Adoro nosso sumiço velado e sua ausência disponível.
- Oi!
- Quanto tempo!
- Tá aonde?
- Topa um chope? Te encontro em 30 minutos.
Sua ausência disponível sempre vem ao encontro de minha vontade por você. As coisas seguem, crianças nascem e nós seguimos parados nos perdendo nesse hiato de 30 minutos - para lá e para cá.
Em 30 minutos você chega, por um infinito intenso e atemporal tempo fica e após 30 minutos que minha porta bate, você some em seu silêncio educado, ou não tanto.
- Oi!
- Quanto tempo!
- Tá aonde?
- Topa um vinho? Chego em 30 minutos.
Em 30 minutos você chega, sua playlist toca, bebemos todas as garrafas de vinho fumando charuto. E nessa mistura, nos perdemos saudavelmente intensos.
Nosso hiato juntos é repetidamente bom, unicamente muito bom. Seguimos parados, mas sempre evoluindo. Nossos papos gargalham saudosamente com nossas novidades. E cada detalhe de onça é reconhecido e lembrado por você. Não somos nada um do outro, mas temos nossos apelidos, manias, sutilezas, e detalhes característicos que só quem se conhece muito bem sabe. Não temos nada, mas só quem tem muito um ao outro sabe esse tanto, não de nos dois, mas sobre cada um de nós.
Nos entendemos no olhar, na cama, mas risadas, na intimidade mais fria e acolhedora descoberta. Nos entendemos até no silêncio e nos chamados. Nunca deixamos de nos atender nos chamados, mas sempre nos afastamos sem falar nada.
Somos o Mestre dos Magos de nossa Caverna do Dragão e seguimos presos nela, porque deliciosamente queremos ficar, mesmo querendo sair.
- Oi!