gosto mais de mim
Que eu sou assim
E não tem jeito...

Vai sair da minha vida
Você vai ter que mudar
Da minha casa
De atitude
Chega!
Ainda mais agora
Que eu vou viajar
Prá me livrar de você
Não quero mais ser seu amigo
Nem inimigo
Nada!...

Andar de madrugada
Feito traça
Feito barata
Feito cupim
Dizer prá mim
Que eu gosto mais de mim
Eh!
Que eu sou assim
E não tem jeito...

Prá entrar na minha vida
Você vai ter que mudar
Da minha casa
De atitude
Chega!
Ainda mais agora
Que eu vou viajar
Prá me livrar de você
Não quero mais ser seu amigo
Nem inimigo
Nada!...

Prá entrar na minha vida
Você vai ter que mudar
Da minha casa
Dos meus amigos
E chega!
Ainda mais agora
Que eu já viajei
E me livrei de você
Não quero mais ser seu amigo
Nem inimigo
Nada!...

Prá você é o fim da estrada
Com você fechei a tampa
Da minha casa
Dos meus amigos
Chega!
Ainda mais agora
Que eu "vou viajei"
E me livrei de você
Não quero mais ser seu amigo
Nem inimigo
Nada!...

Prá você é o fim da estrada
Com você fechei a tampa
Da minha casa...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Amigos para Sempre.

Construímos nossas grandes amizades basicamente na infância e adolescência; na época da escola e faculdade. Não que não possamos construir grandes amizades ao longo de toda uma vida, jovem ou madura – minha mãe é a prova disso. Mas, nesse período infanto-juvenil nossa maior preocupação é nos situar no mundo, criar uma identidade, fazer parte de um grupo e da sociedade. E por isso, essas amizades e grupos, quase clãs, possuem grandes laços, que perduram por décadas e décadas.

Outro dia estava conversando sobre aqueles encontros anuais que fazemos, e como nos impressionamos com o peso da idade, da balança e do compromisso. Da vida a dois, com filhos e sem. Com o dinheiro e a falta dele. Com as plásticas e a falta delas. Ficamos tão impressionados, pois imaculamos uma imagem infanto-juvenil em nossas mentes, que vivência e tempo algum são capazes de apagar.

Mas, o tempo passa para todos, e apesar de uma idade comum dessas amizades, os resultados desse tempo são singularmente distintos. A bonitona da escola pode ter “embarangado”, o “garanhão” pode estar casado e com uma penca de filhos. O “zero a esquerda” pode ter virado um grande e descolado empresário. O “pegador” pode ter virado gay, e até “Nerd” pode aparecer todo tatuado. E por mais que a sua turma seja diferente da minha, sabemos que os personagens são os mesmos e só mudam de nomes.

Não podemos nos cobrar a leveza dos 20 anos aos 30 e poucos e nem o peso dos 30 e poucos aos 40 e poucos. Cada fase tem seu peso e leveza de acordo com o peso e leveza das responsabilidades assumidas. Diria que essa relação é quase uma curva normal. Onde na juventude a obrigação é apenas descobrir e ser feliz, na idade madura construir e sustentar e na “velhice” colher e aproveitar. Então sejamos tolerantes com os resultados desse tempo em nós e na tchurminha.

Agora, é muito gostoso reencontrar essas amizades infanto-juvenis, separadas ou não pelas adversidades naturais da vida. É como viver o presente com cheiro de naftalina, voltar ao passado e resgatar aquele jovem de cabelo “tonhonhõe” e espinhas, cheio de energia e paixão. Estar com essas pessoas é como estar em casa, acolhidos. Território conhecido, que podemos confiar, ou que sabemos onde pisar e até onde ir.

Essas amizades são maravilhosamente eternas. Temas de músicas, comerciais, poesias e amores. Na verdade, essas amizades são o que me sustentam, e no embalo “amigo é coisa para se guardar”, diria – usar e abusar, aqui vai um poeminha meu sobre amizade.

