Quase não escrevi este texto, quase não consegui
dormir esta noite, quase não fui malhar, quase me comprometi, quase amei, quase
fui amada...
Estamos rodeados pela síndrome do quase. Quase para tudo.
O quase é aquele espaço indeciso que cisma ficar em cima do muro de lá
para cá, com o anjinho e diabinho fazendo a gente fazer contas de se vai ou
não. Às vezes precisamos só de um empurrãozinho para ir, ou só de uma justificativa
para ficar.
Às vezes não sabemos também porque quase conseguimos algo, porque quase vencemos, porque quase fomos escolhidos, porque quase amamos. Parece que falta alguma coisa, que não sabemos o quê para o quase se tornar em conseguir, vencer, escolher, amar.
A síndrome do quase para uns vem no estilo maldição, devido suas repetições repetidas de origem desconhecida. Nos sentimos alvos de algo quase inexplicável – que no fundo tem uma explicação, mesmo que inconsciente. Olha o quase novamente.
O quase pode ser preguiçoso, a falta de um sal, um medo, uma insegurança ou apenas uma não vontade que deveria ser vontade, mas não é. Ele é uma inércia inquieta cheia de dilemas, ou expectativas ansiosas.
Não podemos lutar contra o quase, ele é meio Mestre dos Magos, aparece e some. Um ioiô que vai e volta. Podemos lutar a favor do que nos move e com o que nos impede, isso sim o transforma.
Porém um quase não transformado nunca vai ser um: Era para ser. E se não foi, foi só um triste quase - que depois a gente descobre porquê. Preferimos olhar para o que não foi do que para o que pode vir.
E o que pode vir, pode vir de lá ou de cá, sem você esperar e quase
passar despercebido, porque você está percebendo só o que não foi ou porque está
plugado em algum aplicativo qualquer.