quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Vou nadar e morrer na beira da praia


Vi uma frase outro dia no facebook que me fez parar para pensar:

“Em um mundo de pessoas rasas, mergulhar de cabeça é perigoso”.

Ao contrário do que parece, esta frase é extremamente profunda, e atual. Não sei de quem é, não sei a origem, mas sei que não é de nenhum sábio poderoso como Saramago, Einstein – ou até do espirituoso Jabor.

Então é isso? Essa profundidade toda advinda de uma frase do facebook? Sim. E quem hoje deixa de se transbordar nas redes sociais, mesmo que de forma superficial? Quem, quem? Poste a primeira mão quem discorda!

Já que estamos falando das redes; participamos inteiramente da vida de inúmeras pessoas virtualmente, mas quando as encontramos na rua questionamos se cumprimentamos ou não. Sabemos superficialmente sobre tudo da vida dela, mas sem saber ao certo quem ela é– seja por tempo, interesse ou porque simplesmente não deveria saber mesmo, afinal o que ela é sua? Alguém que você conheceu na prova do Detran em 1900 e bolinhas e que você nunca mais vai ver, ou faz questão de?

Exatamente isso, tempo e interesse – é o que difere qualquer relação. Hoje as reportagens são mais curtas, os livros, os filmes, os encontros, as reuniões, as ligações, os cursos, os cabelos, as saias, até Roberto Carlos esta lançando compactos! As histórias então, coitadinhas! Como já disse; os primeiros encontros estão mais para encontros de despedidas - “Next!”, do que: “Ok! Quero te conhecer melhor”. Afinal, conhecer gente nova todo dia, a todo o tempo é muito mais divertido, rápido e prático que descobrir aos poucos.

A quantidade de oferta por ai a todo lugar, mídias e conexões faz com que não tenhamos tempo, interesse ou saco mesmo para conhecer as coisas e as pessoas em profundidade. É muita informação, opção, tentação. Por isso se jogar de cabeça pode ser muito, muito perigoso. Esta fora de moda, de ritmo, do senso comum. E é claro, não há mais espaço, ou melhor, profundidade para isso.

Fácil, rápido e dinâmico, são palavras que não combinam com paciência, deixar dilatar, saborear aos poucos. Quantas relações se têm hoje em dia virtualmente que na pratica não existem? Quantos profissionais fracos, pais ausentes, relações por conveniência? 

Se aprofundar dá trabalho, requer: abrir-se, deixar-se, envolver-se... por isso, perigoso. Os laços, o envolvimento é compromisso e compromisso é sempre complicado. Tudo que a gente se envolve emocionalmente sai um pouco da razão e da praticidade comum. Mas, como andamos nivelando as coisas por baixo, esse esforço (que antigamente era nada mais do que algo natural) não vale mais a pena. O que nos faz ver que nós também não valemos aos olhos do mundo.

E assim seguimos boiando, ou afogados na solidão dessa superficialidade toda.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Chegadas e Partidas


Às vezes não conseguimos perceber o exato papel de algumas pessoas em nossas vidas. Ficamos míopes com a forma e/ou objetivos que estamos buscando, deixando de lado o real motivo de elas estarem lá.

João, um cara eloquente e curioso, conheceu Maria, tímida e doce, e logo se apaixonou por ela. Só que Maria, apesar de gostar de João, não se apaixonaria por ele, pois em seu momento de vida, não conseguiria se apaixonar por ninguém – por mais que quisesse.

O pseudo romance seguiu, para a felicidade de João e um dia, Maria o convidou para irem a um Pub, que João não conhecia, com sua prima Margarida e o namorado. João – o apaixonado – adorou a ideia e lá eles foram. Margarida muito simpática e extrovertida, logo se entrosou com João - estava muito satisfeita com a escolha de sua prima, Maria. Uma hora estava Claudio Eduardo – o namorado de Margarida e João no bar, quando Claudio Eduardo encontrou um conhecido, que por coincidência também trabalhava no mercado financeiro como João. Não era surpresa o papo fluir, troca de cartões e combinações futuras.

