Neste fim de ano estamos enfrentando a recessão no mercado internacional e nacional. Falando do mercado de trabalho, temos ambientes cada vez mais dinâmicos, competitivos e planos de carreiras cada vez mais questionáveis.
Falam de escassez de profissionais, do crescimento da taxa de desemprego, crise e super qualificação. Mercados com grande oferta de profissionais, outros com pouca. Uns pagam altos salários, outros baixos.
O ponto disso tudo não é o mercado, nem o dinamismo dele, mas nós sobreviventes ou passantes por ele, que estamos achatados no meio dessa enorme pirâmide corporativa num “estado gerúndio”, feliz ou não.
E o que seria esse “estado gerúndio”?
O “estado gerúndio” é o profissional, que como eu e você, esta dentro desse sistema porque precisa estar trabalhando, produzindo, realizando, mesmo sem ter a certeza do motivo pelo qual se esta ali. Mas, só pelo motivo de estar na empresa tal, no escritório tal, ter feito a faculdade tal, ou mestrado tal, já vale estar aqui, ali, em são Paulo, ou Londres.
Só sei que os frutos desse mercado dinâmico para nós gerúndios da pirâmide, que muitas vezes deixamos nossa vida profissional e sustentabilidade financeira remar na maré de oportunidade em oportunidade, aguardando maiores descobertas territoriais, para quem sabe chegar um dia no topo dela; podemos nos surpreender e naufragar no caminho devido a barquinhos mais novos, rápidos, inteligentes e baratos.
A pergunta que fica é... erro do sistema, do corporativo, do mundo dinâmico ou do nosso “plano de carreira financeiro-pessoal”?
Carreira, conhecimento alocado, acumulado, cargo, salário, status ou barraquinha de pipoca?
Vamos comparar o “Profissional” com o cara da “barraquinha de pipoca”. O primeiro começa assistente, que vira analista, que vira coordenador, que vira gerente, que quem sabe vira diretor - e não necessariamente ganhando bem, o suficiente para comprar e manter um apartamento, carro, mulher, dois filhos, viajar – tudo isso, em mais de uma década de investimento em salários meritocráticos sofridos, noites e noites viradas e participação nos lucros onde o único objetivo é enriquecer o bolso dos acionistas e não o dele.
Já o pipoqueiro tem a sua barraquinha que fatura X por semana, no fim de um ano, ele sabe se pode comprar outra barraquinha, fazer um financiamento da casa ao mesmo tempo que paga a escola dos filhos. Planejadamente, ele cresce um pouquinho sem grandes ambições, tem a vidinha dele, a casa, criou dois filhos, investiu num taxi e terá um futuro feliz e sustentável sem lapidar patrimônio nenhum, sem depender do corporativismo e sem ter conhecimento estocado acumulado alocado desperdiçado.
Nessas horas é que eu me pergunto quem é mais inteligente e feliz nesse mundo capitalista, moderno, dinâmico e volúvel... eu, você ou o pipoqueiro?