“A amizade é trocar, escolher e ser escolhido, é a união de somas, divisões e multiplicações. A amizade é cúmplice, é o brilho da alegria, os ombros da tristeza, o nosso sorriso compartilhado e lágrimas enxugadas. São pessoas que colocamos em nossas vidas e que compõe nossa história, são nossas muletas, muitas vezes braços e pernas. A amizade é a família perfeita que escolhemos, que por toda vida levamos, que em nosso coração guardamos e no dia a dia cultivamos. Algumas amizades são eternas, umas passageiras, outras passagens, mas se forem paisagens, simbólicas, políticas ou convenientes, não são amizades. A amizade é interessante porque é unisex, assexuada, ou misturada. Amor genuíno acrescentado de carinho, respeito e cumplicidade, separado pela distância de um beijo do verdadeiro amor. Muitos amores eternos nascem de uma verdadeira amizade e muitos amores finitos acabam numa falsa amizade. Amizade feminina se não genuína, não é amizade, é vaidade. Amizade feminina e masculina, se não genuína, é atração. Amizade masculina, se não genuína é interesse. Amizade com gays se não genuína, é curiosidade e amizade por amizade, é carência.”

terça-feira, 4 de maio de 2010

Tempos Modernos


Título meio blasé, mas o foco não será falar sobre conectividades, relacionamentos que começam via msn, negociações que se fecham por email, vidas que se acompanham e se conectam pelo facebook, manifestos e guerras pelo twitter, ou relacionamentos que acabam via torpedo.

Os tempos modernos estão indo além de um novo modelo de vida, já estão modificando os valores. De repente ao invés de tempos modernos, poderia dizer; valores modernos.

Hoje em dia ficar no mesmo emprego, relacionamento, vida – significa estagnar. As mudanças evoluem o homem e nos dão a possibilidade de viver várias vidas em uma só – a nossa. Outro dia escutei uma estória que me fez pensar em toda essa modernidade: uma mulher ainda jovem, já com um filho do primeiro casamento, queria ter outro filho, mas com seu amigo gay. A princípio não entendi o porquê dela querer um filho com o seu melhor amigo – gay. Afinal, ela era uma mulher bonita, ativa e facilmente se casaria novamente. Muito naturalmente me foi explicado. O problema não era achar um homem, ou marido, mas sim um verdadeiro pai para a criança. Um melhor amigo gay, não construirá família e será sempre seu melhor amigo – cúmplice, companheiro e presente. Será o pai desse filho para uma vida inteira. Quando um companheiro, muitas vezes só é Pai enquanto existe a relação.

Essa nova forma de pensar, me fez rever alguns conceitos; como por exemplo, a explicação do crescimento exponencial de gays, não pela ótica do amor livre, ou conceito que os seres humanos amam os seres humanos, independente do sexo. Mas, sim pela ótica de que apesar do mundo estar cada vez mais conectado, ainda sim, existe uma enorme carência das pessoas - de comunicação e sintonia mental. Mesmo sabendo que os Homens são de Marte e as Mulheres são de Vênus; e que tanto homem, como mulher, são todos iguais. Nos desgastamos nas relações querendo transformar um triângulo em um quadrado e um quadrado em um triângulo. Talvez por tanto desgaste, ou tendência natural dessa modernidade curiosa, o quadrado acaba se entendendo melhor com um quadrado e o triângulo melhor com um triângulo. E, o que por “valores normais” parecia não se encaixar, passa a descer redondo.

Doido ou não, os valores modernos chegaram até nos conceitos de proibido e permitido. Um grupo fumava maconha dentro de um apartamento pequeno, sem qualquer cerimônia e constrangimento. Até que um do grupo se levantou e perguntou ao dono da casa – se podia fumar um cigarro na varanda. Confesso que uma estória como essa me deixa perdida; o cara fuma maconha dentro da casa e vai ter constrangimento em fumar cigarro na varanda? Paradoxal, não? Não... porque, a maconha era de uso comum. Já o cigarro poderia incomodar as outras pessoas. Logo, nada mais educado perguntar se é permitido - não é?

Mesmo sendo uma jovem trintona descolada, esses tempos ou valores modernos , me deixam um pouco, ou diria um tanto confusa. Como aquelas pulseirinhas coloridas que as crianças e jovens estão usando para mostrar ao mundo suas adesões e preferências sexuais? Hello! Sou da época da inocente brincadeira de pêra, uva, maçã e salada mista. Isso é modernidade, ou falta de orientação?

Apesar de muitas vezes dizer “que o mundo está perdido!”, começo a entender que o mundo não está perdido, mas sim diferente. O problema não são as mudanças, mas o mal uso delas. Toda evolução gera um legado positivo e negativo. Destruímos para depois consertar. Por isso, sejamos atentos para não nos perdemos nessa destruição de valores em tempos modernos.