A noite foi muito agradável para todos naquela sexta feira comum... será?

Ao contrário do que João achava, Maria lhe deu um passa-fora, logo na saída do Pub, destruindo seu coraçãozinho em pedaços. João ficou sem entender e na fossa, achando desnecessário tudo aquilo que havia acontecido. Mas, o que João não conseguia enxergar naquele momento era o real papel de Maria em sua vida.

Alguns anos depois João fez uma sociedade com o amigo de Claudio Eduardo – aquele que ele conheceu no Pub – na incoerente sexta-feira. E na mesma época da abertura da empresa João reencontrou Margarida no mercado do bairro – ela havia se mudado para lá e estava solteira. Além das compras, eles se casaram e tiveram um casal de gêmeos – para a alegria da mãe de João.

Foi só aí que João entendeu o papel de Maria em sua vida e que o ditado de que Deus escreve certo por linhas tortas era uma verdade. Apenas com Maria poderia ter ido a aquele Pub que mudaria sua vida. Mas, João estava tão míope no seu fascínio por viver uma história com ela, que não conseguiria enxergar nada além da pseudo fracassada história - por mais que Deus estivesse pulando nas tamancas lá no céu tentando explicitar de que ele estava sim atendendo a seus pedidos, João.

Por isso, ao invés de se prender aos fatos que não tem explicação, foque nos desdobramentos de tal situação.

E a Maria?

Sei lá... Foda-se a Maria!

domingo, 4 de novembro de 2012

O compasso do descompasso.


O que mais me encanta nas pessoas é que cada uma pode te agregar de uma forma singular. Desde o mais inteligente, bem sucedido a pessoa mais simples e sem instrução. Quem tem a capacidade de saber olhar as diversidades tem a capacidade de se agregar com as diferenças e evoluir.

Por isso, não sei se é por mania, curiosidade, ou interesse mesmo, que conversar com as mais diferentes pessoas me encanta e diverte tanto. Até porque, a coisa que o ser humano mais gosta de fazer depois de falar mal do outro, é falar de si, de si e de si. Tem papos, que é uma competição de “eus” - que eu sei bem!

Piadinhas à parte. Em conversa com uma especialista internacional em gestão de pessoas e liderança, ela além de me fazer ouvir, ok, até então não havia pensado em falar, afinal estava tão interessada no que ela havia a dizer – que eu, era a parte menos relevante ali.

Tem horas que temos que deixar nossos umbigos em casa e não será por isso que seremos menos importantes ou especiais – se de fato assim você se sentir.

O tema em questão era: aquilo que você pensa, fala e seu corpo diz. A comunicação, a troca, é o conjunto desses três elementos. Aquilo que você entende, pensa, fala e interage. A gente às vezes esquece, mas nosso corpo é o mais tagarela de todos! Muito mais que nossas delicadas, ou afiadas boquinhas. Os enganados somos nós quando achamos que enganamos o receptor nessa falta de equilibro entre mente, corpo e fala.

Pensamos uma coisa, falamos outra e nosso corpo se comporta como acha. Não adianta eu estar incomodada com alguma coisa, falar que estou relax e deixar o corpo todo duro, travado. Por mais que eu queira disfarçar, te, ou me enganar, corpo e mente falam mais que as palavras. Como também, não adianta eu dizer que eu estou te ouvindo, se jogo meu corpo para frente e fico em posição de alerta - automaticamente estou blindando minha mente a receber você e suas informações.

O equilibro entre esses três elementos é que faz com que estejamos preparados para alcançar ou atrair aquilo que queremos ou buscamos. Não há como você ter paz, com uma mente em conflitos e um corpo inquieto, por mais que eu fale. É preciso acalmar o corpo e esvaziar a mente para deixar que a paz entre, te fazendo realmente estar em paz. Quando isso acontece essa situação aparentemente alcançada vira um estado normal seu.

Na verdade tudo será sempre um exercício. E para fazer de sua vida um belo concerto, faxine a sua mente, elimine a gagueira e coloque esse corpinho enferrujado para dançar o mesmo ritmo.